quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Deficientes visuais reclamam de acesso em ônibus novos

Acessibilidade/Transportes

Na terça, ele e o vice-presidente da associação, Antônio Andrade, foram barrados em dois ônibus, na Piedade.Segundo Everaldo Nery, presidente da entidade, em caso de ocupação dos três assentos antes da catraca, os cegos escolhiam entre fazer o trajeto em pé ou descer e aguardar outro veículo.

Jessica Sandes - A Tarde
Nery e vice da associação foram barrados em ônibus 
Fernando Amorim | Ag. A TARDE
Salvador - Até a terça-feira, 20, a Associação Baiana de Cegos havia recebido 56 reclamações de deficientes impedidos de passar pela catraca dos novos ônibus ou que não puderam subir pelas portas do meio ou do fundo para acessar uma das cadeiras a eles reservadas após o torniquete.
Segundo Everaldo Nery, presidente da entidade, em caso de ocupação dos três assentos antes da catraca, os cegos escolhiam entre fazer o trajeto em pé ou descer e aguardar outro veículo.
Na terça, ele e o vice-presidente da associação, Antônio Andrade, foram barrados em dois ônibus, na Piedade. Cobradores e motoristas alegaram não estar autorizados a liberar o acesso.
O rodoviário André Nascimento confirmou a falta de autorização, mas disse que há colegas que liberam a entrada pela porta do meio. "Eu já vi um amigo receber reclamação por isto, mas penso que todos têm o direito de passar. Eu sempre libero", disse.
Conforme o secretário municipal de Mobilidade, Fábio Mota, os cegos devem ativar o chip do cartão fornecido pelo Sindicato das Empresas de Transporte Público de Salvador (Setps). "Agora, que a catraca passou para frente, o chip passa a ser utilizado. Eles só precisam ativá-lo no Setps", disse.
Segundo Mota, não é possível flexibilizar o acesso criando um decreto, como ocorreu com os idosos. "Eles não tinham o cartão que os cegos possuem".
A Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob) aponta que há cerca de 11 mil deficientes visuais cadastrados no Setps. Desses, só 10% já ativaram os chips.

Encontro
Everaldo Nery disse ter tentado contatar Fábio Mota para resolver o problema. O secretário, por sua vez, declarou ter feito o mesmo, em relação a Nery, ambos sem sucesso.
Diante do impasse, a equipe de A TARDE promoveu encontro entre os dois lados, na terça, na sede da Semob, em Amaralina. Nery se comprometeu em conscientizar associados sobre a necessidade de ativação dos chips.

Mota ficou de enviar ofício às empresas do sistema Integra Salvador e ao Setps, solicitando a flexibilização co acesso dos cegos até os chips serem ativados - o prazo não foi divulgado.

Aplicativo
Durante a reunião de terça, o gestor municipal anunciou, em primeira mão, que o lançamento de aplicativo para deficientes visuais está previsto para 30 de março.
Segundo ele, o software informará em quanto tempo os ônibus chegarão ao ponto próximo aos usuários, estimativa de horário do percurso e outras informações em linguagem apropriada.
"Salvador será a primeira capital do país a disponibilizar esse serviço a deficientes. A intenção é que a cidade fique cada vez mais acessível", pontuou Mota.
Representantes da empresa contratada para desenvolver o software se reúnem, nesta quarta, com Everaldo Nery, na associação, nos Barris. "O aplicativo nos será apresentado. Esperamos que seja positivo", ponderou ele.


UTILIDADE PÚBLICA


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