segunda-feira, 24 de março de 2014

Prefeitura esquece um outro lado do Imbuí

Cidade

Ruas sem asfalto, canal sem limpeza e enchentes causadas pela falta de rede de drenagem são apenas alguns problemas.
Ruas sem asfalto, canal sem limpeza e enchentes causadas pela falta de rede de drenagem são apenas alguns problemas enfrentados não só por ela, mas pela maioria dos moradores da Avenida Mestre Manoel, situada atrás do Empório do Imbuí

Kelly Cerqueira - TB
Foto: Angelo Pontes/Tribuna da Bahia
Apesar de morar em uma casa de dois andares com quatro quartos, dois banheiros, além de lavabo, varanda, duas salas e cozinha com uma ampla área de serviço, a servidora pública Regina Dias sabe que não conseguiria um bom valor na venda, caso quisesse se desfazer do imóvel. Instalada em uma das áreas de maior expansão imobiliária na cidade, o Imbuí, bairro onde a cada dia os apartamentos estão mais valorizados, a casa de Regina fica em uma das ruas do bairro onde o glamour da região e a atenção municipal ainda não chegaram.
Ruas sem asfalto, canal sem limpeza e enchentes causadas pela falta de rede de drenagem são apenas alguns problemas enfrentados não só por ela, mas pela maioria dos moradores da Avenida Mestre Manoel, situada atrás do Empório do Imbuí. Lá, centenas de famílias enfrentam os problemas da região, que a cada ano trazem um novo prejuízo. Ao redor da Mestre Manoel, as ruas Jayme Simas, Bombeiro Eliezer Alexandrino e da Mangueira nunca “viram um borrão de asfalto”, expressão utilizada pelo motorista profissional Cássio de Jesus Guimarães, 36 anos, para apontar a inexistência de malha asfáltica na região.
“Minha sogra mora aqui desde 1967 e diz que nunca houve um recapeamento. Nem a chegada de grandes empresas na rua acelerou o desenvolvimento, e o pior é que na nossa consulta junto à prefeitura as ruas constam como asfaltadas”, contou Cássio, morador da Rua Mestre Manoel há 11 anos.
A falta de infraestrutura urbana, dentre elas a de pavimentação, traz mais prejuízos do que as já esperadas relações sol x poeira e chuva x lama, comum às regiões de solo de barro, areia e cascalho. “Por não ter rede de drenagem, quando chove demais o canal do Imbuí, por onde passa boa parte dos esgotos das casas da região, sobe e invade a rua, entra nas casas destruindo tudo”, relatou. O episódio, segundo os moradores, já se repetiu pelo menos quatro vezes nos últimos dez anos.

Prejuízo
Recordando um dos episódios, Regina conta que até uma ponte que ficava sobre o canal foi levada pela enchente. “A água invadiu as casas e ficou a cerca de um metro do chão. As pessoas perderam tudo, móveis, eletrodomésticos, o muro e o portão daqui foram levados, sem contar os riscos de doenças e do ataque de cobras, animal muito comum de aparecer aqui na região”, relatou. Ainda segundo ela, o último caso aconteceu há cerca de quatro anos, mas até hoje, quando uma grande chuva aparece, os moradores ficam receosos, já que, até então, nenhuma melhoria na região foi feita.
Com a chegada do outono e o constante risco de novas enchentes, os moradores da Rua Mestre Manoel estão se mobilizando para chamar a atenção da prefeitura sobre os problemas da região. “Nós queremos a limpeza do canal, que infelizmente não entrou no calendário da prefeitura até agora, a implantação do sistema de drenagem da água da chuva e a pavimentação das ruas. Nós pagamos IPTU e temos os mesmos direitos das áreas mais nobres do bairro”, afirmaram os moradores, acrescentando que um documento formalizando a solicitação será enviado à prefeitura com a assinatura de todos os prejudicados com a falta de infraestrutura urbana do local.
Eles sugerem ainda que a parte do canal do Imbuí que passa pela Avenida Mestre Manoel seja fechada, como ocorreu na área mais comercial e conhecida, onde hoje estão instaladas as barracas e a praça do bairro. Sem os devidos cuidados, além do forte mau cheiro durante todo ano, o canal também atrai muitos insetos, principalmente muriçocas.
Procurada pela Tribuna, a administração municipal informou que, nesta semana, técnicos serão enviados à Rua Mestre Manoel para verificar as denúncias feitas pelos moradores. Ainda segundo o comunicado emitido pela assessoria de comunicação da prefeitura, caso sejam constatados os problemas, a região logo entrará no calendário de ações de infraestrutura do município.

Moradores apontam subestação como causa de rachaduras
Há cerca de um ano, uma novidade passou a atormentar a vida dos moradores da Avenida Mestre Manoel. A instalação de uma subestação da Coelba se tornou mais um motivo de reclamação dos moradores, segundo eles, por conta dos prejuízos que vem causando aos imóveis. Casas com rachaduras, muita poeira e barulho aos fins de semanas são apenas alguns incômodos causados pela construção da obra, que ainda está em fase de finalização.
“No início, nós tivemos que fazer uma manifestação e impedir a passagem dos caminhões aqui na rua, porque, por não ter asfalto, a movimentação das máquinas levantava muita poeira, era insuportável passar na rua ou mesmo ficar dentro de casa”, lembrou Cassio. Na época o problema foi solucionado com a utilização de carros-pipa.
Apesar do transtorno, o maior problema causado pela instalação ainda estava por vir. Os moradores alegam que na implantação da unidade da Coelba, muitas casas começaram a trepidar. “Era o dia inteiro, parecia que o serviço era dentro de casa. A cada batida, a casa toda estremecia”, conta Regina, apontando o aparecimento de rachadura em diversos pontos da casa. Assim como ela, outras oito famílias tiveram a estrutura do imóvel comprometida por conta da obra realizada pela Coelba.
Procurada para esclarecer o problema, a Coelba informou que não recebeu registro de reclamação sobre danos em imóveis em decorrência da construção da Subestação Imbuí. Ainda segundo a nota, o serviço de terraplanagem do terreno da subestação foi realizado há cerca de um ano e seguiu as normas e padrões técnicos recomendáveis.
“Durante as fundações, não foram utilizados explosivos, bate-estaca ou qualquer outro tipo de material ou equipamento que pudesse comprometer estruturas e/ou imóveis próximos ao local da obra”, diz a nota enviada pelo órgão.
A Coelba orientou ainda que os moradores que tiverem reclamação referente à obra devem registrar o fato através da central de atendimento da concessionária por meio do 0800 071 0800, do site da empresa (www.coelba.com.br) ou em qualquer agência de atendimento presencial para que a situação seja apurada.
Fonte - Tribuna da Bahia  24;03/2014

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