Alexandre da Silva
Valor Econômico
foto - ilustração |
No Brasil, dados da Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica (Abinee) indicam que a receita total do segmento de automação industrial em 2012 chegou a R$ 3,9 bilhões - um avanço de 5% sobre o faturamento do ano anterior (R$ 3,7 bilhões). As exportações avançaram 1% no mesmo período. Há, porém, um enorme espaço para a expansão do setor, uma vez que esse resultado, apesar de positivo, esteve abaixo do potencial e das necessidades de ampliação da capacidade produtiva do país. Para 2013, a entidade estima uma receita de R$ 4,3 bilhões - 12% acima do resultado de 2012.
Temos condições técnicas e tecnológicas para impulsionar o preenchimento dessa lacuna. Sistemas dotados de funções inteligentes atingiram um nível de qualidade tão avançado que hoje representam uma ferramenta de fundamental importância para grandes, médias e pequenas empresas. Eles permitem otimizar resultados por meio de um monitoramento detalhado e em tempo real das atividades operacionais. Algumas das vantagens obtidas com o uso desses sistemas incluem a antecipação de necessidades de manutenção, assim como a realização de operações em períodos mais curtos e com o uso reduzido de recursos energéticos.
Olhemos para um setor específico. Em meio aos leilões de lotes do pré-sal e à exploração de petróleo em águas ultraprofundas, a automação avançada deverá contribuir decisivamente para tornar o processo de extração mais eficiente. Pesquisas em andamento no Brasil buscam desenvolver um sistema de medição acurado e multifásico que, entre outras aplicações, possibilitará que cada etapa da retirada do petróleo tenha contabilizado todo o volume de água, gás e petróleo presente nos poços. A densidade elevada do petróleo extraído dos campos brasileiros dificulta muito essa medição e não permite prever com precisão o impacto operacional e logístico para toda a cadeia de distribuição. Com os novos sistemas, será possível aprimorar o monitoramento do processo de extração e mitigar os riscos de vazamento, evitando acidentes e possíveis desastres ambientais.
Ainda no mercado de petróleo e gás, tecnologias voltadas para o monitoramento de compressores e sistemas de bombeamento detectam desvios operacionais ainda em estágio inicial e antecipam o diagnóstico de possíveis problemas técnicos e mecânicos. Antever esse tipo de informação abre espaço para manutenções preditivas que custam menos tempo e dinheiro, e ajudam a manter a máquina em operação normal por mais tempo.
Economia e eficiência com a ajuda da automação avançada também podem ser obtidos na aviação comercial - sobretudo às vésperas da Copa do Mundo e dos Jogos Olímpicos, eventos catalisadores de um aumento esperado de 6,5% nas viagens aéreas no Brasil nos próximos dez anos, conforme previsão de mercado. Partindo da análise de dados provenientes das aeronaves da companhia Gol Linhas Aéreas, estima-se que somente no seu tráfego no aeroporto internacional de Brasília (DF), a economia potencial por aterrissagem chegue a 35 quilômetros, sete minutos e meio, 290 litros de combustível e 738 quilos de gás carbônico, em relação às rotas convencionais.
Em cinco anos, a manutenção dessa performance resultará em economias operacionais de mais de US$ 75 milhões. Outro projeto fortemente apoiado pela automação, baseado no conceito operacional ATM (air traffic management), visa aprimorar o fluxo do tráfego aéreo, combatendo um dos principais gargalos do setor.
A busca pela maior eficiência energética também atinge o setor de transportes. Locomotivas de carga já testaram sistemas que gerenciam a aceleração e a desaceleração. O objetivo é calcular um plano ideal de uso do combustível, considerando variáveis como dados topográficos, mapas, sinal de GPS, peso do comboio, formação do trem e comprimento. Isso evita desperdício de combustível e reduz a emissão de gases do efeito estufa, sem alterar o cronograma da operação.
A tecnologia, que já gerou economia acima de 95 milhões de litros de combustível em estradas de ferro nos Estados Unidos, Canadá e Austrália, passa neste momento por estudos que visam adaptá-la para a topografia local e para a composição dos vagões em solo brasileiro. A meta é gerar economia mínima de 3% no uso do combustível.
Sistemas de monitoramento e controle também podem conferir maior qualidade na distribuição de energia elétrica. Com a adoção de um conceito conhecido como micro grid (um componente do smart grid), a ideia é que casas e pontos comerciais passem a contar com uma estrutura própria de geração de energia, mudando drasticamente a maneira como o sistema é organizado hoje. O grande diferencial está na manutenção da continuidade do fornecimento. Casualidades provocadas por tempestades como, por exemplo, a queda de uma árvore ou um raio, afetariam somente o abastecimento da área atingida, sem afetar a subestação de transmissão e provocar o desligamento de centenas de residências.
Exemplos e boas práticas não deixam dúvidas sobre o grande potencial dos sistemas inteligentes para o desenvolvimento sustentável da indústria nacional. Mais que um grande catalisador para isto, a automação avançada gera benefícios tangíveis que ajudam a produzir grandes resultados de forma mais eficiente.
Fonte - Revista Ferroviária 21/01/2014
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