sexta-feira, 8 de agosto de 2014

Rússia dribla sanções dos EUA e Europa com aumento de compras no Brasil

Internacional

O ministro Nikolai Fyodorov disse que importações da Rússia significam uma revolução no campo para o Brasil - O governo russo também anunciou que vai proibir a importação de frutas, vegetais, carnes, peixes e laticínios dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega.

Da Redação - CB
Agências internacionais de Moscou

Ministro da Agricultura da Rússia, Nikolai Fyodorov disse, nesta quinta-feira, que seu país tem maneiras de compensar a proibição de importação de alimentos e produtos agrícolas da União Europeia e dos EUA, imposta pelas sanções contra o país após a anexação da Crimeia, com um maior fornecimento de carne do Brasil e queijos da Nova Zelândia. A Rússia também discute a proibição de importação com Cazaquistão e Belarus, disse o ministro em entrevista coletiva, nesta manhã. O governo russo também anunciou que vai proibir a importação de frutas, vegetais, carnes, peixes e laticínios dos Estados Unidos, União Europeia, Austrália, Canadá e Noruega.
O secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Seneri Paludo da Rússia também disse à agência de notícias russa Interfax, no início desta tarde, que a situação pode representar uma “revolução” para a indústria brasileira, comparável à que a China provocou nas exportações de soja do Brasil na última década. Na véspera, o governo russo anunciou a suspensão da importação de matérias-primas de países que decidiram sancionar o país por causa do conflito no leste da Ucrânia. Adotada para “proteger os interesses nacionais”, a medida vale por um ano.
Ainda na quarta-feira, o serviço sanitário russo ampliou de 30 para cerca de 90 o número de frigoríficos brasileiros autorizados a exportar carne bovina, suína e de frango ao país. Isso mostra a intenção do governo de substituir as importações dos países com os quais está em crise pelas brasileiras.
O Brasil também poderá aumentar as suas exportações das atuais 60 mil toneladas de frango para 210 mil em um ano, ao ocupar parte do espaço deixado pelos EUA. Ainda poderia abocanhar também parte das exportações da UE, estimadas em 40 mil toneladas.
Caso o Brasil consiga vender esse volume adicional de 150 mil toneladas, acrescentaria US$ 300 milhões de receitas à balança comercial.
Em Paris, há dois meses, o representante russo da Defesa Agropecuária, Dankert Sergey, já havia dito ao ministro da Agricultura, Neri Geller, que seu país teria uma necessidade urgente de carnes e que daria um tratamento especial ao Brasil. No caso da carne suína, os produtores poderão não responder imediatamente ao apetite russo porque demanda e produção estão ajustadas internamente.
Para a carne bovina, que tem a Rússia entre os principais importadores, a boa notícia é a abertura do mercado de miúdos. A necessidade russa poderá, aliás, provocar um aumento de preços, roubando o espaço de mercados que pagam menos, inclusive o consumidor brasileiro.
Fonte - Correio do Brasil  07/08/2014

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