Mesmo com um serviço ainda precário, ramal do metrô tem atraído passageiros na região, um fenômeno que se repete em outras linhas e que deveria ser comemorado.Ônibus perdem 4 em cada 10 passageiros com o monotrilho em SP”
Metrô/CPTM
foto - ilustração/Pregopontocom 11/19 |
Sim, meus caros, na grande imprensa não se pode abordar um fato pelo seu ângulo positivo mesmo que ele signifique mais qualidade de vida ou menos poluição no ar, como é o caso da natural atração da Linha 15-Prata em relação aos ônibus que circulam. Pelo contrário, o fato de boa parte dos passageiros ter decidido mudar de modal é visto como um problema, afinal temos ônibus rodando vazios na região.
É verdade que, ao abordar a letargia da prefeitura de São Paulo em remanejar linhas que perderam demanda e o fato de que na capital paulista as viações ganham transportando ou não passageiros sejam problemas que deveriam ser resolvidos, mas isso é um efeito colateral de uma melhoria na mobilidade. Mesmo ainda distante de ter um serviço estável, a Linha 15-Prata já impacta positivamente a vida de milhares de pessoas na Zona Leste, número que vai triplicar nos próximos meses após a abertura das estações Sapopemba, Fazenda da Juta e São Mateus.
Não é vergonha alguma admitir isso, daí o título desse artigo enxergar o “copo meio cheio” em vez de “meio vazio”. Sim, o fato em si é o monotrilho ganhar passageiros dessas linhas e não estas perderem usuários, afinal de contas a capital paulista mantém uma rede de transporte por ônibus que faz o papel do trem justamente pela ausência de uma rede sobre trilhos à sua altura. A situação só não é mais contrastante porque ônibus e trens são tratados como rivais e não como complementos de um mesmo sistema.
Se o ônibus assumisse seu papel de alimentador em regiões onde há linhas de metrô e trem não haveria tanta distorção. No entanto, em São Paulo corredores sobrevivem por conta do custo extra para usar ônibus+metrô, por exemplo. Embora a integração tenha algum desconto dependendo de alguns fatores, é um valor que a maior parte dos usuários não pode bancar e acaba seguindo viagem dentro desses veículos mesmo perdendo um tempo precioso de seu dia.
No entanto, quando a linha de ônibus faz praticamente o mesmo percurso do trem a queda de usuários nos últimos anos onde foram abertas novas estações é enorme, como mostrou o jornal ao chegar aos números apresentados no texto. A linha 5110-23, que liga Jardim Planalto até o Mercado Municipal, citada pelo Agora, perdeu metade dos usuários entre 2019 e 2018. Quando olhamos para o movimento no final de novembro, esse número é até superior: queda de 60% na demanda.
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Um dia a mais por mês de tempo livreLinha 5 do Metrô: ir do Largo 13 até Santa Cruz em metade do tempo já fez linha de ônibus perder 70% do seu movimento
O fenômeno não é isolado. No eixo onde hoje circula a Linha 5-Lilás que, desde o final de 2018, está conectada às linhas 1-Azul e 2-Verde, há linhas de ônibus ainda mais afetadas como é o caso da 675L-10, que sai do Terminal Santo Amaro e faz ponto final no terminal Santa Cruz. Se em novembro de 2017, essa linha de ônibus transportou 16,9 mil pessoas na última sexta-feira do mês, um ano depois esse volume havia caído para 6 mil usuários e no mesmo período do ano passado, para somente 4,8 mil passageiros, uma queda de 71% em dois anos.
Até mesmo na Linha 4-Amarela, que ainda não atende regiões mais periféricas, o impacto da chegada do ramal até a estação São Paulo-Morumbi já refletiu em queda em linhas de ônibus importantes do corredor da avenida Francisco Morato. É o caso das linhas 8700 que vão de Campo Limpo ao centro da capital paulista. Em 2017, em um dia de novembro, elas levaram cerca de 42 mil passageiros e dois anos depois esse número havia se reduzido para 34 mil usuários, uma queda de 18%, aproximadamente. Quando a estação Vila Sônia for inaugurada, entre o final deste ano e início de 2021, essa demanda certamente sofrerá outro impacto.
A explicação é óbvia: metrô e trens têm em geral um serviço muito superior, seja em acessibilidade, segurança, limpeza e, sobretudo, velocidade. Quem embarca na estação São Paulo-Morumbi e segue até República ganha 26 minutos em relação ao corredor de ônibus, segundo informações do Google Maps. Já quem decide embarcar na estação Largo 13 da Linha 5 com destino à Santa Cruz economiza em média 28 minutos comparado ao ônibus, ou seja, faz o mesmo trajeto em metade do tempo. Dependendo do local de embarque, um passageiro que antes levava 90 minutos entre a região de São Mateus e o centro hoje pode gastar menos de uma hora.
Em uma conta simples, uma pessoa que economize uma hora diariamente para ir e voltar do trabalho terá conseguido acumular quase um dia inteiro por mês. É uma conta que mostra claramente como o transporte sobre trilhos é imprescindível para São Paulo, mesmo que o custo de implantá-lo seja alto em números absolutos. Os benefícios, no entanto, são enormes e mais duradouros, como muita gente está começando a descobrir, felizmente.
O fenômeno não é isolado. No eixo onde hoje circula a Linha 5-Lilás que, desde o final de 2018, está conectada às linhas 1-Azul e 2-Verde, há linhas de ônibus ainda mais afetadas como é o caso da 675L-10, que sai do Terminal Santo Amaro e faz ponto final no terminal Santa Cruz. Se em novembro de 2017, essa linha de ônibus transportou 16,9 mil pessoas na última sexta-feira do mês, um ano depois esse volume havia caído para 6 mil usuários e no mesmo período do ano passado, para somente 4,8 mil passageiros, uma queda de 71% em dois anos.
Até mesmo na Linha 4-Amarela, que ainda não atende regiões mais periféricas, o impacto da chegada do ramal até a estação São Paulo-Morumbi já refletiu em queda em linhas de ônibus importantes do corredor da avenida Francisco Morato. É o caso das linhas 8700 que vão de Campo Limpo ao centro da capital paulista. Em 2017, em um dia de novembro, elas levaram cerca de 42 mil passageiros e dois anos depois esse número havia se reduzido para 34 mil usuários, uma queda de 18%, aproximadamente. Quando a estação Vila Sônia for inaugurada, entre o final deste ano e início de 2021, essa demanda certamente sofrerá outro impacto.
A explicação é óbvia: metrô e trens têm em geral um serviço muito superior, seja em acessibilidade, segurança, limpeza e, sobretudo, velocidade. Quem embarca na estação São Paulo-Morumbi e segue até República ganha 26 minutos em relação ao corredor de ônibus, segundo informações do Google Maps. Já quem decide embarcar na estação Largo 13 da Linha 5 com destino à Santa Cruz economiza em média 28 minutos comparado ao ônibus, ou seja, faz o mesmo trajeto em metade do tempo. Dependendo do local de embarque, um passageiro que antes levava 90 minutos entre a região de São Mateus e o centro hoje pode gastar menos de uma hora.
Em uma conta simples, uma pessoa que economize uma hora diariamente para ir e voltar do trabalho terá conseguido acumular quase um dia inteiro por mês. É uma conta que mostra claramente como o transporte sobre trilhos é imprescindível para São Paulo, mesmo que o custo de implantá-lo seja alto em números absolutos. Os benefícios, no entanto, são enormes e mais duradouros, como muita gente está começando a descobrir, felizmente.
Fonte - Abifer 14/01/2020
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