quarta-feira, 10 de junho de 2015

Metrô mais congestionado do mundo se prepara para os Jogos Olímpicos de 2020

Internacional

Embora o sistema ferroviário de Tóquio pareça estar completamente saturado, ele está se preparando para um desafio ainda maior, pois a cidade está se transformando para receber seus primeiros Jogos Olímpicos desde 1964.A capital japonesa está investindo 51,4 bilhões de ienes (US$ 410 milhões) só neste ano fiscal para os jogos de 2020.

Bloomberg
foto - ilustração/rockntech
É segunda-feira de manhã e Tóquio está voltando ao trabalho depois do feriado da Golden Week (Semana Dourada). Às 8h16, na estação Shinjuku, a mais movimentada do mundo, as filas de pessoas esperando se confundem com as da plataforma oposta. O cheiro de folhados de uma padaria paira sobre o fluxo de pessoas que estão chegando.
Quando um trem se aproxima da plataforma 2 da linha Marunouchi, o número 50 aparece em um painel digital, indicando que o trem permanecerá na estação 50 segundos a mais do que o normal. Isso se deve a que o trem seguinte, que deve chegar em 2 minutos, se atrasou e já está cheio. A cada 12 segundos de atraso, agregam-se 80 pessoas e o trem fica 10 por cento mais cheio, de acordo com a Tokyo Metro Co.
O relógio começa a fazer a contagem regressiva e o chefe de estação assistente Takashi Arai sobe em uma plataforma de madeira.
"30...20...10...". Dezenas de pessoas continuam entrando no trem. "5...4...3...". Alguns passageiros desesperados correm nas entradas já repletas.
"Por favor, não force sua entrada", diz Arai, 58, pelo microfone, com uma voz educada, calma e assertiva.
As portas se fecham e Arai se assegura de que não tenha ficado de fora nenhum braço, perna, bolsa, camisa ou calça. Ele levanta o dedo indicador e o trem vai embora.
Um minuto depois, o próximo trem chega. Está abarrotado de gente.
Todos os dias, o metrô e os trens de Tóquio realizam uma das maiores operações logísticas do mundo e levam ao trabalho uma metrópole de 38 milhões de pessoas, várias delas viajam durante horas. Quanto mais perto chegam do centro, mais os vagões ficam congestionados. Na famigerada linha Tozai, respeitosos funcionários empurram as pessoas para dentro dos vagões nos horários de pico.

Jogos Olímpicos
Embora o sistema ferroviário de Tóquio pareça estar completamente saturado, ele está se preparando para um desafio ainda maior, pois a cidade está se transformando para receber seus primeiros Jogos Olímpicos desde 1964.
A capital japonesa está investindo 51,4 bilhões de ienes (US$ 410 milhões) só neste ano fiscal para os jogos de 2020. A Tokyo Metro, a maior das duas principais operadoras de metrô da cidade, vai acrescentar uma nova estação em um corredor que conecta as principais sedes e a vila olímpica. A empresa também anunciou uma reforma de 400 bilhões de ienes para as linhas existentes.
O primeiro-ministro japonês Shinzo Abe disse que quer incrementar o número de visitantes no Japão para 20 milhões por volta das Olimpíadas, em comparação com os 13,4 milhões do ano passado. A facilidade da Tokyo Metro para lidar com esse influxo está nas mãos de um pequeno grupo de funcionários em um edifício bege e atarracado que fica em uma estreita viela residencial, longe da lotada estação Shinjuku.

Centro de controle
Dentro, depois de passar por um recepcionista solitário, uma porta no andar de cima tem uma placa que diz: "Centro de Controle Integrado".
Trata-se do coração da Tokyo Metro, um lugar cuja localização é mantida em segredo por questões de segurança, onde grandes telas eletrônicas na parede mostram o status dos trens à medida que eles percorrem rapidamente 179 estações.
Às 8h23 de um dia de semana, a hora do rush está no ápice de sua atividade e Yoshimasa Koike, 53, acabou de começar um turno de 24 horas como um dos supervisores (eles se alternam para descansar nos quartos disponíveis ali mesmo). Daqui, ele e o co-supervisor Akira Ishizuka inspecionam em média 6,8 milhões de passageiros por dia.
Fator humano Ishizuka, 54, está a cargo de cinco linhas de metrô nesta manhã. Como o restante do sistema, ele não conta somente com a tecnologia. A maioria das situações que surgem são resolvidas conversando diretamente com os controladores, condutores e funcionários da plataforma.
Às 9h23, Koike estampa seu carimbo em duas folhas de papel que detalham os acontecimentos e atrasos da manhã e envia-as por fax para toda a empresa. Além de um passageiro que passou mal, uma mulher sofreu uma agressão sexual. A linha Chiyoda teve o atraso mais longo: 11 minutos e 36 segundos.
Nem sempre as coisas funcionam tão tranquilamente. Se houver um acidente ou uma pane grave, engenheiros, técnicos e operadores entram em ação para definir como transportar os passageiros por outras rotas e consertar a avaria. Como alguns trens funcionam a quase 200 por cento do tráfego ideal mesmo em um dia comum, a famosa educação japonesa pode começar a se desgastar.
"Há certa dose de tensão", disse Arai, com um típico eufemismo, depois de seu turno na plataforma da estação Shinjuku, que tem mais de 200 saídas no total. Ele disse que a interação humana é o que mantêm a operação em funcionamento. "A segurança e a eficiência dependem dos meus olhos. Mesmo que outros deem o sinal de OK, sempre confirmo pessoalmente".
Fonte - ABIFER  09/06/2015

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito