Transportes sobre trilhos 🚇
Destino incerto para os 40 trens de Cuiabá - Os 40 trens do VLT de Cuiabá-Várzea Grande ainda não têm uma destinação definida. Em meio a uma disputa judicial que já soma 14 processos e à decisão unilateral do governo do Mato Grosso de mudar o projeto para um Bus Rapid Transit (BRT)
Divulgação RF |
Trens em perfeito estado
Vicente Abate, presidente da Associação Brasileira da Indústria Ferroviária (Abifer), diz que não é viável a solução de venda dos trens proposta pelo governo do Mato Grosso. “Se o fabricante tivesse alternativa, já teria tirado os trens de lá. O sistema é customizado para aquele projeto, não tem como transferir para ser usado em outro”, ressalta Abate, que vem acompanhando o caso de perto e foi um dos autores de contribuições enviadas ao governo do estado em favor da manutenção do VLT. Segundo Jean Carlos Pejo, engenheiro e secretário-geral da Associação Latino-Americana de Ferrovias (Alaf) – que foi ao local em março último, durante uma visita técnica – as composições estão protegidas e em perfeito estado. “A solução que eu entendo, hoje, como técnico e engenheiro, é: com os recursos ainda existentes, conclui o primeiro trecho, entrega para a sociedade e aí abre-se uma PPP (Parceria Público-Privada), para a conclusão do sistema”, avalia. Dos R$ 498 milhões utilizados para a compra dos trens, 98,2% (R$ 489 milhões) já foram medidos, ou seja, já constatado pelo estado como aplicado para efeito de pagamento ao consórcio. Esse valor representa 45% do total já aportado no empreendimento: R$ 1,066 bilhão. Além das 40 composições, com sete carros cada, já foram entregues 22 km de trilho, que também estão armazenados no CCO. As principais alegações do governo mato-grossense para a mudança do modal são em relação aos valores que ainda terão que ser desembolsados se o VLT for mantido. Segundo a secretaria de estado de Infraestrutura e Logística do Mato Grosso (Sinfra-MT), que está à frente do projeto, seriam necessários 763 milhões para a conclusão do VLT, dos quais aproximadamente R$ 352 milhões teriam que sair do cofre estadual. Já o BRT demandaria um acréscimo de R$ 460 milhões para a implantação, com aporte adicional do estado de apenas R$ 48 milhões, em função de um remanejamento de R$ 411 milhões que seria feito nos recursos ainda não desembolsados dos contratos de financiamento do projeto VLT, em vigor com a União. “Ou seja, estamos falando de uma economia de CAPEX de cerca de R$ 300 milhões do BRT em relação ao VLT”, argumenta o engenheiro Rafael Detoni, assessor técnico da Sinfra. No dia 7 deste mês, o governo de Mato Grosso realizou uma audiência pública virtual para debater a mudança de VLT para BRT. A inciativa foi tomada após a Justiça Federal ter atendido ao pedido da prefeitura de Cuiabá – que é a favor da manutenção do VLT – para que o município participasse da discussão. Após o evento, contudo, o governador Mauro Mendes afirmou, através dos canais oficiais, que a mudança está mantida. Os detalhes por trás do empreendimento ferroviário que era para ter sido um dos legados da Copa do Mundo de 2014 estarão na próxima edição da Revista Ferroviária.(https://revistaferroviaria.com.br/)*
Fonte - Revista Ferroviária 19/05/2021
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