Com a confirmação de sediar a Olimpíada Internacional de Matemática (IMO) em 2017 e o Congresso Internacional de Matemáticos (ICM) em 2018, o Brasil já é considerado um centro de excelência na pesquisa matemática mundial.
Akemi Nitahara
Repórter da Agência Brasil
Para o diretor-geral do Instituto Nacional de Matemática Pura e Aplicada (Impa), César Camacho, a escolha do país para sediar esses eventos, assim como a medalha Fields concedida a Artur Ávila este mês, no ICM em Seul, são um reconhecimento da importância que o Brasil alcançou como produtor de matemática.
“Esse prêmio é coerente com a maturidade que adquiriu a matemática brasileira, em particular aqui no Impa. Junto com o Artur Ávila estavam participando (no ICM em Seul) como conferencistas convidados quatro matemáticos brasileiros, os quatro do Impa. Um convite para fazer uma palestra num congresso desses é uma distinção muito grande e nunca aconteceu antes, é a primeira vez. É uma distinção também que dá uma ideia do desempenho que a instituição tem alcançado.”
De acordo com Camacho, na classificação da União Matemática Internacional (IMU), o Brasil é considerado nota 4, numa escala que vai até 5 e analisa o número de pesquisadores e as contribuições do país para a ciência. Na América Latina, o Brasil é o mais bem colocado – os demais países recebem, no máximo, nota 2. Países como os Estados Unidos, a Alemanha, a Inglaterra e a França têm nota 5.
Outro projeto que está sendo desenvolvido pelo Impa, a pedido do Serviço Social da Indústria (Sesi), é o Museu da Matemática, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, com previsão de ser inaugurado em 2016. O espaço contará com uma exposição permanente e um local para exposições temporárias.
“O papel do Impa tem sido convidar matemáticos do Brasil inteiro que tenham uma afinidade com esse tipo de questão, que trabalhem objetos que possam ser expostos. Essa exposição tem que ser algo que se aproxime do cidadão, do estudante, da dona de casa, uma coisa interessante, imediata, e que as aplicações [da matemática] fiquem evidentes. Isso não é qualquer matemático que faz”, destaca Camacho.
Instituição com 62 anos, o Impa se dedica à pesquisa da matemática no seu nível mais elevado e à formação de pesquisadores, com os programas de pós-graduação. O diretor explica que a matemática pode ser divida em duas grandes áreas: pura e aplicada. A primeira se dedica ao desenvolvimento da ciência matemática em si.
“Quando se fala em matemática pura, da profissão do matemático, ele não está preocupado com as aplicações da matemática. A matemática é um ser que tem uma vida própria, que vai se desenvolvendo com os processos lógicos, mentais, a partir da situação atual do que se conhece de matemática, obtendo novos resultados sobre a própria matemática. Hoje em dia ela evolui num grau de especialização extraordinária, são mais de 60 especialidades em matemática”.
Já a segunda se dedica a aplicar os conhecimentos matemáticos para a resolução de questões. Como exemplo, Camacho cita os estudos sobre as secções do cone iniciados pelos gregos 400 anos antes de Cristo, que só foram ter utilidade 2 mil anos depois. “No século 17, Keppler estudando o movimento planetário, descobre que o movimento dos planetas são elipses, então ele tinha à disposição toda a matemática grega para estudar o movimento dos planetas. No mesmo século de Keppler, Galileu descobre que o movimento que um projétil faz quando é disparado é uma parábola. Então toda a matemática já preparada se ajusta para isso”.
Ele cita também a questão do sigilo bancário, desenvolvido a partir dos números primos, a teoria de controle em matemática, que serve para desenhar programas de piloto automático nos aviões modernos, e a interpretação de fotografias de satélites, feita por análise matemática de computação gráfica, entre outros tantos exemplos. “Você pode se deparar no dia a dia com a matemática por todos os lados”, lembra o professor.
Além da pesquisa e pós-graduação, o Impa também participa da organização da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e oferece programas de capacitação de professores do ensino médio.
“A OBM é mais atinga, é para selecionar os estudantes que vão participar em competições internacionais. Essa atividade sempre foi muito elitista e extremamente seleta. Sem dúvida ela atende aos alunos melhor preparados e oferece um acesso mais rápido a um aprendizado em matemática, através do Impa. Agora, um acesso mais suave e atrativo para os alunos que não tem esse preparo mais avançado é oferecido pela Obmep, que tem uma participação muito ampla e já está trazendo ao Impa alunos de doutorado”.
O Impa conta atualmente com 50 pesquisadores, sendo 19 estrangeiros, e 153 alunos de mestrado e doutorado, 40% vindos de outros países. No pós-doutorado, são 60 jovens pesquisadores, 60 estrangeiros. Em média são formados por ano 14 doutores e 20 mestres. Desde a fundação do instituto, foram formados 744 mestres e 401 doutores.
