As ferrovias e a cidade estão umbilicalmente conectados com a população local. Desde a chegada no aeroporto internacional Ferenc Liszt, é clara essa conexão.São duas linhas ferroviárias (uma de cada lado)acompanhando a avenida principal que liga o aeroporto ao centro da cidade. As mais de 40 linhas de bonde elétrico atravessam todo o centro interligando com 4 linhas de metrô que por sinal, são bastante simples de usar, já que 3 delas se cruzam em um único ponto.
Mídia News - Vicente Vuolo*
Quem visita Budapeste, logo percebe que não há como dissociar a ferrovia com a cidade. Eles estão umbilicalmente conectados com a população local. Desde a chegada no aeroporto internacional Ferenc Liszt, é clara essa conexão.
São duas linhas ferroviárias (uma de cada lado)acompanhando a avenida principal que liga o aeroporto ao centro da cidade. As mais de 40 linhas de bonde elétrico atravessam todo o centro interligando com 4 linhas de metrô que por sinal, são bastante simples de usar, já que 3 delas se cruzam em um único ponto.
Os charmosos bondinhos amarelos da linha 2 percorrem a margem leste do Danúbio passando pela famosa Ponte das Correntes (1849), pelo belíssimo Palácio do Parlamento (inaugurado no 1000º aniversário do país em 1896), Mercado Central (1896) e em todos os pontos turísticos da margem de Peste.
Um povo hospitaleiro, gentil, que convive num lugar ímpar, de ambiente peculiar
A última parada ao norte da linha é um ponto ideal para explorar a Ilha Margarida, o parque mais bonito da cidade. As linhas 19 e 41V faz um percurso similar ao da linha 2, mas pela margem do Buda. Conecta Batthyány Tér (Igreja de Santa Ana) com a colina de Gellart, sendo esse um bom ponto para visitar o Balneário Gellert e subir até a Citadella, fortaleza construída em 1854 pelos Habsburgo como forte de vigilância, localizada no ponto mais alto da cidade.
Esta viagem nos trilhos de Budapeste é acima de tudo uma autêntica excursão histórica, destacando-se o lado poético da cidade. Um povo hospitaleiro, gentil, que convive num lugar ímpar, de ambiente peculiar graças às românticas cadeias montanhosas de Buda, a planície de Peste e o Danúbio de águas cintilantes que divide as duas cidades – Buda e Peste.
É uma rica história, que está desenhada desde as ruínas pré-históricas de Aquincum, passando pelas casas góticas e renascentistas da Colina do Castelo de Buda, até aos palácios neo-renascentistas e edifícios em art nouveau de Peste, numa variedade arquitetônica impressionante.
Após séculos de sucessiva ocupação de celtas, romanos, hunos, eslavos, gépidas e ávaros, a Hungria foi fundada no final do século IX pelo Grão-Príncipe Húngaro Arpades durante o Honfoglalás ou “conquista da pátria”. Seu bisneto Estevão I subiu ao trono no ano 1000, quando converteu o país para um reino cristão.
Até o século XII, a Hungria era uma potência média no mundo ocidental, alcançando seu auge no século XV. Após a Batalha de Moháes, em 1526, e de cerca de 150 anos sob ocupação do Império Turco (1541-1699), a Hungria ressurge sob o domínio dos Habsburgos e, mais tarde, formou uma parte significativa do Império Austro-Húngaro (1867-1918).
A Hungria ganhou ampla atenção por conta da Revolução de 1956 ou Contra- Revolução. Essa Revolução foi uma revolta popular espontânea contra as políticas impostas pelo Governo da República Popular da Hungria e pela União Soviética e da abertura parcial de sua fronteira (anteriormente restrita com a Áustria), em 1989, o que acelerou o colapso de todo o Bloco do Leste (dominado pela União Soviética durante a Guerra Fria).
Em 23 de outubro de 1989, a Hungria tornou-se novamente uma República Parlamentar Democrática e atualmente tem uma economia de elevada renda, com alto índice de Desenvolvimento Humano (IDH).
Hoje em dia, podemos afirmar sem exageros, que Budapeste, além de capital da Hungria, é também a capital de toda a Europa Central, bem como um dos centros culturais mais importantes do mundo. Figuras proeminentes da cultura a nível mundial moldaram a vida intelectual da cidade, muitos compositores distintos, tais como Ferenc Liszt (nome que é denominado ao aeroporto internacional), Zoltán Kodály (um dos mais destacados músicos húngaros de todos os tempos), os mestres de belas-artes do século XX de fama internacional, László Moholy-Nagy e Lajos Kassák viveram em Budapeste.
Foi também nesta cidade onde Alexander Korda (com 50 filmes em seu currículo) realizou o seu primeiro filme e onde vários cientistas como János Neumann (um dos mais importantes matemáticos do século XX que participou do projeto Manhattan, responsável pelo desenvolvimento das primeiras Bombas-atômicas), Sándor Ferencsi (psicanalista, um dos mais íntimos colaboradores de Freud), Alberto Szent Gyorgyi (Prêmio Nobel de Fisiologia ou Medicina em 1937) e o filósofo social Károly Polányi desenvolveram os seus estudos.
O progresso de Budapeste ganhou ainda um maior dinamismo nas últimas décadas. Numerosos concertos, peças de teatro e novos lugares de entretenimento estão à disposição dos visitantes. Caminhar pelas ruas da cidade é uma terapia, pois é saudável e seguro. É prioridade a preservação do meio ambiente. Bicicletas fazem parte do cotidiano, só que com uma novidade. Maças são colocadas nos bancos de assento de cada uma para serem degustadas antes do passeio.
Por falar em passeio, caminhar pela Avenida Andrássy, um boulevard emblemático, que remonta ao ano de 1872, é apreciar casarões e palácios neorrenascentistas ecléticos. A majestosa avenida termina numa das praças mais representativas da cidade: O Monumento do Milênio, o mais belo exemplar da expressão do sentimento patriótico deste país.
O Arcanjo Gabriel ocupa a coluna central com a Coroa Sagrada na mão direita e a cruz dupla dos apóstolos na esquerda. As estátuas no pedestal representam os sete chefes lendários montados a cavalo que ocuparam a Bacia dos Cárpatos (quase todas da autoria do escultor Gyorgy Zala).
A viagem nos trilhos tem uma parada para o almoço. Afinal, ninguém é de ferro. O lugar é especial, considerado o mais belo café do mundo. O New York Café é parte da história e da vida literária húngara. O café é como uma caixa valiosa de tesouros distribuídos em vários ambientes. O teto hospeda os afrescos de Gusztáv
Mannheimer e Ferec Eisenhut, que remonta a meados dos anos 1.800.
Preciosos abajures venezianos difundem uma luz suave que reflete o dourado das colunas em estuque banhadas a ouro, criando uma miríade de cores. Em tom de despedida, um jantar num restaurante com vista panorâmica situado no alto de uma colina.
O prato só poderia ser o tradicional “goulash”, difundido em todo mundo. O folclore se fez presente, com danças típicas apresentadas por homens e mulheres, que se assemelha com a dança gaúcha. Para completar a noite, veio uma agradável surpresa. Fui convidado por uma dançarina húngara para dançar com os demais integrantes do grupo. Acredito não ter decepcionado.
*Vicente Vuolo é economista e cientista político
Fonte - Abifer 30/05/2018
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