quarta-feira, 18 de março de 2015

Programa de Mobilidade Salvador prevê 217 quilômetros de ciclovia e investimento de R$ 41 milhões

Mobilidade

O Governo do Estado da Bahia pretende ampliar a malha cicloviária da cidade para 217 quilômetros, com um investimento de cerca de R$ 41 milhões, através do projeto Cidade Bicicleta.
Segundo a superintendente de Mobilidade Urbana, Grace Gomes, as ciclovias geram impactos positivos na medida em que contribuem para a redução do transporte motorizado.


Sedur Ascom
As faixas em vermelho indicam a ciclovia da
Av. Pinto de Aguiar.- Foto de Manu Dias/ GOVBA
Bahia - Com o aumento exponencial da frota de veículos e seus consequentes congestionamentos, tornam-se necessárias ações para melhoria do transporte e da qualidade de vida dos baianos. Por essa razão, o Governo do Estado pretende ampliar a malha cicloviária da cidade para 217 quilômetros, com um investimento de cerca de R$ 41 milhões, através do projeto Cidade Bicicleta.
Segundo a superintendente de Mobilidade Urbana, Grace Gomes, as ciclovias geram impactos positivos na medida em que contribuem para a redução do transporte motorizado. Ela acredita que a implantação de ciclovias denota uma boa imagem inicial, já que não provoca perturbações ambientais, tem custos de implantação menores que os de uma via para veículos automotores, e ainda promove a equidade no uso do espaço urbano e inclusão social, já que as pessoas com menor renda são as principais usuárias da bicicleta. “Uma vez que a cidade tiver uma eficiente estrutura cicloviária, a bicicleta vai ganhar novos adeptos, diminuindo a participação do carro e do ônibus na matriz de mobilidade da cidade e vai reduzir os impactos negativos que estes meios de transportes geram diariamente”, prevê Grace.
Sinalização de ciclovia na Pinto de Aguiar
 Foto: Alberto Coutinho/GovBa
Modais - O Programa Mobilidade Salvador do Governo do Estado está realizando obras de infraestrutura que tem mudado a cara da cidade. Estas ações visam integrar os diversos modais de transporte, como Metrô, ônibus, BRT e a bicicleta como uma alternativa sustentável de mobilidade. Uma das obras já concluídas é a Avenida Pinto de Aguiar que possui malha cicloviária ao longo de toda sua extensão – três quilômetros em cada sentido da avenida.
Também está prevista a implantação de 13 km de ciclofaixas no Centro Antigo de Salvador e a requalificação do Parque de Pituaçu, que incluirá 15 km de ciclovia e um bicicletário. A obra na Avenida Orlando Gomes, que ainda está em andamento, também inclui projetos de ciclovias.
Outras obras em andamento como a Avenida 29 de Março, que vai ligar a Orla à Av. São Luís, no Subúrbio; e a Avenida Gal Costa, que fará a ligação entre a Orla e Pirajá, planejam implantar um sistema alternativo de transporte, o BRT e ampliar a malha cicloviária existente, integrando este meio, saudável e acessível para todos, às demais ações de mobilidade urbana.
Atualmente, duas das cinco estações do Metrô de Salvador – Retiro e Acesso Norte – já têm bicicletários com capacidade para 108 bicicletas cada um. Os equipamentos ficam disponíveis para uso exclusivo dos usuários do transporte.
Atendente do bicicletário da Estação do Retiro, Geysiane Araújo explica que ao usar o bicicletário pela primeira vez, a pessoa receberá as normas de funcionamento do equipamento. “Na chegada, é preciso apresentar documento com foto e comprovante de residência. O cadastro vai gerar dois cartões de identificação, um para o usuário e outro que fica preso na bicicleta. No retorno, ele deve apresentar o cartão e o documento para liberação da saída da bicicleta”.
Foto: Alberto Coutinho/ GOVBA
Rotina - O uso da bike como meio de transporte nas cidades grandes tem atingido as mais diversas camadas sociais. Um desses casos é o auxiliar de serviços gerais da SEDUR, Thiago Damasceno, de 27 anos. O jovem, que trabalha de segunda à sexta, realiza um trajeto total diário de 26 km.
“Eu saio da Lapa até o CAB. Pego a Vasco da Gama, Ogunjá, Bonocô, depois a Avenida ACM, chegando na Paralela e aterrisso aqui”, brinca Thiago. “Faço esse percurso todos os dias. Ida e volta. Nesse trecho, não pego nenhuma ciclovia e acabo tendo que disputar espaço com os carros e para evitar esse fluxo de carros eu tenho que sair mais cedo de casa. O aumento das ciclovias vai diminuir bastante esse perigo”, conclui.
