Como cabe uma Europa em nosso país, como possuímos culturas regionais diferenciadas, gastronomia de excelente qualidade, paisagens deslumbrantes entre serras, praias e planícies, por que não fazer um passeio tipicamente europeu, norte-americano e asiático dentro do Brasil?Essa é a proposta dos 20 trens que já aderiram ao Projeto
Vicente Vuolo*
foto - ilustração |
A parceria entre SEBRAE e ABOTTC tem como objetivo beneficiar 20 linhas de trens e fortalecer cerca de 600 pequenos negócios do entorno das operações, entre lojas, pousadas e hotéis, restaurantes, artesanato local, serviços de táxis e guias de turismo situado nas imediações das linhas, além dos próprios funcionários das concessionárias dos trens.
Como cabe uma Europa em nosso país, como possuímos culturas regionais diferenciadas, gastronomia de excelente qualidade, paisagens deslumbrantes entre serras, praias e planícies, por que não fazer um passeio tipicamente europeu, norte-americano e asiático dentro do Brasil?
Essa é a proposta dos 20 trens que já aderiram ao Projeto: Trem do Corcovado (RJ); Trem das Montanhas Capixabas (ES); da Serra da Mantiqueira (MG); das Águas (MG); das Cachoeiras (MG); do Pantanal (MS; do Forró (PE); da Serra do Mar Paranaense (PR); Porto União a União da Vitória (PR/SC); do Vinho (RS); Vale do Taquari (RS); dos Pampas (RS); das Termas (SC); da Serra do Mar (SC); das Bromélias (SC); da Moita Bonita (SP); Expresso Turístico CPTM – Luz a Jundiaí; Expresso CPTM – Luz a Mogi das Cruzes; Expresso Turístico CPTM – Luz a Paranapiacaba; Trem da Estrada Real (RJ).
O povo brasileiro não cultiva o hábito de viajar de trem, comum aos americanos e europeus. Agora, com essas opções, os trens estruturados poderão levar os turistas a viagens incríveis pela história do Brasil, conhecer grandes e pequenas cidades do interior e provar a gastronomia local, visitar lojinhas de artesanato e curtir uma aventura que normalmente os brasileiros só fazem no exterior.
O Circuito das Águas, por exemplo, é um trajeto de São Lourenço a Soledade, no sul de Minas, num percurso de 10 km pela ferrovia construída pelos ingleses há 115 anos. Um legendário caminho de ferro percorrido por Dom Pedro II e sua comitiva imperial em busca do ameno clima mineiro e das águas medicinais da região. Já o passeio pelas Montanhas Capixabas, no trecho de 46 km, une história e cultura às belíssimas paisagens da Mata Atlântica. O trem é uma Litorina, com poltronas de couro, grandes janelas, ar-condicionado e serviço de bordo. A ferrovia foi inaugurada em 1895, conhecida por Leopoldina Highway, em homenagem a Maria Leopoldina, primeira imperatriz do Brasil. Outra atração muito requisitada é a ferrovia imperial Curitiba-Paranaguá, inaugurada em 1880, considerada impossível de ser realizada por inúmeros engenheiros europeus da época. São 110 km de pontes, túneis que se perpetuam no tempo. Um magnífico e arrojado projeto que propicia aos passageiros um verdadeiro êxtase com a maravilhosa paisagem.
Estamos entrando em uma nova era da economia mundial. É a chamada era do conhecimento, onde as tecnologias sofisticadas geram produtos e serviços altamente rentáveis. A educação, a ciência e a pesquisa se unem e geram produtos e soluções. Porém, um setor da atual economia permanecerá entre as atividades mais rentáveis e sustentáveis. É justamente o turismo. Esse setor, que se manterá rentável e forte gerador de emprego. O Brasil, até agora, caminhou bem devagar no inventivo ao turismo. Precisamos dar força a essa locomotiva. Colocar energia e mais investimentos nesse setor irá trazer desenvolvimento limpo, gerar empregos e distribuir renda.
Defender a ideia dos trens de turismo, por isso, é pensar estrategicamente no futuro, na modernidade e na sustentabilidade.
*Vicente Vuolo é economista, cientista político e analista legislativo do Senado Federal.
Fonte - Diário de Cuiabá 03/07/2015
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