Globo, Folha e o roubo dos juros
Atualmente, os banqueiros comandam jornais, revistas e emissoras de tevê em muitos países. Em inúmeros casos, a violenta crise da velha mídia – acossada pela internet e desgastada pela perda da sua credibilidade levou a um brutal endividamento junto aos bancos.
Por Altamiro Borges
No mundo e no Brasil, vários estudos confirmam que as corporações da mídia estão cada vez mais associadas ao capital financeiro. Atualmente, os banqueiros comandam jornais, revistas e emissoras de tevê em muitos países. Em inúmeros casos, a violenta crise da velha mídia – acossada pela internet e desgastada pela perda da sua credibilidade – levou a um brutal endividamento junto aos bancos. O caso do Estadão é emblemático. Não dá nem mais para dizer que o jornal pertence a decadente famiglia Mesquita. Ele hoje está nas mãos dos banqueiros. Esta associação ajuda a entender por que a mídia defende tanto os interesses da oligarquia financeira. Ela preserva suas falcatruas e difundi suas ideias destrutivas para a economia. No Brasil, a velha imprensa cria um clima terrorista para pregar a elevação dos juros e do superávit primário – nome fictício da reserva de caixa dos rentistas.
Apesar desta visão hegemônica, algumas vezes – bem raras, é verdade – surgem artigos que revelam os efeitos corrosivos da especulação financeira. Neste final de semana, O Globo e Folha publicaram reportagens que servem para desmoralizar a própria linha editorial da mídia rentista. No texto intitulado “Juro mais alto custou R$ 15 bilhões ao país”, a repórter Gabriela Valente demonstra que “a sequência da alta de juros promovida pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação custou, no mínimo, R$ 15,2 bilhões ao país. Este valor se refere apenas ao aumento da dívida pública causado pelo aperto da política monetária, iniciado em abril do ano passado. Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de subir a taxa básica (Selic) em mais 0,25 ponto percentual, tomada na semana passada, o impacto será de mais R$ 41,3 bilhões nos próximos 12 meses, segundo cálculos de O Globo”.
Nos últimos 12 meses, o peso dos juros nas contas públicas foi de R$ 256,6 bilhões – um verdadeiro assalto. “É o maior valor já registrado pelo BC. Isso representa 5,3% do Produto Interno Bruto... Quando o Copom sobe os juros, aumenta automaticamente a correção do que o governo tem a pagar para quem detém títulos públicos atrelados à Selic. Hoje, o país tem dívida de R$ 1,67 trilhão, já descontados os ativos. A parcela de papéis corrigidos pela taxa básica é de 10%”, explica a matéria. A jornalista ainda ouviu o economista Amir Khair, especialista em contas públicas. Para ele, as seguidas altas da Selic anulam a própria poupança que o governo faz para pagar os juros da dívida, o tal superávit primário. “O esforço fiscal que o governo quer fazer será comido pela alta dos juros - diz ele”. E a famiglia Marinho ainda insiste em pregar mais arrocho monetário e fiscal para defender os agiotas!
Já a Folha publicou uma longa reportagem intitulada “Brasileiro gasta com juros quase dois meses de renda”. Assinada por Érica Fraga e Carolina Matos, a matéria tem como base as estimativas feitas pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo. “A despesa das pessoas físicas com juros de empréstimos somou R$ 233 bilhões em 2013. Considerando que os consumidores endividados tiveram renda anual, estimada pela Fecomercio-SP, de R$ 1,62 trilhão no período, os juros totais pagos morderam 14,4% dos ganhos em 12 meses. O percentual equivale a 52,5 dias de rendimentos recebidos ao longo de um ano, que incluem salários e outras fontes de renda, como juros de aplicações financeiras e aluguel de imóveis. Esse número é uma média. O resultado para cada consumidor pode variar conforme a renda mensal e a linha de crédito contratada, por exemplo”.
As pesquisas da Fecomercio indicam que cerca de 60% das famílias brasileiras possuem algum tipo de dívida. Segundo a entidade patronal, esse percentual não é tão elevado para os padrões internacionais. Mas as despesas com encargos financeiros, estas sim, são elevadas. A matéria da Folha ainda demonstra que o “juro pesa mais para quem ganha menos”, em função do tempo necessário ao pagamento das dívidas e da modalidade de crédito utilizada pelo consumidor. Por fim, a reportagem comprova que “a alta conta que consumidores e empresas pagam anualmente com juros no Brasil sufoca a economia”. Segundo a Fecomercio, as empresas pagaram cerca de R$ 135 bilhões em juros em 2013. “Considerando as dívidas de pessoas físicas e jurídicas, a conta total de juros pagos desde 2011 chegou a R$ 1,1 trilhão, valor próximo ao PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina”.
