As redes metroviárias de Pequim e Xangai, em especial, tiveram crescimento assombroso, se tornando os dois maiores sistemas do mundo em extensão de linhas. Em 2016, Xangai totalizava 637 quilômetros de linhas, e Beijing, 599,4 quilômetros. Pequim teve seu metrô inaugurado em 1979 e Xangai, em 1993. As duas cidades ultrapassaram em quilometragem os sistemas de cidades como Londres, o mais antigo, inaugurado em 1863, com 420 quilômetros, e Nova York, de 1904, com 331 quilômetros.
Jornal Nexo - RF
foto - ilustração/metrô de Xangai |
O que o país já tem
No ano de 1990, a China tinha 1,1 bilhão de habitantes e sistemas de metrô em apenas três cidades: a capital Pequim, Hong Kong e Tianjin. Até 2020, serão 38 cidades com metrôs, com sistemas em 60 novas cidades planejados para os anos seguintes.
As redes metroviárias de Pequim e Xangai, em especial, tiveram crescimento assombroso, se tornando os dois maiores sistemas do mundo em extensão de linhas. Em 2016, Xangai totalizava 637 quilômetros de linhas, e Beijing, 599,4 quilômetros. O aumento das duas redes tem sido exponencial, se levarmos em conta seu tempo de operação: Pequim teve seu metrô inaugurado em 1979 e Xangai, em 1993. As duas cidades ultrapassaram em quilometragem os sistemas de cidades como Londres, o mais antigo, inaugurado em 1863, com 420 quilômetros, e Nova York, de 1904, com 331 quilômetros.
O metrô de São Paulo, inaugurado cinco anos antes do sistema de Pequim, tem hoje 80,2 quilômetros de linhas. Investimentos são maciços De acordo com informações divulgadas pelo governo chinês em 2016, o país prevê investimentos de US$ 148 bilhões em metrôs até 2020 (cerca de R$ 463 bilhões). A título de comparação, em 2016, o governo de São Paulo investiu R$ 2,34 bilhões no metrô da capital paulista, o menor valor em cinco anos. Em 2015, o valor havia sido de R$ 3,3 bilhões, em valores do ano passado. O orçamento do Ministério dos Transportes do Brasil para 2015 foi de pouco mais de R$ 20 bilhões. A China priorizou o transporte sobre trilhos em suas cidades nas últimas décadas. Nesse período, a expansão urbana apresentou números recordes no país. Em 2017, a China registrou 102 cidades com mais de um milhão de habitantes. Nove cidades têm áreas urbanas que concentram mais de dez milhões de pessoas. Até pouco tempo, cidades imensas dependiam apenas do transporte sobre rodas para a mobilidade dos habitantes. A cidade de Hangzhou tinha mais de 9 milhões de habitantes em 2012, mas não contava com sistema de metrô. No fim do mesmo ano, ganhou suas primeiras estações.
Para o governo chinês, a construção frenética de sistemas de trilhos é uma corrida contra a asfixia por poluição e congestionamento de suas metrópoles. Nos últimos 20 anos, com o crescimento do país, centenas de milhões de chineses puderam comprar um carro pela primeira vez. Mesmo que boa parte dos sistemas de metrô sejam deficitários, como o de Xangai, o investimento é considerado válido por minimizar as consequências da explosão urbana. Outros elementos que favorecem a rapidez são baixo custo de mão de obra, simplicidade de desapropriação de imóveis (em um país em que a maior parte das propriedades pertence ao próprio governo) e a facilidade em driblar a burocracia devido à prioridade dada pelas administrações federais e locais aos projetos. Críticas ao modelo Entretanto, há quem julgue alguns dos sistemas em cidades menores como gastos desnecessários. Em entrevista à revista The Economist, Zhao Jian, economista da universidade Jiaotong, em Pequim, declarou que cerca de metade dos sistemas do país poderiam ser substituídos por veículos leves de superfície, mais baratos. Para o urbanista Shi Nan, os gastos operacionais com sistemas de metrôs são “um poço sem fundo”, uma conta com a qual as gerações futuras terão de arcar. De acordo com o especialista, os líderes atuais escolhem projetos grandiosos por motivos políticos. Além disso, há críticas à qualidade de muitas das obras de infraestrutura urbana, inclusive de dentro do próprio governo. Em um artigo de 2015, Zuo Kun, vice-presidente executivo do Banco de Desenvolvimento da China, chamou a atenção para a “baixa qualidade” de boa parte da nova infraestrutura urbana, além de “baixos padrões nas práticas de construção e gerenciamento operacional de projetos”.
Fonte - Revista Ferroviária 06/01/2018
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