Se pretendem retirar automóveis com a implantação deste ônibus articulado, é só pesquisarem quantos donos de carro o deixam na garagem para usar este transporte, dito de massa.
Celso Franco - JB
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Em primeiro lugar, é preciso que se saiba o que se entende como mobilidade urbana. Nunca tive dos técnicos uma resposta convincente.
Se pretendem retirar automóveis com a implantação deste ônibus articulado, é só pesquisarem quantos donos de carro o deixam na garagem para usar este transporte, dito de massa.
Volto a insistir que só com o racionamento da utilização das vias, o URV, será conseguido um aumento da mobilidade urbana, medida em rendimento da malha viária, hoje não alcançando 18%.
Aliás, é preciso que os senhores momentaneamente responsáveis pelo desempenho do trânsito do Rio saibam que é o resultado estatístico das pesquisas o “termômetro” que mede a “febre” que faz da mobilidade e da segurança do trânsito motivo de preocupação, para não dizer vergonha.
Em setembro do ano passado, recebi honroso convite para, na CET Rio, da qual fui o seu primeiro presidente, no governo Marcelo Alencar, para participar das palestras da Semana do Trânsito.
Por causa da maneira gentil e carinhosa com que me receberam e me trataram, resolvi lhes prestar, gratuitamente, uma colaboração no setor da segurança do BRT e na do tráfego na Avenida das Américas, uma das campeãs de acidentes.
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Já havia prometido a mim mesmo deixar o “circo pegar fogo”, mas o dever para com os leitores do JB,em face do que está acontecendo, me impõe a tratar do assunto.
Vou demonstrar que os acidentes que acontecem com os BRT, se me tivessem ouvido, não teriam acontecido.
Senão, vejamos: o BRT, como o antigo bonde, agora de volta travestido de VLT, não sai do seu trilho, ou no caso, do primeiro da sua canaleta. Os acidentes que ocorrem são provocados por veículos estranhos ao seu leito de deslocamento que, por desavisados, lá se intrometem e provocam acidentes fatais.
Por enquanto só acontecem nos cruzamentos, onde é possível o conflito. Mas já ocorreram descarrilamentos de BRT por ser a mureta que limita o seu percurso bloqueado mal calculada em altura. Deveriam ser defensas, metálicas, tipo “box beam”, de apenas 18 cm de espessura no seu perfil superior, e suas colunas de suporte com um metro de altura.
Por ser o BRT silencioso, seria necessário que fosse avisada a sua presença nos cruzamentos, com uma buzina especial e característica dele, ao fazer estas travessias.
Além das placas de proibição de entrar à esquerda existentes nas pistas que o margeiam, deveria haver, junto ao sinal vermelho para quem deve atravessar a sua trajetória, um sinal internacional de perigo, acionado ao mesmo tempo, com a palavra BRT e uma campainha, como nos passagens de nível das linhas férreas. Aliás, o ideal mesmo é que fossem instaladas cancelas de subir e descer.
Se verificarem as estatísticas, verão que a maioria dos acidentes nos cruzamentos, por conversão ou travessia ilegal, acontecem com veículos que não são da nossa cidade, conduzidos por motoristas que não conhecem onde estão trafegando.
A sinalização de segurança deve ser agressiva e para “burro ler”. Na década de 50, em Haia, onde morei por dois anos, toda a vez que o bonde (tram, em holandês) ia cruzar a pista dos demais veículos, aparecia pendurado sobre as faixas a serem cruzadas o aviso luminoso piscante do sinal internacional de perigo com a palavra "tram", e uma estridente campainha tocava. Eram VLTs de alta velocidade e dotados de pisca-pisca indicador de mudança de direção.
Já que o BRT, sozinho, não significa a solução para melhoria da mobilidade, não permitam que ele venha a ser mais um problema de segurança no nosso trânsito assassino.
É o apelo que faço a quem pode minorar este mal.
Fonte - Jornal do Brasil 07/04/2014
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