Apesar da aparente disposição da população em mudar hábitos, os brasileiros enfrentam dificuldades com o transporte público, principalmente nas metrópoles. Segundo Clarice Linke, diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), ONG com sede em Nova York, os habitantes das grandes cidades do país sofrem com serviços precários.
Mariana Branco
Repórter da Agência Brasil
foto - ilustração/arquivo |
Os resultados preliminares foram apresentados hoje (6) pelo coordenador de Transporte da entidade, Walter Figueiredo de Simoni, durante o Encontro Internacional sobre Descarbonização do Transporte. A versão completa da pesquisa será divulgada nos próximos dias, informou a ONG.
Segundo a pesquisa, 74% dos entrevistados reconhecem que os combustíveis fósseis têm impacto negativo na qualidade do ar. Um total de 63% reconhecem o impacto negativo na qualidade da água e 69% entendem que a queima desse tipo de combustível contribui para as mudanças climáticas.
De acordo com a pesquisa, 86% das pessoas disseram que votariam em um candidato que propusesse a recuperação de calçadas e praças, facilitando, assim, a locomoção a pé pela cidade. E um total de 85% escolheriam um candidato que propusesse a renovação da frota de ônibus e 84% dariam seu voto a quem propusesse a recuperação de ciclovias e ciclofaixas.
Dificuldades
Apesar da aparente disposição da população em mudar hábitos, os brasileiros enfrentam dificuldades com o transporte público, principalmente nas metrópoles. Segundo Clarice Linke, diretora-executiva do Instituto de Políticas de Transporte e Desenvolvimento (ITDP), ONG com sede em Nova York, os habitantes das grandes cidades do país sofrem com serviços precários.
De acordo com dados apresentados por Clarice Linke, a rede de transportes cobre apenas 19% da população de São Paulo e 30% da população do Rio de Janeiro. “A gente tem uma estrutura deficitária difícil de servir à população. Analisando por renda a situação é mais séria ainda. Um transporte público que teve investimento do Banco Mundial nos últimos anos, que foi o do Rio de Janeiro, está em situação precária”, comentou, durante debate sobre alternativas para despoluir o transporte no Brasil.
Segundo a diretora, na média das regiões metropolitanas do país 73% da população está insatisfeita ou muito insatisfeita com o transporte. “A população está em grande parte se endividando e migrando, cada vez mais, para o transporte individual motorizado”, destacou.
Mobilidade urbana
De acordo com Martha Martorelli, gerente de Planejamento da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades, a Política Nacional de Mobilidade Urbana do Brasil, lançada em 2012, prevê que o país priorize o transporte público e os pedestres. Ela reconhece, entretanto, que tem havido dificuldades para colocar esses objetivos em prática.
“A dificuldade de implementação, hoje, é o maior entrave. Trabalhar com a política nacional implementada é o grande objetivo que nós temos para a descarbonização. Só a transferência de modal no nosso país já fará grande diferença na questão climática das cidades”, disse.
De acordo com Martha, o braço de mobilidade urbana do Avançar, programa do governo federal que prevê recursos para projetos de habitação, infraestrutura e energia, trouxe alguns pontos favoráveis na questão da priorização de formas alternativas de transporte. “Os projetos de calçadas, ciclovias, só vinham vinculados a outros projetos. Hoje o município pode entrar com projetos apenas de calçadas, calçadões, ciclovias”, exemplificou. Ela disse ainda que municípios pequenos são contemplados no programa e que foi desenvolvida uma metodologia simplificada para eles.
Fonte - Agência Brasil 06/12/2017
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