Com uma fórmula de tecnologia avançada e baixos preços, não parece haver lugar que resista à força da China no campo ferroviário. Raras são as semanas que o país não anuncia algum tipo de acordo, tais como substituir as arcaicas locomotivas do metrô de Boston ou enviar trens à Malásia.
EFE
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Com uma fórmula de tecnologia avançada e baixos preços, não parece haver lugar que resista à força da China no campo ferroviário. Raras são as semanas que o país não anuncia algum tipo de acordo, tais como substituir as arcaicas locomotivas do metrô de Boston ou enviar trens à Malásia.
Foi assinado no final do mês passado um contrato milionário entre a China Railway Construction Corp e a Nigéria para construir uma linha ferroviária unindo Lagos, a capital econômica nigeriana, a Calabar - maior contrato feito por uma empresa chinesa no exterior.
No entanto, este megaprojeto foi rapidamente ofuscado em função da divulgação feita por um jornal chinês sobre Pequim estar negociando com a Índia a possibilidade de construir a primeira ferrovia de alta velocidade entre as cidades de Nova Deli e Chennai.
Consolidado como o país com a maior rede de trens de alta velocidade do mundo, a China também completou há meses uma linha ferroviária em Angola (que comprou 45% de sua produção petrolífera em 2013), e anunciou pouco antes que construirá uma via entre a capital do Quênia, Nairóbi, e Mombaça.
Ao finalizar em 2018 o corredor que substituirá o centenário Lunatic Express, mencionado em clássicos de Hemingway e Kapuscinsky, Pequim planeja estendê-lo a Uganda, Ruanda, Burundi e Sudão do Sul, um projeto que pretende mostrar que o 'sonho Africano' não se limita a um safari em busca de matérias-primas.
Aparentemente Pequim começa a modificar as regras após países africanos denunciarem em algumas ocasiões que a China transferia suas políticas trabalhistas exploratórias, tais como a baixa contratação de mão de obra local.
'Em algumas áreas as normas de trabalho chinesas já alcançaram padrões internacionais, por isso muitas pessoas estão mais dispostas a trabalhar para eles', disse à Agência Efe Eric Joshua, jornalista e produtor de cinema da Zâmbia.
No entanto, o país, que se beneficia destas construções em função do fato de proverem acesso a matérias-primas e agilizarem sua distribuição, permanece enfrentando críticas e receio de alguns países.
Recentemente, o presidente mexicano revogou uma licitação que havia sido concedida ao consórcio estatal chinês CRC para construir o primeiro trem de alta velocidade no país norte-americano em função de suspeitas sobre a transparência da competição.
A polêmica decisão coincidiu com a visita do presidente Enrique Peña Nieto à China por ocasião da cúpula do Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico, que aconteceu nos dias 10 e 11 de novembro, e representou uma crise diplomática entre México e China.
Enquanto o governo de Xi Jinping faz planos para impulsionar uma dupla 'Rota da Seda', terrestre e marítima, que dê um novo ar às rotas comerciais com a Ásia ocidental e do sul, os projetos chineses na América são percebidos, em algumas circunstâncias, como uma tentativa de fazer frente aos dos Estados Unidos na região Ásia-Pacífico.
Entre projetos colossais, a ideia da China, de unir as costas do Pacífico e do Atlântico através de uma linha ferroviária Peru-Brasil, recebe destaque, recebeu, inclusive, o beneplácito do presidente peruano, Ollana Humala, em sua visita a Pequim pela cúpula da Apec.
Projetos como a linha interoceânica, com a qual a China defende os seus interesses comerciais, diversifica as importações e espera reduzir os custos de transporte.
'Aparentemente o governo do presidente Xi Jinping reforçou a ênfase no desenvolvimento de infraestrutura', disse à Efe Alice Ekman, pesquisadora responsável pela China no Instituto Francês de Relações Internacionais (IFRI).
Alice acrescenta que estas construções 'são um dos eixos da estratégia de internacionalização da China e de suas grandes empresas estatais para diversificar a distribuição de energia'.
Este processo não tem previsão de recuo: um dos planos mais extravagantes de Pequim é construir uma linha de trem submarina sob o estreito de Bering, para unir a Sibéria ao Alasca e também conectar a China aos EUA.
Os dois maiores fabricantes de trens do país (China CNR Corp e CSR Corp), especialistas em trens de alta velocidade, estudam uma fusão, o que criaria um gigante no setor.
'A sabedoria chinesa para construir uma economia mundial aberta cresce a cada dia', se vangloriou recentemente um editorial da agência de notícias 'Xinhua'.
Fonte - Revista Ferroviária 14/12/2014
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