Segundo o coordenador de monitoramento de recursos ambientais e hídricos do Inema, Eduardo Topázio, 17% destes rios estão em condições péssimas e 64% estão ruins. Outros 8% estão bons e 11% regulares.
Davi Lemos
A Tarde
Crianças brincam e nadam na Lagoa da Paixão, apesar do mau cheiro da água Raul Spinassé | Ag. A TARDE |
O estudo que indica o índice de qualidade da água estabelece cinco parâmetros de qualidade: péssimo, ruim, regular, bom e ótimo. Nenhum dos rios soteropolitanos atingiu a indicação de ótimo.
Segundo o coordenador de monitoramento de recursos ambientais e hídricos do Inema, Eduardo Topázio, 17% destes rios estão em condições péssimas e 64% estão ruins. Outros 8% estão bons e 11% regulares.
"Muitos rios da cidade nem são mais reconhecidos como tal. As pessoas pensam que são esgoto", comentou Topázio, que divulgou ontem os dados do estudo, véspera da celebração do Dia Mundial da Água.
Eduardo Topázio aponta a ocupação irregular de terras e a falta de saneamento básico como principais contribuidores para a degradação dos rios. E ele acrescentou: "Se considerarmos o total de mananciais em Salvador, levando-se em conta os lagos, as estatísticas estão muito próximas", comparou.
Lagoa da Paixão
Enquanto crianças e adolescentes tomavam distância e pulavam nas águas poluídas da Lagoa da Paixão, em Fazenda Coutos, a auxiliar de serviços gerais Eliene dos Santos, 54, mantinha o olhar fixo nas águas da lagoa.
Desempregada, mãe de 11 filhos e com 18 netos, ela vai às margens com vara de pescar na esperança de tucunarés, traíras ou tambaquis. "Mas hoje não consegui nada. Isso aqui já teve peixe todos os dias", lembra Eliene. "Tem horas que me pergunto como vou alimentar tanta gente".
Menos preocupados, os meninos não ligavam para o aspecto da água. "É só não beber a água", disse o estudante Paulo Ricardo de Jesus da Silva, 14. Próximos às margens da lagoa, muitos barracos despejam ali seus dejetos.
Outro exemplo do abandono é o Rio Camarajipe, que corta a região do Iguatemi. "Aqui só melhora o cheiro quando chove e o rio enche", disse o vendedor Sérgio de Souza, 25.
"Eu acho que falta interesse dos poderes públicos para limpar estes rios. Também chamam este rio de Rio das Tripas. Hoje parece mais o rio para botar as tripas para fora. Tem dias que respirar é difícil mesmo", disse o microempresário Valdir Bomfim, 57.
Fonte - A Tarde 22/03/2014
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