sábado, 21 de março de 2015

EM DEFESA DO VLT, por Vicente Vuolo

Transportes sobre trilhos

"Somos escravos de um modelo de transportes que não considera a ferrovia como opção.O resultado dessa desastrosa política de transportes, de décadas e mais décadas, é que o Brasil tem um dos sistemas viários mais letais da América Latina.O país tem uma média de 18 mortos para cada 100 mil habitantes, contra 10 nos países mais ricos e 13 na Argentina, na Colômbia e no Chile."

Mídia News
foto-ilustração/VLT de Ciabá
Mais uma tragédia nas estradas brasileiras. Desta feita, em Santa Catarina. Foi com um ônibus da Companhia Mar Turismo, na rodovia SC-418 com mais de 50 mortos.
Infelizmente, acidentes dessa magnitude acontecem com frequência nos quatro cantos do país porque somos escravos de um modelo de transportes que não considera a ferrovia como opção.
O resultado dessa desastrosa política de transportes, de décadas e mais décadas, é que o Brasil tem um dos sistemas viários mais letais da América Latina.
O país tem uma média de 18 mortos para cada 100 mil habitantes, contra 10 nos países mais ricos e 13 na Argentina, na Colômbia e no Chile.
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a taxa anual de mortes em acidentes rodoviários no Brasil é de, aproximadamente, o dobro dos Estados Unidos.
Estima-se que 43.869 brasileiros tenham morrido em acidentes de trânsito no país em 2010, e que outros tantos tenham ficado com sequelas físicas e psicológicas.
As ferrovias são o meio de transporte terrestre com maior capacidade de transporte de carga e de passageiros.
Queremos trilhos (o Brasil tem ferro), e não pneus (asfalto); transporte saudável (energia elétrica), e não o diesel que polui (petróleo).
No Brasil, tudo é motivo para não se construir ferrovias. Demora muito! Custa caro! São razões encontradas pelos burocratas e administradores.
Vejam só o que está acontecendo em Cuiabá: querem destruir o VLT. Sim! Pasmem!
Sob a alegação de custo elevado e corrupção. Tudo isso, para atender o lobby dos ônibus que poluem a nossa cidade.
Ora, se existe, de fato, superfaturamento, que o Ministério Público e o Tribunal de Contas apurem, e punam com rigor os responsáveis. O que não pode é inviabilizar um transporte mais barato, econômico e seguro.
Estudo da Universidade de São Paulo (USP) mostra que o metrô de São Paulo gera R$ 19,3 bilhões por ano na economia do país, o equivalente a 0,6% do Produto Interno Bruto (PIB).
A pesquisa comparou dois cenários – com a presença do metrô e sem – e concluiu que, quanto maior o tempo do deslocamento diário de casa para o trabalho, menos produtivo será o trabalhador, o que gera efeitos negativos na economia.
Ou seja, quando retira o metrô, o tempo de deslocamento aumenta e a produtividade cai.
A pesquisa, denominada “A Economia Subterrânea: Monitorando os Impactos mais Amplos do Metrô de São Paulo” – conduzida pelo professor da Faculdade de Economia e Administração (FEA) da USP, Eduardo Haddad – mostra que, caso o metrô de São Paulo não existisse, a cidade deixaria de produzir R$ 6,15 bilhões (32% do total dos impactos econômicos avaliados).
O restante da região metropolitana deixaria de contribuir com a economia em R$ 2,17 bilhões (11%). Os demais municípios do Estado perderiam R$ 2,29 bilhões (12%) e o restante do Brasil sofreria um impacto econômico negativo de R$ 8,7 bilhões (45%).
Nossas cidades estão parando. Trânsito caótico. Violência e nervosismo, brigas e stress. Gastos exagerados com combustíveis.
E na saúde que se debilita com a poluição e a tensão diária. Há soluções. Investir fortemente em ferrovias, em metrôs, em monotrilhos e nos VLTs é uma delas.
Podemos implantar vários tipos de modais e convivências entre eles. Porém, precisamos primeiro retirar de nós mesmos as viseiras que nos colocaram décadas atrás, viseiras que nos impedem de olhar para os lados e para outras opções.
Cuiabá pode e vai melhorar muito se superar a ideia de que só ônibus serve para transporte.

VICENTE VUOLO é economista, cientista político e analista legislativo do Senado Federal.
vicente.vuolo10@gmail.com
Fonte - ABIFER  20/03/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito