O Plebiscito Popular da Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político produziu uma unidade entre as forças sociais e populares que não se via desde a campanha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), comprovando a força desta proposta no atual momento histórico.
Editorial do jornal Brasil de Fato
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O Plebiscito Popular da Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político produziu uma unidade entre as forças sociais e populares que não se via desde a campanha contra a Área de Livre Comércio das Américas (Alca), comprovando a força desta proposta no atual momento histórico.
Foram mais de 100 mil militantes e ativistas voluntários em todo o país, a imensa maioria de jovens, dedicando-se de forma incansável em instalar urnas em toda parte. O primeiro Plebiscito Popular da era das redes sociais produziu uma infinidade de imagens, gerando a bem-humorada modalidade que foi apelidada de #PlebiSelfie, envolvendo artistas, intelectuais, lideranças populares numa campanha onde todos puderam acompanhar o ânimo e o esforço militante nos mais distantes pontos.
Mais uma vez, a força das redes sociais driblou a proposital omissão da grande mídia. A grande mídia limitou-se a coberturas locais e artigos críticos, desqualificando a campanha e os participantes. Nada impediu que a mobilização ganhasse a proporção que tomou.
O elemento mais original deste plebiscito popular, quando comparado às experiências anteriores, foi a participação dos trabalhadores. Uma enorme quantidade de urnas em fábricas e empresas marcaram o envolvimento do movimento sindical. Centenas de escolas e universidades realizaram debates e o tema da Constituinte ganhou força na juventude.
Hoje, não resta dúvida de que, se novas circunstâncias possibilitarem novamente grandes mobilizações da juventude, a bandeira da “Constituinte Já” ganhará as ruas. Não só porque a unidade consagrada entre os principais movimentos sociais irá assegurar sua presença, como pelo resultado do formidável trabalho pedagógico construído no Plebiscito Popular.
A primeira batalha foi vitoriosa. Porém, a conquista de uma Constituinte não será tarefa fácil. Será necessário conquistar um plebiscito oficial, com valor legal, com a mesma pergunta: “Você é a favor de uma Constituinte Exclusiva e Soberana do Sistema Político?” E o Congresso Nacional detém a prerrogativa de convocar um Plebiscito Legal.
Sabemos que sem muita pressão social, uma vitória que incomoda tanto os interesses da classe dominante é impossível. Recordemos que mesmo a campanha das “Diretas Já”, nossa maior mobilização social, que mais acumulou forças para a luta popular não conseguiu aprovar a Emenda Dante de Oliveira que restabelecia eleições presidenciais diretas.
Isso somente será possível se os mais de 1.800 comitês populares que se conformaram ao longo da preparação do Plebiscito Popular forem capazes de se manter atuantes, conservando a preciosa unidade entre as diversas forças políticas e novos ativistas que trabalharam juntos nos últimos meses.
Estamos assistindo a uma ofensiva política conservadora, que aposta todas as fichas em derrotar as conquistas obtidas nas últimas décadas. Assistimos a isso no formato diretamente golpista em Honduras e no Paraguai, nas últimas eleições em que se construíram candidaturas muito bem patrocinadas nos vários países do continente e nos intensos ataques contra o governo Maduro na Venezuela. Seria muita ingenuidade imaginar que não aproveitariam a conjunção de uma quadro recessivo com as eleições brasileiras.
Com o atual sistema político em que o Parlamento é hegemonizado por grandes grupos econômicos, nenhum avanço social será possível. Não basta uma mera reforma eleitoral, mudar o sistema político é mudar suas bases constitucionais. Daí por que a proposta de uma Constituinte incomoda tanto os conservadores.
O maior resultado deste plebiscito popular não será medido em números. É ter conquistado corações e mentes da juventude. Esta é a garantia de que a bandeira da “Constituinte já” seguirá ganhando força. E todos os que trabalharam incansavelmente nesta campanha levarão pro resto da vida o orgulho de terem deflagrado o movimento que mudará o curso de nossa história.
Fonte - Blog do Miro (Altamiro Borges) 10/09/2014
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