Feito em parceria com a prefeitura de Salvador, o projeto objetiva promover mudanças urbanísticas nos Arcos da Ladeira da Montanha e Muralhas da Cidade Alta/Cidade Baixa, tombados desde 1984.Os trabalhadores temem ser removidos do local, por isso, artesãos, integrantes da comunidade de Gamboa de Baixo, também atingida pelo projeto, e representantes do Movimento Sem Teto da Bahia participaram do ato.
Helena Martins
Repórter da Agência Brasil
foto - ilustração |
Feito em parceria com a prefeitura de Salvador, o projeto objetiva promover mudanças urbanísticas nos Arcos da Ladeira da Montanha e Muralhas da Cidade Alta/Cidade Baixa, tombados desde 1984. A ideia é restaurar a estrutura do local, recuperar monumentos, requalificar vias e desapropriar imóveis para que sejam usados como espaços de artes, segundo informações do Iphan.
Os trabalhadores temem ser removidos do local, por isso, artesãos, integrantes da comunidade de Gamboa de Baixo, também atingida pelo projeto, e representantes do Movimento Sem Teto da Bahia participaram do ato. Por meio de panfletagens, eles buscaram sensibilizar os participantes da festa religiosa quanto à situação dos que há décadas prestam serviços no local.
É o caso de Paulo Evangelista, de 42 anos, um dos organizadores do ato, cujo pai começou a trabalhar na região como sapateiro ainda nos anos 1930. Crescido entre os arcos, Paulo seguiu a tradição familiar e virou artesão. Aprendeu o ofício de marmorista e hoje é uma das 30 pessoas que trabalham no local histórico.
“O governo nunca fez nada pelos arcos, agora quer reformar e expulsar a gente para colocar gente rica no lugar”, disse Paulo, para quem a intervenção proposta desvaloriza aqueles que mantiveram os arcos como um lugar vivo e importante da cidade.
Durante o protesto, os manifestantes também cobraram participação na definição das intervenções. Integrante do Instituto de Desenvolvimento de Ações Sociais (Ideas), que presta assessoria aos artesãos, Wagner Campos disse que, em julho, os trabalhadores receberam notificação, a pedido do Iphan, segundo o qual a área deveria ser esvaziada em 72 horas. Três dias depois, eles fizeram um ato na sede do órgão e conseguiram uma mesa de negociação.
Segundo Campos, houve seis encontros para negociação. Neles ficou pactuado que os arcos seriam reformados, mas de acordo com um novo projeto, o qual garantiria a permanência dos trabalhadores. “Eles também sairiam parcialmente para que as reformas fossem feitas. Mas na sétima mesa, o Iphan, que deveria apresentar o projeto, se retirou”, destacou.
Desde o último encontro, no fim de outubro, não houve mais diálogos, informou Campos, que defende a continuidade das rodadas, para que se encontre uma saída consensual para a situação. “Eles já trabalham aqui – o que a reforma poderia prever era a melhoria da própria situação do trabalho. Porque, se os arcos continuam existindo hoje, é por causo da presença e do trabalho dos artesãos”, avalia Campos.
A Agência Brasil procurou a Superintendência do Iphan na Bahia, mas não conseguiu falar com o representante. Segundo a assessoria do instituto, apenas o superintendente poderia falar sobre o assunto, mas ele está viajando a trabalho. A prefeitura de Salvador também foi procurada, mas não deu retorno às solicitações feitas até a publicação desta reportagem.
Fonte - Agência Brasil 08/12/2014
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