Mobilidade 🚍 >< 🚄
O secretário de Mobilidade Urbana e presidente do Comitê de Análise Técnica para Definição do Modal de Transporte Público da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, Juares Samaniego, disse ter ficado assustado com a ideia do Governo do Estado em querer gastar R$ 470 milhões na implantação do BRT – sem um projeto executivo .
O Documento (MT)*foto - ilustração |
Durante a Audiência Pública Integrada, que tratou sobre a mudança do modal Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) para o Ônibus de Transporte Rápido (BRT) – realizada na Câmara de Cuiabá, o secretário de Mobilidade Urbana e presidente do Comitê de Análise Técnica para Definição do Modal de Transporte Público da Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá, Juares Samaniego, disse ter ficado assustado com a ideia do Governo do Estado em querer gastar R$ 470 milhões na implantação do BRT – sem um projeto executivo .
“Como engenheiro, o que me assusta muito em uma apresentação de um grupo de trabalho (GT) na consulta pública do Estado de Mato Grosso, onde um profissional falar de obra de engenharia no valor de R$ 470 milhões não precisa de projeto executivo? O primeiro erro cometido nessa discussão a favor do BRT foi a comparação do modal. Conforme informações dos fabricantes, o VLT tem vida útil de 30 anos e o BRT de 15 anos. Eles apresentaram que o valor é de R$35 milhões para 54 ônibus. Mas não, o valor é R$ 142 milhões. Isso é falta de estudo de viabilidade. Só aí já tem uma diferença de R$110 milhões. A bateria do ônibus de até 8 anos de vida e 3 trocas fica em 15 anos , são mais de R $58 milhões. No final, o custo, se você for comparar a vida útil, chutando vai ser de 820 milhões. Para concluir, a obra do VLT é de R $400 milhões. É diferente comparar um modal que tem projeto e outro não tem. Quero parabenizar a audiência, mesmo que o representante do Governo Rafael Detoni, tenha reclamado dos 6 minutos. Mas quero lembrar que a audiência do Governo só durou 2 minutos e ainda, com séries de problemas na transmissão”, pontuou.
Jean Pejo, que é ex-secretário de Mobilidade, Silvia Cristina Silva – presidente da Associação dos Engenheiros e Arquitetos de Metrô (Anptrilhos) , durante sua fala destacou 3 pilares para que a Capital não implante o BRT – “São três aspectos fundamentais para balizar – estamos em 2021 e não 2012, e temos um sistema com 70% executado e o outro que não tem projeto E terceiro ponto, para o engenheiro, uma obra sem projeto é o mesmo que o médico fazer cirurgia no escuro. Tenho notado muito que o tema VLT está se discutindo como se estivéssemos em 2011 – estamos em 2021. Foram investidos valores significativos oriundos do FGTS – do trabalhadorbrasileiro. E quando o trabalhador era do conselho curador, foi aprovado o VLT. É por essas razões, porque existem normativas que não permitem a mudança do objeto. Tenho batido muito na falta de projeto executivo. Nós, engenheiros, não podemos ter ideia de um empreendimento sem projeto. Isso está na lei brasileira, a lei de licitações pede isso. Como vou discutir se eu não tenho o projeto da estrutura? As decisões estão sendo tomadas em números simbólicos, sem precisão. E desde 2018 – exige-se no governo federal, o projeto executivo – existem tantas judicialização por causa desse erro. Sem isso, o recurso público não será bem aplicado”, comentou ele.
O presidente da Casa de Leis, vereador Juca do Guaraná Filho (MDB), reiterou que o Legislativo cuiabano deveria ter sido ouvido no processo de mudança do modal de mobilidade urbana, “Essa audiência pública vai muito além do que tratar de mudança de modal do VLT para o BRT, vai de ouvir a população cuiabana e várzea-grandense, ouvir pessoas que de fato vão usar o transporte coletivo para ir ao trabalho, para ir ao colégio, ao médico, essas pessoas precisam ser ouvidas, mas a Câmara de Cuiabá sequer foi ouvida. Quando assumi a presidência desta Casa solicitei uma audiência com o governador Mauro Mendes para tratar sobre o assunto, mas a audiência foi marcada quatro meses depois. Queremos mais informações da mudança do VLT para o BRT”, destacou.
Coordenador do Movimento Pro-VLT, o economista Vicente Vuolo , parabenizou o debate ao qual ele classificou por “democrático” e lamentou que o Governo queira “jogar o VLT” no lixo depois de um investimento bilionário.
“Esse debate aqui, é uma verdadeira audiência pública. E não aquilo que o Governo fez. Uma farsa, impedindo as pessoas de participarem – isso é o que o governador quer, jogar no lixo, toda a obra do VLT, que foram investidos R$ 700 milhões no centro de operações , e ainda, paga 4 milhões mensal até o ano de 2047. Ele tem 40 vagões e trilhos prontos- tudo isso, ele [Mauro Mendes] quer jogar no lixo”, criticou.
A audiência foi solicitada pelo vereador Sargento Vidal , que, citou a audiência de hoje como um grande debate. ” Foram levantadas questões que ainda persistem sem respostas suficientemente claras, sobre uma das principais obras que fizeram parte de uma série de realizações que visavam preparar Cuiabá para receber a Copa do Mundo de 2014 – O que vale nessa audiência é esclarecer a verdadeira opinião da população. Desde o início desta obra, nenhuma autoridade quis ouvir a população e o objetivo é esse dar voz ao povo”, concluiu.
*https://odocumento.com.br/assusta-dizer-que-brt-custara-r470-milhoes-sem-projeto-executivo-diz-secretario-de-mobilidade-urbana/
Fonte - Revista Ferroviária 16/05/2021
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