Apesar destes dados estarrecedores, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa básica de juros. A presidenta Dilma Rousseff, que no início do seu governo enfrentou o capital financeiro ao reduzir os juros e elevar o crédito, não aguentou a pressão da oligarquia financeira e da mídia rentista – inclusive da terrorista Folha. O governo cedeu e os resultados, como mostram as duas reportagens, são trágicos. Um verdadeiro roubo do cofre público e um assalto ao bolso dos brasileiros.
Apesar desta visão hegemônica, algumas vezes – bem raras, é verdade – surgem artigos que revelam os efeitos corrosivos da especulação financeira. Neste final de semana, O Globo e Folha publicaram reportagens que servem para desmoralizar a própria linha editorial da mídia rentista. No texto intitulado “Juro mais alto custou R$ 15 bilhões ao país”, a repórter Gabriela Valente demonstra que “a sequência da alta de juros promovida pelo Banco Central (BC) para controlar a inflação custou, no mínimo, R$ 15,2 bilhões ao país. Este valor se refere apenas ao aumento da dívida pública causado pelo aperto da política monetária, iniciado em abril do ano passado. Com a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) de subir a taxa básica (Selic) em mais 0,25 ponto percentual, tomada na semana passada, o impacto será de mais R$ 41,3 bilhões nos próximos 12 meses, segundo cálculos de O Globo”.
Nos últimos 12 meses, o peso dos juros nas contas públicas foi de R$ 256,6 bilhões – um verdadeiro assalto. “É o maior valor já registrado pelo BC. Isso representa 5,3% do Produto Interno Bruto... Quando o Copom sobe os juros, aumenta automaticamente a correção do que o governo tem a pagar para quem detém títulos públicos atrelados à Selic. Hoje, o país tem dívida de R$ 1,67 trilhão, já descontados os ativos. A parcela de papéis corrigidos pela taxa básica é de 10%”, explica a matéria. A jornalista ainda ouviu o economista Amir Khair, especialista em contas públicas. Para ele, as seguidas altas da Selic anulam a própria poupança que o governo faz para pagar os juros da dívida, o tal superávit primário. “O esforço fiscal que o governo quer fazer será comido pela alta dos juros - diz ele”. E a famiglia Marinho ainda insiste em pregar mais arrocho monetário e fiscal para defender os agiotas!
Já a Folha publicou uma longa reportagem intitulada “Brasileiro gasta com juros quase dois meses de renda”. Assinada por Érica Fraga e Carolina Matos, a matéria tem como base as estimativas feitas pela Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de São Paulo. “A despesa das pessoas físicas com juros de empréstimos somou R$ 233 bilhões em 2013. Considerando que os consumidores endividados tiveram renda anual, estimada pela Fecomercio-SP, de R$ 1,62 trilhão no período, os juros totais pagos morderam 14,4% dos ganhos em 12 meses. O percentual equivale a 52,5 dias de rendimentos recebidos ao longo de um ano, que incluem salários e outras fontes de renda, como juros de aplicações financeiras e aluguel de imóveis. Esse número é uma média. O resultado para cada consumidor pode variar conforme a renda mensal e a linha de crédito contratada, por exemplo”.
As pesquisas da Fecomercio indicam que cerca de 60% das famílias brasileiras possuem algum tipo de dívida. Segundo a entidade patronal, esse percentual não é tão elevado para os padrões internacionais. Mas as despesas com encargos financeiros, estas sim, são elevadas. A matéria da Folha ainda demonstra que o “juro pesa mais para quem ganha menos”, em função do tempo necessário ao pagamento das dívidas e da modalidade de crédito utilizada pelo consumidor. Por fim, a reportagem comprova que “a alta conta que consumidores e empresas pagam anualmente com juros no Brasil sufoca a economia”. Segundo a Fecomercio, as empresas pagaram cerca de R$ 135 bilhões em juros em 2013. “Considerando as dívidas de pessoas físicas e jurídicas, a conta total de juros pagos desde 2011 chegou a R$ 1,1 trilhão, valor próximo ao PIB (Produto Interno Bruto) da Argentina”.
Apesar destes dados estarrecedores, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central voltou a elevar a taxa básica de juros. A presidenta Dilma Rousseff, que no início do seu governo enfrentou o capital financeiro ao reduzir os juros e elevar o crédito, não aguentou a pressão da oligarquia financeira e da mídia rentista – inclusive da terrorista Folha. O governo cedeu e os resultados, como mostram as duas reportagens, são trágicos. Um verdadeiro roubo do cofre público e um assalto ao bolso dos brasileiros.
Fonte - Blog do Miro 09/03/2014
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