Outro exemplo é do analista de sistemas, Rafael Gomes, de 30 anos. Ele é ciclista desde 2011 quando participou do ‘Ocupa Salvador’ e percebeu que era possível se locomover de bicicleta pela cidade. Desde então, tornou-se militante da causa e atua em movimentos de conscientização e incentivo de novos usuários, como por exemplo, o ‘Bicicletada Salvador’, um movimento de protesto por mais segurança e respeito aos ciclistas que acontece sempre na última sexta do mês.
A designer gráfica Márcia Menezes, que passou a usar a bike como meio de transporte prioritário quando vendeu o carro em 2010, cita outro movimento, o ‘Bike Anjo’. “É um projeto de trabalho voluntário, em que ciclistas ajudam pessoas que desejam pedalar na cidade, mas ainda não têm experiência. Também estão desenvolvendo a Escola Bike Anjo, que é um projeto nacional e acontece no último domingo de cada mês”, explica.
Além do problema da alta velocidade das vias compartilhadas, Rafael considera que uma das grandes dificuldades do uso da bike como meio de transporte prioritário é a pouca arborização e consequente altas temperaturas. “A maioria das praças, que poderiam servir de ponto de parada para usuários de bicicleta e pedestres, não têm cobertura, ou seja, não servem para descansar em momento de muito calor”, conclui.
A designer Márcia rechaça a teoria de que a estrutura urbanística e geográfica de Salvador seja desfavorável ao uso da bicicleta. Ela cita os exemplos de São Francisco (EUA) e São Paulo como cidades que, mesmo com características geográficas semelhantes à de Salvador, pautam essa prática. Márcia ainda reforça o papel do poder público na implementação de políticas que possam favorecer o usuário de bicicleta.
“Quem usa a bicicleta como transporte em Salvador faz rotas com poucas ou, às vezes, nenhuma ladeira. E, quando tem que subir, sobe com o preparo físico de quem pedala no dia a dia. Se não der, leva a bike empurrando. Em qualquer lugar é possível usar bicicleta. É necessário investir em bicicletários, paraciclos, ônibus para levar bicicletas, fazer com que o transporte público seja integrado”, afirmou.
A superintendente Grace Gomes concorda que mesmo com a topografia acidentada da cidade, é possível o uso da bicicleta, desde que haja uma ordenação adequada de usos e infraestrutura que viabilizam a implantação desse modal de transporte. “Nossa cidade possui regiões aptas a receber ciclovias como é o caso da orla – onde se concentra a maior parte das ciclovias da cidade – e das grandes avenidas como a Av. Centenário, Magalhães Neto, dentre outras”.
Fluxo de automóveis na Marginal Pinheiros
 em São Paulo. Foto: Marcelo Camargo/ ABr
Exemplos - O projeto do Governo do Estado, que visa ampliar consideravelmente as ciclovias em Salvador, se espelha em outras experiências de sucesso no Brasil e no Mundo. Um dos exemplos mais próximos da nossa realidade, principalmente pela geografia da cidade, está em São Paulo.
No início de 2014, a capital paulista possuía cerca de 60km de vias para usuários de bike. Atualmente, em menos de um ano, esse número já ultrapassou 200km. A meta é que, até o fim de 2015, esse número suba para 400 quilômetros de ciclovias.
A medida é amplamente aceita pela população local. Em pesquisa recente, realizada pelo Ibope, 88% dos paulistanos aprovaram a política. A ação também obteve reconhecimento internacional. A cidade foi uma das vencedoras da 10ª edição do Sustainable Transport Award, entregue à administração municipal em 13 de janeiro em Washington, nos Estados Unidos.
Os percursos espalhados pela capital possuem uma estrutura que permite conectar o uso da bicicleta com outros modais de transporte, como terminais de ônibus. Nos projetos concebidos pela área de planejamento cicloviário o custo por quilômetro está estimado em R$ 200 mil. No total, o investimento será por volta de R$ 80 milhões.
Fonte - Sedur Ba. 18/03/2015

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