A mobilização foi para celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com data oficial em 25 de julho, e os dez anos da Lei 5071/2007, que instituiu a data no calendário oficial do estado do Rio de Janeiro. “A gente está aqui para fazer, pela terceira vez, denúncia contra o racismo e o sexismo, que colocam as mulheres negras na base da pirâmide do mercado de trabalho. A gente está aqui para mexer com esta pirâmide.
Cristina Indio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Tânia Rêgo/Agência Brasil |
A mobilização foi para celebrar o Dia da Mulher Negra Latino-Americana e Caribenha, com data oficial em 25 de julho, e os dez anos da Lei 5071/2007, que instituiu a data no calendário oficial do estado do Rio de Janeiro. “A gente está aqui para fazer, pela terceira vez, denúncia contra o racismo e o sexismo, que colocam as mulheres negras na base da pirâmide do mercado de trabalho. A gente está aqui para mexer com esta pirâmide. A gente está aqui para dizer ao capitalismo e ao machismo que as mulheres negras têm lugar nessa sociedade, historicamente, desde que o primeiro navio negreiro aportou aqui”, disse uma das organizadoras do evento, a psicóloga, professora e vice-presidente do Centro de Tradições Afro-Brasileiras (Cetrab), Dolores Lima.
Ainda na manifestação, alguns participantes fizeram declarações contrárias às reformas trabalhista e da Previdência, que, segundo Dolores, afetam diretamente as mulheres negras. A vice-presidente do Cetrab disse que, embora seja crescente o número de mulheres negras em mestrados e doutorados, permanece a diferença de remuneração delas no mercado de trabalho, em relação ao homem tanto negro quanto branco, e ainda na comparação com a mulher branca.
Ainda na área da educação, a psicóloga apontou que falta também, nas escolas, um preparo para o enfrentamento ao racismo. “É uma escola do século 19, professores do século 20 e alunos do século 21. Imagina isso reforçado pelo racismo, que coloca essas crianças fora desse sistema, porque não se enxergam e não se colocam ali dentro. Passam por um processo de discriminação, em que a própria instituição não prepara os profissionais para a discussão do racismo”, indicou.
Dolores destacou que, apesar de a data ter entrado no calendário oficial do Rio, isso ainda não se refletiu em políticas públicas. Deu como exemplo a saúde que, segundo ela, até agora, também não garante atendimento de melhor qualidade nas redes públicas, especialmente, nos momentos de parto. “Na verdade, há um racismo institucional que nesses espaços veda à mulher negra acessar um serviço de qualidade”.
A programação da marcha incluiu, no fim da caminhada, no bairro do Leme, uma feira de artesanato para divulgação de trabalhos realizados por mulheres negras. “É uma vitrine negra do que as mulheres fazem. É um espaço de sustentabilidade dessas mulheres”, contou.
Fonte - Agência Brasil 30/07/2017
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