quinta-feira, 13 de agosto de 2015

Começa amanhã a licitação do VLT de Salvador

Transportes sobre trilhos

Os trens do Subúrbio de Salvador serão substituídos por VLTs, a licitação começa amanhã.Os antigos TUEs ,unidades de trens elétricos, ACF/GE que entraram em operação no ano 1962, e os velhos Toshibas da antiga Sorocabana SP, doados pela CPTM  a extinta CTS em 2007,serão substituídos por novos e modernos VLTs.

Adilson Fonseca - TB
foto montagem - ilustração
A viagem demora pouco mais que meia hora para percorrer apenas 13,5 quilômetros. São 10 paradas, incluindo a estação inicial (Paripe) e a final (Calçada). Tudo isso ao preço de R$ 0,50. Mas o balançar dos vagões, os imprevistos das viagens, por causa da precariedade do sistema, e até mesmo certo romantismo dessas viagens estão no fim.
A partir amanhã, o velho trem começa a sair de cena parta ceder lugar ao VLT – Veículo Leve sobre Trilho, cujo processo de licitação vai ser anunciado pelo Governo do Estado. A obra, de R$ 1,1 bilhão, deverá ser concluída em três anos e vai mudar por completo o sistema de transportre ferroviário de passageiros que ainda existe na Bahia e que se encontra restrito unicamente aos 13,5 quilômetros do Subúrbio Ferroviário de Salvador.
O VLT é um pequeno trem urbano movido a eletricidade, que vem sendo empregado como alternativa de transporte de massa nas médias e grandes cidades brasileiras e que aproveita o traçado dos antigos trens urbanos. Seu tamanho permite que sua estrutura de trilhos se encaixe no meio urbano existente. Funciona como uma espécie de Metrô de Superfície, ou mesmo um “bonde”, podendo trafegar em corredores exclusivos ou até mesmo em meio ao sistema viário tradicional das cidades.
A licitação prevê obras em duas etapas, sendo a primeira entre o Comércio e o bairro de Plataforma, com 9,4 quilômetros, e a segunda, entre Plataforma e São Luiz, já fora do traçado do atual transporte, que só vai até Paripe, com nove quilômetros de extensão.. A primeira etapa tem o valor de R$ 552 milhões e já tem recursos assegurados pelo governo Federal. A contrapartida do Estado será de R$ 548 milhões.
Em 2017
Conforme explicou o chefe da Casa Civil do governo do Estado, Bruno Dauster, a partir de iniciado o processo licitatório, decorrerão três meses para que possa ser anunciado o vencedor e então, no início de dezembro o Governo do estado deverá assinar a ordem para o início das obras. Oito empresas nacionais já manifestaram interesse em participar da licitação.
O sistema de transporte por VLT no Subúrbio Ferroviário de Salvador deverá estar concluído no segundo semestre de 2017. O projeto prevê a ligação do VLT, às Linhas 1 e 2 do metrô e a duas rotas do BRT, a ser implantado pela Prefeitura, e que também tem previsão de entrar em operação a partir de 2017. “A nossa idéia é que os equipamentos (os trens) sejam todos nacionais”, afirmou o Dauster.
As obras serão realizadas em duas etapas, a primeira delas num trecho de 9,4 quilômetros entre Plataforma e o Comércio Numa segunda etapa, com 9,1m quilômetros, serão realizadas obras entre Plataforma e a Estação São Luis, logo após o fim de linha dos atuais trens, no bairro de Paripe. Segundo o Chefe da Casa Civil, a estimativa em que, a média diária de público que utiliza o transporte sobre trilho suba de 20 mil atualmente para 150 mil.
Dauster explicou que as atuais estações, à exceção da Calçada, vão ser demolidas e transformadas em estruturas mais simples, modernas e dentro das normas de acessibilidade. Além das atuais 10 estações que servem aos trens, serão construídas paradas em São Joaquim, Porto de Salvador, Avenida da França, Comércio, Baixa do Fiscal, Viaduto Suburbana, União, São João e São Luiz de Paripe. Ao todo serão 21 paradas.
foto - ilustração/Pregopontocom
O Transporte funciona desde 1860 e seguia até Simões Filho
Os trens do Subúrbio funcionam desde junho de 1860, quando foi inaugurada a Bahia and San Francisco Railway Company ( Estrada de Ferro da Bahia ao São Francisco). Até 1972 o trem ia até Simões Filho, mas com a privatização da Rede Ferroviária Federal, esse trecho foi abandonado e hoje se resume à ligação Calçada-Paripe.
Na estação da Calçada, ponto de partida de todos o sistema de transporte ferroviário na Bahia, pode-se ainda perceber a suntuosidade da construção, bem ao estilo inglês de meados do século XIX.. Foi toda construída em ferro forjado e fundido trazido da Inglaterra ,desde a sua infra estrutura, como as vigas baldrames, até a superestrutura, tais como pilares, vigamento da superestrutura, escadas e estruturas de cobertura com clarabóias de ferro.
Foi inaugurada em 1860 com o nome de Estação Jequitaia. De lá saia um ramal que ia até o Porto de Salvador. Com a privatização da RFFSA, foi formada a Ferrovia Centro-Atlântica (FCA), que ganhou a concessão e passou a fazer o transporte de cargas. À antiga Leste Brasileiro coube o que restou do transporte de passageiros, no Subúrbio Ferroviário, já com o nome de Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU), a partir de 1980, sendo posteriormente transferida para a Prefeitura de Salvador e desde 2013, sob a administração do Governo do Estado.
Viagem
De um lado, a partir de Lobato, a beleza do interior da Baía de Todos os Santos, com barcos ancorados em diversas enseadas que chegam até próximo ao leito da ferrovia. Do outro lado casebres, esgotos e lixo que se amontoam quase que ocupando o traçado dos trens. E entre esses dois cenários, completamente opostos, os velhos trens do Subúrbio, com mais de 40 anos de uso e sem qualquer conforto ou segurança.
Logo na saída da Estação da Calçada, a linha 1, que leva até Paripe, teve que ser interditada até o bairro de Lobato. O leito da ferrovia está tomado pelo lixo e esgoto. Por causa dessa situação, a velocidade do trem não chega a 20 quilômetros por hora. No percurso de 13,5 quilômetros até Paripe, gasta-se em média 35 minutos.
No interior dos vagões, a insegurança de quem pode ser surpreendido com a parada técnica por problemas na ferrovia, no sistema de eletrificação ou por interdição quando ocorrem chuvas. “Tem tudo para ser uma viagem agradável, por causa da paisagem. Mas volta e meia surgem esses problemas e deixam a gente aborrecido”, disse o vendedor ambulante Cosme dos Santos, que costuma utilizar o trem para se deslocar de Coutos até a Calçada.
No trajeto, enquanto os passageiros se acomodam nos bancos de plástico, as janelas nem sempre abrem, o que dificulta a ventilação. A iluminação é fraca e o ambiente, todo grafitado, contribui para dar um certo ar de insegurança para quem não está acostumado com o ambiente. Não há passagem de um vagão para outro e os maquinistas ficam incomunicáveis com os passageiros, pois a entrada para as cabines fica do de fora do trem.
Fonte - Tribuna da Bahia  13/08/2015

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