O ato saiu da Rua do Hospício,percorreu a Avenida Conde da Boa Vista e terminou na Praça do Derby.Os manifestantes criticaram empresários de ônibus e também o governador de Pernambuco,Paulo Câmara,por não ter implementado uma promessa de campanha.
Correspondente da Agência Brasil
Sumaia Villela/Agência Brasil |
O ato saiu da Rua do Hospício, percorreu a Avenida Conde da Boa Vista e terminou na Praça do Derby. Os manifestantes criticaram empresários de ônibus e também o governador de Pernambuco, Paulo Câmara, por não ter implementado uma promessa de campanha. O carro de som da manifestação tocou várias vezes um discurso de Câmara em que ele prometia, na campanha eleitoral, tarifa única de R$ 2,15 nos ônibus da RMR, além de bilhete único para pegar mais de um transporte sem pagar mais de uma passagem.
A intenção dos organizadores do protesto, como a Frente de Luta pelo Transporte Público (FLTP), é pressionar Paulo Câmara a barrar o reajuste, aprovado pelo Conselho Superior de Transporte Metropolitano (CSTM) em reunião que durou menos de cinco minutos. O representante do segmento estudantil no colegiado, Márcio Morais, integrante da FLTP, disse que seu pedido de vista foi negado e criticou a forma como o aumento foi aprovado.
"Na sexta-feira passada, o governo de Pernambuco mais uma vez não disponibilizou a planilha analítica que identificaria item por item para saber como eles chegaram a esse montante do aumento. Além disso, votaram um aumento de 14,26% que eles sabiam, iria onerar muito o bolso do trabalhador. Não teve debate nem transparência", criticou Morais.
Ele entrou com um mandado de segurança para anular a reunião que decidiu pelo aumento. Também pediu uma auditoria nas contas que definiram o reajuste. O processo começará a ser analisado amanhã (18) pelo desembargador Itabira de Brito, de acordo com a assessoria de comunicação do Tribunal de Justiça de Pernambuco.
A Agência Brasil tentou contato com o Grande Recife Consórcio de Transporte, responsável pelo gerenciamento do setor, mas os telefones da assessoria de comunicação e o geral não atendeam e o e-mail enviado não teve retorno.
Preço, qualidade e segurança
A maior parte dos manifestantes era de estudantes, entidades representativas, movimentos sociais e partidos, mas tinha também os que foram de forma espontânea depois de ver o evento criado no Facebook.
Anni Carolyne, 19 anos, estuda para o vestibular e pega três ônibus só para ir ao curso. O custo diário, ida e volta, é de R$ 17,20. Ela também trabalha e diz que sente no bolso o aumento. "A gente enfrenta um caos de engarrafamento todos os dias. As vias livres são só pra BRT, então o ônibus comum sofre igual no trânsito. A passagem é absurda e o ônibus é lotado. Fora os assaltos. Já perdi dois celulares em dois meses".
Trabalhadores informais, que não têm vale transporte, também reclamam do aumento da passagem. A vendedora de pipoca Benedita Maria da Silva, 53 anos, acompanhava os discursos do ato enquanto tentava gerar alguma renda. Ela disse que pega dois ônibus diariamente para chegar ao seu local de trabalho: a Rua do Hospício.
"Foi muito triste, porque a gente não tem condições de vender um pacote de pipoca ganhando R$ 5 e pagar duas passagens a R$ 6,40", compara, já calculando de onde vai tirar o valor extra. "Ou eu pago a passagem, ou fico sem almoçar, com fome. Ou deixo de comprar pipoca e ganho menos", diz, acrescentando que já considerava o preço anterior caro em relação à qualidade do serviço.
A passagem de ônibus na RMR tem valor variado, conforme o trajeto. O anel A subiu de R$ 2,80 para R$ 3,20; o B, de R$ 3,85 para R$ 4,40; o D, de R$ 3,00 para R$ 3,45; e o G foi de R$ 1,85 para R$ 2,10. O reajuste é cerca do dobro do acumulado pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2016.
O Grande Recife justificou o reajuste das tarifas de ôibus pelo aumento salarial concedido a rodoviários, renovação da frota, instalação de câmeras de segurança e o aumento do preço de produtos utilizados no serviço.
Fonte - Agência Brasil 17/01/2017
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