Desafio de Salvador é crescer com qualidade de vida - Avenida Paralela impulsionou a expansão urbana no sentido norte de Salvador.Segundo os estudiosos da área, a mobilidade na capital é um dos seus principais gargalos.
Fábio Bittencourt - A Tarde
Mila Cordeiro | Ag. A TARDE |
Em todo o mundo, é comemorado neste sábado, 8, o Dia do Urbanismo e, com o objetivo de aquecer o debate sobe o tema, A TARDE convidou especialistas no assunto, bem como do mercado imobiliário, para expor o que pensam sobre o futuro da capital e da sua região metropolitana.
Especialista em direito imobiliário, urbano e ambiental, o advogado Bernardo Chezzi considera necessidades prementes resolver o atual problema dos engarrafamentos, priorizando o pedestre, e não os carros; reocupar e requalificar o centro da cidade e promover um adensamento mais planejado (e inclusivo socialmente).
"É preciso pensar a cidade como um todo e readequá-la ao conceito de cidade compacta". Esta é a ideia de Chezzi, que na próxima terça-feira apresenta a palestra "Cidades sustentáveis, inteligentes, compactas: o case do novo PDDU de São Paulo", dentro do seminário "Os desafios das cidades e do direito urbanístico", promovido pela Faculdade Baiana de Direito.
"O atual problema dos engarrafamentos nas cidades brasileiras demanda repensá-las à luz do modelo das cidades compactas. Salvador, assim como outras grandes metrópoles, é dividida em zonas específicas para habitação, trabalho, diversão e circulação, em plena era da civilização do automóvel".
"Uma metrópole deve priorizar o pedestre, e não os carros, integrar o uso residencial, comercial e industrial, reocupar o centro, possibilitando menos deslocamentos com o uso do automóvel, e, assim, menor consumo de recursos fósseis".
Produção da moradia
Ainda segundo o advogado, evitar a suburbanização nas metrópoles é medida não só de inclusão social, mas de melhoria de toda a cidade. Neste sentido, ele diz: "Há de se evitar a gentrificação, que é o processo de encarecimento de um bairro, com a consequente exclusão das famílias que ali habitavam".
E mais: "Cidades como Madri incentivam que em um mesmo empreendimento haja não só o uso residencial aliado com o de serviços (edifícios com galerias), mas que no mesmo bairro possam conviver famílias com diferentes faixas de renda. Os usos residenciais e de serviços após as 18 h dão outra vida a estes bairros, diminuindo inclusive os índices de criminalidade".
As formas recentes de produção da moradia em Salvador mostram uma ampliação da fragmentação socioespacial da cidade. É o que diz o arquiteto, urbanista e professor da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Gilberto Corso, membro do Observatório das Metrópoles e organizador (editor) do livro "Metrópoles na atualidade brasileira: transformações, tensões e desafios na Região Metropolitana de Salvador".
Ele diz também que as políticas de transporte e mobilidade, com a constituição de "espaços do automóvel", e o desenho urbano voltado para o veículo individual e, não para os pedestres e para o transporte público, vêm tendo um impacto significativo no acesso a equipamentos, serviços e oportunidades de trabalho oferecidos pela metrópole.
"A precária mobilidade urbana de Salvador penaliza todos os moradores, mas o faz especialmente para aqueles mais pobres e residentes em áreas periféricas. As consequências da segregação socioespacial são amplificadas pela falta de acessibilidade urbana de amplos setores da população", lamenta.
Fonte - A Tarde 08/08/2014
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