Transportes sobre trilhos
Falhas técnicas que causam atrasos e colocam os usuários em risco são os principais motivos da abertura de processos contra a SuperVia.No primeiro mês de 2015, a concessionária já acumula três processos administrativos no Procon
Por Fernanda Távora
Além disso, quase um mês após o acidente entre dois trens no ramal de Japeri, a SuperVia já coleciona outros dois processos administrativos no Procon. Um deles relativo a uma falha técnica, que obrigou usuários dos trens a descer nos trilhos próximos a estação de Engenho de Dentro, na Zona Norte da Cidade
Segundo a assessoria do Procon, os motivos mais frequentes para aberturas de processos estão relacionados a falhas no sistema que geram atraso nas viagens das composições ou colocam os usuários em situação de risco.
Para Alexandre Rojas, Engenheiro de Transportes Urbanos e Mobilidade da Universidade Estadual do Rio de Janeiro (UERJ), SuperVia herdou os antigos vícios que já existiam no sistema ferroviário. “Mesmo após a privatização da empresa anterior, o serviço, quando pensado pelo lado humano, não foi modernizado. A SuperVia atacou fortemente a parte técnica, ela modernizou sistemas de produção e controle, mas a vigilância e o atendimento deixam a desejar. Não deram tanta importância a esses quesitos como deram às questões de engenharia".
Ainda, segundo o engenheiro da UERJ, a SuperVia deve repensar a forma como trata a parte humana, ou seja, como trata os usuários do transportes. “O usuário do trem não deve ser tratado dessa forma, se o trem parar no meio da via o usuário não deve ficar parado ali sem avisos, ás cegas, ou andar pela linha férrea, a empresa tem que se questionar como ela vê o usuário e dar um atendimento melhor”, afirma Rojas.
Segundo Eva Vider, engenheira de transportes e professora da UERJ um dos grandes motivos para as constantes falhas técnicas da concessionária é a falta de uma manutenção adequada. “Essas falhas técnicas normalmente são decorrentes de falhas no processo de manutenção preventiva e manutenção corretiva. A SuperVia precisa dar uma atenção especial a manutenção constante da frota, principalmente a parcela mais antiga. Quanto mais antiga é a frota, maiores são as chances de ocorrerem problemas.
Eva destaca ainda que a concessionária tem trocado as composições mais antigas, mas que boa parte ainda é de composições velhas “Esses problemas tem acontecido com os trens mais antigos, então o foco da manutenção deve ser nesses trens, tanto os mais antigos quanto os reformados, até que toda a frota seja trocada”, opina.
SuperVia discorda das autuações do Procon
Procurada pela reportagem do JB, a assessoria da SuperVia, quando questionada sobre as autuações do Procon contra a concessionária, afirmou que “não concorda com as penalidades aplicadas pelo Procon, que tem fins confiscatórios, e irá apresentar as medidas legais cabíveis ao órgão”.
Além disso, a nota afirma que “desde 2011, quando a atual gestão assumiu a administração da SuperVia, o desempenho operacional da concessionária vem melhorando significativamente com base nos índices operacionais, que apresentam resultado da consolidação de seu programa de investimentos”.
De acordo com a concessionária “em 2011, os trens apresentavam avarias a cada 23 mil quilômetros rodados e, hoje, as composições viajam por mais de 100 mil quilômetros sem apresentar qualquer tipo de falha. Fator que também influencia na pontualidade das viagens, que atualmente é de 92% (índice acima dos 85% exigido em Contrato de Concessão). Outro ponto relevante é referente ao aumento na oferta de lugares em trens com ar-condicionado, que proporciona viagens mais confortáveis aos passageiros. Atualmente, 75% dos lugares ofertados são em composições refrigeradas, enquanto que, três anos atrás, esse percentual chegava a apenas 35% das viagens”.
Além disso, a SuperVia afirma que até 2016 todos os trens da frota contarão com ar condicionado.
Fonte - Jornal do Brasil 01/02/2015
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