quinta-feira, 20 de fevereiro de 2020

O transporte como aliado do tempo

Mobilidade  🚌 🚄  🚇

Entre as 10 cidades do mundo com maior tempo de deslocamento, três são brasileiras. Rio de Janeiro, Recife e São Paulo fazem parte do ranking de maior tempo médio de deslocamento em uma direção única (de ou para casa/trabalho), segundo o levantamento do aplicativo de mobilidade Moovit. Os cariocas gastam 1h07 nos seus percursos; enquanto os paulistanos e os recifenses consomem 1h02 em seus trajetos. 

Roberta Marchesi*
foto - ilustração/arquivo
Metrô de Salvador/Linha/2
A necessidade de deslocamentos impacta diretamente na vida das pessoas e na sua qualidade de vida. Diariamente, milhões de brasileiros gastam horas nos percursos casa-trabalho. É um tempo desperdiçado e que poderia estar sendo aproveitado para outras atividades. Quanto mais tempo parado nos congestionamentos, menos tempo a pessoa terá para estar com a família, para dedicar-se ao lazer, aos estudos e às atividades que gosta.
Entre as 10 cidades do mundo com maior tempo de deslocamento, três são brasileiras. Rio de Janeiro, Recife e São Paulo fazem parte do ranking de maior tempo médio de deslocamento em uma direção única (de ou para casa/trabalho), segundo o levantamento do aplicativo de mobilidade Moovit. Os cariocas gastam 1h07 nos seus percursos; enquanto os paulistanos e os recifenses consomem 1h02 em seus trajetos. Considerando o tempo nos congestionamentos, anualmente, as pessoas passam quase um período de férias no trânsito. A valorização desse tempo passa pela adoção de medidas que proporcionem mais qualidade para a vida dos cidadãos e menor agressão ao meio ambiente.
A mobilidade é um direito constitucional e privar o cidadão do transporte eficiente é limitá-lo da sua liberdade de ir e vir. Não pensar no planejamento e desenvolvimento do transporte é privar a população do deslocamento eficiente. É preciso mudar essa realidade com o desenvolvimento de políticas públicas que priorizem o transporte coletivo com qualidade, proporcionando mais agilidade nos trajetos das pessoas.

divulgação/ANPTrilhos
Ao redor do mundo, os sistemas de alta capacidade são aliados dos deslocamentos rápidos. Os exemplos exitosos são verdadeiras redes de transporte a serviço do cidadão, que foram estruturadas a partir de sistemas de alta capacidade, como é o caso trens, metrôs e VLT, integrados física e tarifariamente com os demais modos de transporte da cidade, especialmente na primeira e última milhas. Nessas cidades, o transporte de passageiros sobre trilhos responde por um percentual de 40 a 45% dos deslocamentos diários da população, contribuindo para a estruturação dos grandes fluxos de transporte, ao mesmo tempo em que garante a rapidez, a regularidade e a maior segurança desses deslocamentos. Aqui no Brasil, por outro do lado, os trens e metrôs são responsáveis por apenas 7% dos deslocamentos diários, mostrando a dependência que o país tem do transporte baseado nos combustíveis fósseis, o que explica os enormes congestionamentos diários que vivenciamos nas grandes e médias cidades.
As práticas mundiais podem ser exemplos para o Brasil desenvolver a sua rede integrada, proporcionando redução nos tempos de viagem e mais qualidade de vida. Juntos, o transporte sobre trilhos, os ônibus, a bicicleta, o patinete e a mobilidade ativa, formarão a rede inteligente de transporte, cada um cumprindo o seu papel dentro da mobilidade urbana.
Para que as cidades brasileiras deixem de configurar o quadro de longos tempos de deslocamentos é preciso planejamento aliado ao investimento permanente para a evolução das redes de transporte. Retomar a capacidade de planejamento dos municípios é fundamental para que esse investimento constante possa ser feito à frente da necessidade da população. Hoje, infelizmente, o investimento está aquém da necessidade de mobilidade.
Acreditamos que é possível reverter esse quadro nas principais cidades brasileiras. A ANPTrilhos apoia os municípios a pensar o planejamento de redes inteligentes e integradas de transporte. O alerta vale não só para as cidades que já estão enfrentando problemas de deslocamento, como as apresentadas na pesquisa do Moovit, mas, especialmente, para aquelas que ainda não têm, mas que, se nada fizerem, certamente passarão a apresentar problemas em um período de cinco ou seis anos.
*Roberta Marchesi é Diretora Executiva da Associação Nacional dos Transportadores de Passageiros sobre Trilhos (ANPTrilhos), Mestre em Economia e Pós-Graduada nas áreas de Planejamento, Orçamento e Logístic
Fonte - ANPTrilhos  20/02/2020

Comentário Pregopontocom

Planejamento a médio e longo prazo,rede integrada de transportes,investimentos em sistemas de transportes de massa certamente formarão uma rede inteligente de transportes.Mas....aliado a esses fatores é preciso também investir na modernização dos sistemas de administração e operação do transporte público como um todo. Antes de tudo pensar num sistema de transportes Metropolitano integrado,principalmente nas grandes cidades, cercadas pelas suas satélites,ou seja toda a sua Região Metropolitana racionalizando e unificando a administração e operação do transporte de todas as cidades que compõe uma RM. Um sistema de transporte jamais será eficiente quando administrado e operado separadamente,totalmente desconectado, por cada cidade componente de uma RM e o seu eixo principal,é preciso uma administração unica para todos os sistemas de transportes que operam em toda região.O melhor exemplo vem de fora,a expl. da Europa onde distritos ou cidades de uma região mantem sobre controle a operação e administração dos sistemas de transportes subordinados a uma Autoridade de Transportes Regional.Atrasado mais ainda em tempo,precisamos criar aqui a nossa "Autoridade Metropolitana de Transportes",para administrar,regular e operar os sistemas de transportes em cada grande região metropolitana do país.A integração e a unificação dos sistemas sobre a coordenação geral da Autoridade Metropolitana de Transportes(Não se trata de mais uma Agência),cujo comitê administrativo terá a participação de  representantes de cada cidade abrigada na AMT,ficará encarregada das licitações de linhas dos modais existentes,licitações para compra de materiais rodantes,operação de todo sistema,fiscalização e ordenamento geral.Aliado a AMT a criação do "Intelligent Transport System",torna-se imprescindível", para coordenar e supervisionar todas as ações dos diversos CCOs de todos os modais que operam no sistema.Não será possível atingir um bom nível de eficiência e uma boa prestação de serviço para os clientes dos sistemas de transportes de maneira integrada, insistindo no erro da administração e operação de cada modal de maneira isolada e separadamente.Além de tudo é preciso mudar a visão e a concepção para a nova realidade da Mobilidade Urbana com relação as novas práticas e a novas tecnologias.

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