sábado, 15 de agosto de 2015

A Mobilidade vai além do BRT

Mobilidade

A discussão do tema Mobilidade,não pode e não deve ter como foco principal o sistema de BRT como se fosse ele o grande "remédio",ou a solução milagrosa como desejam muitos,para resolver todos os graves e atuais problemas da mobilidade nas grandes e médias cidades brasileiras.O BRT não é a solução ideal para tudo e para todos.

A.Luis
Salvador Sobre trilhos
foto - ilustração
Muitos equívocos são cometidos por administradores públicos quando tratam de Mobilidade nas suas escolhas e preferências,na maioria das vezes de maneira unilateral,sem uma consulta previa a população que utiliza o transporte público com projetos alinhavados e pouco duráveis,que só contribuem para o agravamento do caos urbano e a postergação de soluções eficazes e duradouras.
Saibam pois que,não por menos,uma boa parte dos projetos de corredores de BRT no Brasil apresentam sérios problemas operacionais quando concluídos,por falha de projetos e sub-dimensionamento da demanda existente saturando logo em poucos anos de operação, um bom exemplo é o Transoeste do Rio.Outros tornan-se problemas intermináveis com obras que se arrastam quando não param,como no caso da cidade de Recife,onde a conclusão de corredores programados para a copa a muito perdeu o Bus na estação.Não que neste caso da demora na conclusão das obras, seja apenas uma exclusividade sua,mais sim pelo fato de sempre ser apresentado como o mais rápido e o mais barato de se construir,essa é a questão.
Com essa máxima,sempre que um projeto é oferecido aos administradores públicos,de que o BRT  é mais barato e mais rápido de se construir,torna-se um grande atrativo para aqueles que imaginam a construção e a sua inauguração ainda dentro do seu próprio mandato,sem deixar como sobremesa a gloria e os aplausos para o seu sucessor.Mais até onde vai esse "baratismo"?!.....Não que o BRT seja em si uma mera inutilidade,não é,mais torna-se uma quando colocado indevidamente e de forma inadequada no local errado,onde não lhe cabe,utilizado como uma solução paliativa ou imediatista com uma visão curta e simplista em vez da visão mais ampla para o futuro.De um sistema de transporte que pode dar certo e ser útil,quando devidamente projetado para atender uma demanda que se enquadre dentro das suas características e limitações,pode transforma-se em um grande problema quando apenas cumpre a função de trampolim político com prejuízos para a mobilidade e a população,e dessa maneira muitos dos quais o defendem,tornam-se assim os seus potenciais adversários.
Em muitos casos na tentativa de amenizar os problemas existentes e de saturação da demanda do sistema,os operadores optam por remendarem com soluções pouco criativas e menos eficazes,ainda que fossem possíveis,recorrem a estratégias equivocadas como o aumento da frota e a inserção de biarticulados dentro de um espaço que continua "limitado".
foto - ilustração/Transmilenio 
O "remédio",ou o erro,é o mesmo utilizado no Transmilénio de Bogotá com a inserção de mais articulados e biarticulados nos corredores,criando congestionamentos nas calhas principalmente nos horários de pico.O BRT de Bogotá,Transmilénio, opera hoje com uma velocidade média bastante reduzida,muito aquém da ideal para que o sistema funcione satisfatoriamente,e por isso é chamado pela população local de Transmilento.
A discussão do tema Mobilidade,não pode e não deve ter como foco principal o sistema de BRT como se fosse ele o grande "remédio",ou a solução milagrosa como desejam muitos,para resolver todos os graves e atuais problemas da mobilidade nas grandes e médias cidades brasileiras.O BRT não é a solução ideal para tudo e para todos.A Mobilidade vai além do BRT e deve ser vista como uma "piramide" com uma hierarquia pontuada pela capacidade de atendimento de demanda bem definida de cada modal:Trens,Metrôs,VLTs,Hidroviários(quando possível a sua utilização),Ônibus,Micro-ônibus,vãs,carros motos bicicletas e viagens a pé,todos são importantes,"todos sem exceção",porem cada um dentro da sua função e dos seus limites.Por isso é preciso ampliar as perspectivas para a Mobilidade,para além dos corredores de BRT,sem "modismos e mitos" e sem alimentar a ilusão que o mesmo sera sempre o principal esteio para a solução mais rápida da Mobilidade,pois isso é totalmente irreal,a paixão não pode superar a racionalidade,isso cabe apenas as torcidas de clubes de futebol.
foto - ilustração
É preciso discutir a Mobilidade num contexto mais amplo e democrático,com visão Metropolitana e com base no conceito de "cidades para pessoas",questões de políticas públicas,do uso solo,do planejamento urbano,do uso racional do transporte individual,da racionalização de demandas cruzadas,dos limites demográficos de bairros e regiões das cidades,das calçadas para os pedestres e a da utilização das bicicletas na complementação dos deslocamentos e até como meio de transporte de circulação interna nos bairros.
A mobilidade exige sustentabilidade,através da elaboração de politicas que visem estimular a redução de emissões de agentes poluentes com programas para desenvolvimento e utilização de novas tecnologias com o uso energias limpas e renováveis.
foto - ilustração/Secom
O transporte de massa sobre trilhos tem uma função importante e fundamental,é a espinha dorsal da Mobilidade,funcionando integrado a outros modais com tarifação única por tempo de permanência,criando assim uma rede integrada ofertando opções variadas de roteiros de deslocamentos para a população.Ao BRT cabe o papel de complementar onde ele se encaixe dentro dos seus limites de atendimento de demanda articulado com outros modais.Se esse debate não for forte e ampliado além da esfera administrativa,com participação da sociedade civil,entidades,movimentos populares e sociais,com uma visão para médio e longo prazo,e o futuro das cidades,para que iniciativas positivas de projetos de Mobilidade possam tomar forma,e consequentemente os seus resultados começarem a aparecer a medida que sejam logo implantados.Os atuais problemas persistiram com forte tendência a um maior agravamento se continuarem sendo empurrados pelas soluções "políticas","econômicas",paliativas e imediatistas e tudo se tornara absolutamente improdutivo.
A Mobilidade é tão simples quanto complicada,dependendo da visão que se tenham para ela.
Pregopontocom 15/08/2015

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