A reabertura do terreiro é resultado de uma batalha do povo de santo da Bahia, por meio da ação denominada Projeto de Revitalização de Territórios Culturais de Matrizes Africanas.
Cleidiana Ramos
É grande a expectativa da comunidade para a reabertura do terreiro Margarida Neide | Ag. A TARDE |
A reabertura do terreiro é resultado de uma batalha do povo de santo da Bahia, por meio da ação denominada Projeto de Revitalização de Territórios Culturais de Matrizes Africanas.
Realizado pela Secretaria de Desenvolvimento Urbano da Bahia (Sedur) em parceria com a Associação Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (Acbantu), a ação já viabilizou a reforma de 24 terreiros, como o Patiti Oba. Faltam 28.
A festa de reabertura, marcada para acontecer em março ou abril do próximo ano, está sendo preparada com cuidado, pois há muito o que comemorar.
A reforma, por exemplo, incluiu a demolição para a reconstrução de algumas áreas do templo, que transborda riqueza histórica.
O Patiti Oba é um dos herdeiros da grande família Bamboxê Obitikô, uma das mais tradicionais no candomblé baiano.
"Foi uma grande luta, mas o vento, que é livre, passa como ele quer. Tudo também que é muito fácil não presta", avalia Justiniana Ferreira dos Santos, 81 anos.
Consagrada a Ogum, ela está responsável pelos ritos religiosos da casa até que a nova liderança seja oficialmente escolhida, e comandou a espera de dois anos pelo fim da reforma.
A última ialorixá do terreiro foi Nilza Dorótea de Sousa, irmã biológica de Justiniana Santos.
História
Como o terreiro ainda cumpre o luto, será preciso aguardar um pouco mais para a sua reabertura. O Patiti Oba foi fundado em 1907 por Manoel Bonfim que, inclusive, dá nome à ladeira do Engenho Velho da Federação, onde o terreiro está situado.
Manoel Bonfim foi consagrado a Xangô por Bamboxê Obitikô, título sagrado de Rodolfo Martins Andrade.
A trajetória de Bamboxê passa por terreiros como a Casa Branca e o Ilê Axé Opô Afonjá, além dos que são dirigidos por seus descendentes biológicos, como o Làjoumim e o Pilão de Prata, comandado pelo babalorixá Air José.
Ver essa história e memórias recuperadas tem enchido ebomi Justiniana de emoção. Ela conta que a festa de despedida dos ritos internos realizada há nove anos foi feita com o teto escorado por 84 estacas.
"E nada caiu. Os santos dançaram até a hora que quiseram", completa. A batalha de ebomi Justiniana tem sido amparada pelo ogã Aderbal Bispo dos Santos, que é filho de outra casa, mas dá todo o apoio às ações no templo, e Neide de Sousa, sobrinha da sacerdotisa.
Projeto
O presidente da Acbantu, Taata Konmannanjy, afirma que o projeto de reforma nasceu de um esforço do povo de terreiro combinado ao apoio do vereador Gilmar Santiago (PT-Ba) e do deputado federal Afonso Florence (PT-Ba), que dirigiu a Sedur.
"Temos que agradecer a esse esforço do governo estadual, inclusive do empenho do governador, que recebeu o projeto que era originalmente da prefeitura, mas que, por questões de endividamento acabou por não tocá-lo", diz.
A ação começou em 2009 e foi ampliada para integrar também terreiros de Cachoeira e Maragojipe.
Além da parceria com a Acbantu, para realizar outras etapas, a Sedur mantém convênio de apoio às intervenções com a Associação Brasileira de Preservação da Cultura Afro Ameríndia (Afa).
Fonte - A Tarde 30/06/2014
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