Sustentabilidade
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A parede construída para dentro da terra barra as águas das chuvas Foto: Embrapa |
A diferença não estava nas condições climáticas, mas numa tecnologia simples que manteve a propriedade preparada para a longa estiagem, a barragem subterrânea.
Trata-se de uma parede construída para dentro da terra, que tem a função de barrar as águas das chuvas que escorrem no interior e acima do solo, formando uma vazante artificial que mantém o terreno molhado entre três e cinco meses após a época chuvosa, permitindo a plantação mesmo em época de estiagem.
Presente em todos os estados do Nordeste que compõe a região do Semiárido mais o norte de Minas Gerais, as barragens subterrâneas tem produzido fortes impactos sociais. "Ela contribui para a segurança alimentar e nutricional das famílias agricultoras, além de geração de renda pela comercialização dos produtos", diz a pesquisadora da Embrapa Solos (RJ), Maria Sonia Lopes da Silva.
A água represada ajuda a produção Foto: Embrapa |
"No começo, a gente não acreditou muito nela, porque não vê a água em cima da terra, mas depois que a gente deixa de comprar um monte de coisa porque tira alimentos do plantio feito nela. A gente fica é querendo ter mais terra pra construir mais barragens," afirma ela.
Reconhecimento
No ano passado, a tecnologia da barragem subterrânea foi agraciada na primeira edição do Prêmio Mandacaru - Projeto e Práticas Inovadoras em Acesso a Água e Convivência com o Semiárido, na categoria Pesquisa Aplicada.
O Prêmio Mandacaru foi concedido pelo Instituto Ambiental Brasil sustentável (IABS) por meio de subvenção da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID).
Também em 2013, em outubro, a barragem foi certificada como tecnologia social pela Fundação Banco do Brasil (FBB) por representar uma efetiva solução de transformação social.
Como construir
A barragem subterrânea deve ser instalada em locais situados em ponto estratégico do terreno, onde escorre o maior volume de água no momento da chuva. Sua construção é feita escavando-se uma vala perpendicular ao sentido da descida das águas até a profundidade da camada mais endurecida do solo.
Dentro da vala, estende-se um plástico com espessura de 200 micra por toda a extensão da parede que, em geral, varia de 80 a 100 metros de comprimento.
Após o plástico estendido, a vala volta a ser fechada com a terra. Nesta "parede", deve ser feito um sangradouro com 50 a 70 centímetros de altura.
O plástico impermeável barra o escorrimento da água da chuva e provoca a sua infiltração nos solo, o que reduz a evaporação.
Desta forma, cria-se uma vazante artificial na qual a umidade do solo se prolonga por longo tempo, chegando até quase o final do período seco no Semiárido.
Fonte - Tribuna da Bahia 10/03/2015
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