Diretor-geral do IMPA, César Camacho Tânia Rêgo/Agência Brasil |
“Esse prêmio é coerente com a maturidade que adquiriu a matemática brasileira, em particular aqui no Impa. Junto com o Artur Ávila estavam participando (no ICM em Seul) como conferencistas convidados quatro matemáticos brasileiros, os quatro do Impa. Um convite para fazer uma palestra num congresso desses é uma distinção muito grande e nunca aconteceu antes, é a primeira vez. É uma distinção também que dá uma ideia do desempenho que a instituição tem alcançado.”
De acordo com Camacho, na classificação da União Matemática Internacional (IMU), o Brasil é considerado nota 4, numa escala que vai até 5 e analisa o número de pesquisadores e as contribuições do país para a ciência. Na América Latina, o Brasil é o mais bem colocado – os demais países recebem, no máximo, nota 2. Países como os Estados Unidos, a Alemanha, a Inglaterra e a França têm nota 5.
Outro projeto que está sendo desenvolvido pelo Impa, a pedido do Serviço Social da Indústria (Sesi), é o Museu da Matemática, na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio, com previsão de ser inaugurado em 2016. O espaço contará com uma exposição permanente e um local para exposições temporárias.
“O papel do Impa tem sido convidar matemáticos do Brasil inteiro que tenham uma afinidade com esse tipo de questão, que trabalhem objetos que possam ser expostos. Essa exposição tem que ser algo que se aproxime do cidadão, do estudante, da dona de casa, uma coisa interessante, imediata, e que as aplicações [da matemática] fiquem evidentes. Isso não é qualquer matemático que faz”, destaca Camacho.
IMPA: excelência em matemática Tânia Rêgo/Agência Brasil |
Instituição com 62 anos, o Impa se dedica à pesquisa da matemática no seu nível mais elevado e à formação de pesquisadores, com os programas de pós-graduação. O diretor explica que a matemática pode ser divida em duas grandes áreas: pura e aplicada. A primeira se dedica ao desenvolvimento da ciência matemática em si.
“Quando se fala em matemática pura, da profissão do matemático, ele não está preocupado com as aplicações da matemática. A matemática é um ser que tem uma vida própria, que vai se desenvolvendo com os processos lógicos, mentais, a partir da situação atual do que se conhece de matemática, obtendo novos resultados sobre a própria matemática. Hoje em dia ela evolui num grau de especialização extraordinária, são mais de 60 especialidades em matemática”.
Já a segunda se dedica a aplicar os conhecimentos matemáticos para a resolução de questões. Como exemplo, Camacho cita os estudos sobre as secções do cone iniciados pelos gregos 400 anos antes de Cristo, que só foram ter utilidade 2 mil anos depois. “No século 17, Keppler estudando o movimento planetário, descobre que o movimento dos planetas são elipses, então ele tinha à disposição toda a matemática grega para estudar o movimento dos planetas. No mesmo século de Keppler, Galileu descobre que o movimento que um projétil faz quando é disparado é uma parábola. Então toda a matemática já preparada se ajusta para isso”.
Ele cita também a questão do sigilo bancário, desenvolvido a partir dos números primos, a teoria de controle em matemática, que serve para desenhar programas de piloto automático nos aviões modernos, e a interpretação de fotografias de satélites, feita por análise matemática de computação gráfica, entre outros tantos exemplos. “Você pode se deparar no dia a dia com a matemática por todos os lados”, lembra o professor.
Além da pesquisa e pós-graduação, o Impa também participa da organização da Olimpíada Brasileira de Matemática das Escolas Públicas (Obmep), da Olimpíada Brasileira de Matemática (OBM) e oferece programas de capacitação de professores do ensino médio.
“A OBM é mais atinga, é para selecionar os estudantes que vão participar em competições internacionais. Essa atividade sempre foi muito elitista e extremamente seleta. Sem dúvida ela atende aos alunos melhor preparados e oferece um acesso mais rápido a um aprendizado em matemática, através do Impa. Agora, um acesso mais suave e atrativo para os alunos que não tem esse preparo mais avançado é oferecido pela Obmep, que tem uma participação muito ampla e já está trazendo ao Impa alunos de doutorado”.
O Impa conta atualmente com 50 pesquisadores, sendo 19 estrangeiros, e 153 alunos de mestrado e doutorado, 40% vindos de outros países. No pós-doutorado, são 60 jovens pesquisadores, 60 estrangeiros. Em média são formados por ano 14 doutores e 20 mestres. Desde a fundação do instituto, foram formados 744 mestres e 401 doutores.
Fonte - Agência Brasil 30/08/2014
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