sexta-feira, 5 de setembro de 2014

A falta de rampas dificulta acessibilidade em Salvador

Acessibilidade/Salvador

A situação se agrava em bairros da periferia e no centro da cidade, conforme Giese Nascimento, analista técnico do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea-BA).

Priscila Machado - A Tarde
Fernando Amorim | Ag. A TARDE
Em ruas onde existem faixas de pedestre, as rampas de acessibilidade são obrigatórias, de acordo com a Norma Brasileira (NBR) 9.050, da Associação Brasileira de Normas Técnicas. Em Salvador, entretanto, esta regra é desrespeitada.
Das 20 faixas vistas pela equipe de A TARDE, apenas cinco tinham rampas de acesso. A situação se agrava em bairros da periferia e no centro da cidade, conforme Giese Nascimento, analista técnico do Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia da Bahia (Crea-BA).
O Comércio, no centro da cidade, foi o bairro visitado pela reportagem que concentrava o maior número de faixas sem rampas de acesso (seis das oito vistas).
No Caminho das Árvores, a ausência desse equipamento é menos frequente (das seis vistas, apenas duas não contavam com rampa).

Telma pede ajuda para subir no passeio na rua Milton Cayres de Brito, no Caminho das Árvores

Também engenheiro e arquiteto, Giese lembra que o texto da Norma Brasileira de Acessibilidade diz que todo o percurso deve ser contínuo e desimpedido, para que as pessoas possam circular com conforto e segurança.
"No entanto, o que vemos são passeios estreitos, esburacados, com piso inadequado e bloqueado por ambulantes, árvores e postes", diz.
Para ele, Salvador é uma cidade inacessível. "A iniciativa da prefeitura, de reformar os passeios, é louvável, mas tardia", acrescenta.
Conforme Fábio Mota, titular da Secretaria de Urbanismo e Transporte (Semut), as rampas também devem ser construídas pelos proprietários dos passeios. "Assim como o piso tátil, o proprietário deve acrescentar a inclinação no projeto", afirma.
Apenas em calçadas públicas é obrigação da prefeitura implantá-las, de acordo com o secretário.
Proprietários notificados pela Superintendência de Controle e Ordenamento do Uso do Solo do Município (Sucom) dizem desconhecer a obrigatoriedade da rampa.
"O documento que recebi pede apenas para implantar o piso tátil. Não diz nada a respeito de inclinação", diz um proprietário, que preferiu não se identificar.

Sacrifício
A cadeirante Telma de Jesus, 29, sabe bem o que é lidar com a ausência de rampas e faixas de pedestre na cidade.
Moradora de Camaçari, ela trabalha como assistente administrativa em um edifício da avenida Tancredo Neves e todos os dias vai ao trabalho sozinha em uma cadeira de rodas motorizada.
Ao atravessar a rua professor Milton Cayres de Brito, Caminho das Árvores, ela precisa da ajuda de mototaxistas ou ambulantes para subir no passeio, porque uma das rampas está quebrada. Além disso, atravessar a rua é muito difícil, porque a faixa de pedestre que existia no local está apagada.
"É uma luta diária, mas não quero ficar desempregada, porque fico ansiosa em casa", diz. Telma conta que perdeu o movimento das pernas aos 11 anos, após uma queda.
Fonte - A Tarde  05/09/2014

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito