Eleito com o slogan "Acelera São Paulo", o novo prefeito da cidade, João Dória, está programando a entrada em vigor das novas velocidades para o dia 25 de janeiro, mas a decisão está sendo fortemente contestada por especialistas em engenharia de tráfego e por organizações da sociedade civil. A gestão anterior, de Fernando Haddad, havia iniciado um programa de redução de velocidade do tráfego nas grandes avenidas, em sintonia com ações de redução de mortes no trânsito em cidades como Paris, Barcelona, Bogotá, Nova York, Londres e Curitiba.
Ciclocidade/Mobilize
foto - ilustração/arquivo |
Eleito com o slogan "Acelera São Paulo", o novo prefeito da cidade, João Dória, está programando a entrada em vigor das novas velocidades para o dia 25 de janeiro, mas a decisão está sendo fortemente contestada por especialistas em engenharia de tráfego e por organizações da sociedade civil. A gestão anterior, de Fernando Haddad, havia iniciado um programa de redução de velocidade do tráfego nas grandes avenidas, em sintonia com ações de redução de mortes no trânsito em cidades como Paris, Barcelona, Bogotá, Nova York, Londres e Curitiba.
“Não dá para testar programas desse porte em vidas humanas”, resume Rene Fernandes, diretor da Ciclocidade. “Quando o presidente da CET fala do programa Marginal Segura, considera melhorar a fluidez do tráfego e o número de veículos, mas ignora a possibilidade de atropelamentos e colisões que vão ocasionar lesões corporais e mortes", completa.
O princípio básico da engenharia de mobilidade é preservar a vida e a saúde das pessoas e não apenas fazer com que cheguem mais rápido nos lugares, afirma o documento da Ciclocidade. As Marginais Pinheiros e Tietê são alguns dos corredores por onde mais circulam pessoas, em todos os modos de transporte. Em dezembro, a Ciclocidade e a Cidadeapé - Associação pela Mobilidade a Pé em São Paulo, que apoia a Ação Civil, realizaram duas contagens conjuntas de pedestres e ciclistas.
Em apenas um ponto da marginal Pinheiros, mais de 19,3 mil pedestres circularam no período entre 6h e 20h, horário em que o levantamento costuma ser realizado; na ponte da Freguesia do Ó, na Marginal Tietê, foram 643 ciclistas. Esse número é superior à população de mais da metade dos municípios brasileiros, mesmo deixando de incluir os condutores de carros, motos e caminhões que trafegam nas Marginais.
A menos de uma semana do início do programa ‘Marginal Segura’, a implantação das novas velocidades não contou com a realização de audiências públicas, debates técnicos e só foi apresentada para o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte (CMTT) após forte pressão das próprias conselheiras e conselheiros.
Na apresentação ao CMTT, Sérgio Avelleda, Secretário Municipal de Mobilidade e Transportes, aumentou as incertezas sobre os estudos que supostamente embasam a decisão de elevar os limites de velocidade e que até agora não foram divulgados, ao anunciar um suposto ganho de 15 minutos para motoristas que cruzam ambas as marginais de ponta a ponta. Para ganhá-los, no entanto, esses mesmos motoristas teriam que desrespeitar as velocidades permitidas tanto nos limites atuais da via expressa (70km/h) como nos pretendidos (90km/h), uma vez que a diferença de tempo para quem trafega dentro das duas máximas permitidas soma 9 minutos.
O arcabouço jurídico vigente prevê, para garantir a segurança de pedestres e ciclistas, a adoção de medidas de redução de velocidades de veículos automotores, além da participação social efetiva nas políticas de mobilidade. Entre tais normas estão a Política Nacional de Mobilidade Urbana, o Plano Diretor Estratégico da cidade de São Paulo e o Plano Municipal de Mobilidade Urbana.
A ação da Ciclocidade pede a concessão de tutela de urgência liminar, determinando que a Prefeitura se abstenha de praticar qualquer ato, mesmo que preparatório, que implique no aumento das velocidades máximas de tráfego nas Marginais Pinheiros e Tietê. Requer também que o programa “Marginal Segura” seja submetido à efetiva apreciação e discussão no Conselho Municipal de Trânsito e Transporte, com tempo hábil para respostas, que haja audiências públicas e debates técnicos com especialistas sobre o tema e que seja demonstrado tecnicamente que o aumento das velocidades máximas não irá acarretar no aumento de colisões ou atropelamentos.
O processo correrá na 4ª Vara de Fazenda Pública (Foro Central)
Fonte - Mobilize 20/01/2017
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