quinta-feira, 14 de agosto de 2014

Abraço simbólico no Palácio Arquiepiscopal apoia obra de restauração do espaço

Cultura

O Palácio Arquiepiscopal foi construído através de uma Carta Régia que autorizou a construção para ser uma residência para os arcebispos no Terreiro de Jesus, em 1705. As obras foram concluídas em 1715, ano em que o prédio foi inaugurado.

Tamirys Machado -TB
Foto: Reginaldo Ipê
Estudantes, representantes da ABI (Associação Bahiana de Imprensa) e do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia promoveram um “abraçaço” ao redor do Palácio Arquiepiscopal, localizado na Praça da Sé, centro histórico da cidade. O abraço simbólico teve o objetivo de apoiar a obra de restauração do espaço, que vive em um processo de arruinamento, e chamar a atenção dos órgãos públicos e da sociedade sobre a importância do monumento para a história do estado.
O Palácio Arquiepiscopal foi construído através de uma Carta Régia que autorizou a construção para ser uma residência para os arcebispos no Terreiro de Jesus, em 1705. As obras foram concluídas em 1715, ano em que o prédio foi inaugurado. Desde 1928 o prédio foi tombado pelo IPHAN, (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) e integra um dos pontos mais bem visitados da capital. O monumento faz parte da arquitetura religiosa do país, fundado no século XVIII e completa 300 anos em 2015.
Fechado há aproximadamente 10 anos, O IPHAN, responsável pelo local, está com o projeto de restauração do prédio em andamento. Conforme a Arquidiocese, que é a proprietária, houve diversas tentativas de buscar a revitalização do prédio, mas sempre encontrou dificuldades na obtenção dos recursos. O Arcebispo da Igreja Católica Dom Murilo Krieger, informou que a metade da recuperação será feita através do BNDES e a outra parte será obtida com recursos privados.
Idealizadora do ato simbólico, a administradora, Alba Pinto de Aguiar, neta do professor Pinto de Aguiar, contou sobre como surgiu a ideia do “abraçaço”. “Sou uma frequentadora do Instituto Geográfico e Histórico e fiquei sabendo que o órgão, juntamente com a ABI, estava discutindo e debatendo a necessidade de uma reforma nesse prédio, que foi sede da primeira igreja do Brasil. A partir daí surgiu a ideia de fazer um abraço simbólico para chamar a atenção da sociedade de que deve ser restaurado logo”, ressaltou. 

Reforma
O Presidente da Associação Baiana de Imprensa, Walter Pinheiro, explicou como ficaria o Palácio após a reforma. “Com a reforma esse patrimônio passaria a ter uma área de museu, de exposição, auditório para debates e uma sala para questões administrativas da própria Arquidiocese. E evidentemente é uma recuperação do patrimônio histórico, um dos mais importantes que temos que se encontra na Praça da Sé, a vista de todos, e valoriza demais Salvador”, afirmou o presidente. “O movimento de hoje foi ideia de Alba Pinto de Aguiar, justamente para gerar um fato público, contribuir para que o IPHAN dê continuidade no processo e a verba apareça. A ABI tem lutado para que isso aconteça. O objetivo é tornar o Palácio útil para a comunidade”, disse.
Walter Pinheiro pontuou ainda que essa situação prejudica a imagem da Bahia. “É péssimo para a imagem do nosso estado, pois todos os turistas passam por aqui, inclusive ele tem um Brasão que veio da Europa. É um prédio bonito, bem localizado e só faz valorizar o espaço público”, concluiu.
Estudantes do Centro Educacional Piaget, de Dias D’Ávila participaram do ato simbólico e comentaram sobre a importância da ação. “Hoje tivemos uma aula prática e foi importante porque conhecemos a história da nossa capital em um período colonial. Essa iniciativa do abraço simbólico é muito boa, pois temos que preservar um bem histórico como este, a nossa cultura e nossas raízes”, disse o estudante Leôncio Pimenta.
A professora de história do Piaget, Jamile Gomes, pontuou a importância de abraçar essa causa. “Quando soube do movimento levei isso para os nossos alunos. É importante porque a aula de campo possibilita o contato direto com as fontes históricas e desperta a credulidade dos estudantes”, colocou a pedagoga.
O comerciante Mestre Gajé, que vende Berimbau e peças tradicionais da Bahia, comemorou a iniciativa. “É importante que recuperem esse espaço, porque os turistas vêm aqui e perguntam o porquê de estar fechado. As pessoas querem conhecer o lugar que faz parte da nossa história”, afirmou. A presidente do Instituto Geográfico e Histórico da Bahia, Consuelo Pondé, mostrou indignação sobre o abandono do espaço. “É a bandeira do Instituto e da ABI e, estamos empolgados com a recuperação desse prédio que é o único no Brasil, no gênero. Não é possível que agente cruze os braços e veja esse prédio se deteriorar. Isso é um abandono, descaso, desinteresse, infelizmente a marca da Bahia”, disse.

Risco
O doutor em Ciência da Restauração e professor do Programa de Arquitetura e Urbanismo da UFBA, Mário Mendonça, alertou para o risco de desabamento do espaço. “Já houve diversos desabamentos nessa encosta, pois pilares frágeis e fundações deterioradas podem descer e desabar, como já aconteceu em outros lugares. A parede não é firme, não é rocha, dilui e o imóvel corre o risco de desabar”, explicou.
O Diretor de Cultura da ABI, Luiz Tavares ressaltou a importância de preservar o patrimônio. “É necessário que essa obra se inicie logo porque os pilares posteriores estão enfraquecidos e o movimento da terra na encosta pode resultar em um acidente de proporções inimagináveis e um prejuízo para a cultura mundial, pois isso aqui é patrimônio do mundo. Defender isso é defender um bem que pertence a humanidade”, enfatizou.
Fonte - Tribuna da Bahia  14/08/2014

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