O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, mas apresentou queda de 0,4% em relação primeiro trimestre de 2016. Que PIB é esse? A recuperação que ocorrera em relação ao trimestre anterior não está relacionada com a dinamização da economia doméstica. O consumo das famílias e os investimentos seguem a trajetória contracionista apontada no gráfico.
João Sicsú - Portogente
foto - ilustração |
A economia não está se recuperando. O Brasil está mergulhado em uma depressão que foi de 8,4% de perda de PIB entre o 4º trimestre de 2014 e o mesmo trimestre de 2016.
O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, mas apresentou queda de 0,4% em relação primeiro trimestre de 2016. A agropecuária teve desempenho extraordinário, crescendo 13,4%. As exportações cresceram 4,8%. Transportes e armazenagem cresceram 2,8%. Tais números indicam que o PIB cresceu voltado para fora. Os investimentos e o consumo das famílias sofreram contração no trimestre, respectivamente 3,7% e 1,9%.
Que PIB é esse? A recuperação que ocorrera em relação ao trimestre anterior não está relacionada com a dinamização da economia doméstica. O consumo das famílias e os investimentos seguem a trajetória contracionista apontada no gráfico.
Desde quando a economia entrou em crise, ou seja, no último trimestre de 2014, até o primeiro trimestre de 2017, o consumo das famílias já contraiu aproximadamente 10%. No mesmo período, os investimentos retraíram 24%. Pelo oitavo trimestre consecutivo, todos os componentes da demanda interna apresentaram resultado negativo na comparação com igual trimestre do ano anterior.
O que representa o resultado do trimestre? Sabemos que o que acontece em um trimestre, ainda mais se não ocorreram mudanças extraordinárias no nível de investimentos, pouco significa. Mas se os investimentos ou o consumo das famílias tivessem crescido com taxas elevadas, haveria mais empregos e mais consumo no futuro próximo.
Portanto, o resultado de um PIB que cresceu para fora não apontou para o futuro uma trajetória consistente de recuperação. O crescimento na margem do PIB do primeiro trimestre, por enquanto, parece como o primeiro voo de galinha que, após queda profunda, continuará se debatendo dentro do poço. Suspiros acontecem e são naturais em economias deprimidas.
A economia não está se recuperando. O Brasil está mergulhado em uma depressão. A nossa depressão foi de 8,4% de perda de PIB entre o quarto trimestre de 2014 e o mesmo trimestre de 2016. A economia somente estará em recuperação se apresentar trajetória consistente de saída do poço que mergulhou e somente estará recuperada quando atingir um PIB equivalente ao do quarto trimestre de 2014.
O PIB do primeiro trimestre de 2017 é ainda 93% do PIB que finalizamos 2014. Daqui para frente, provavelmente, a economia dará saltos sem significância, alternados com maus resultados, tal como uma galinha que caiu no poço, dando saltos e quedas.
Aproveitamento político. O suspiro que a economia está dando não tem nada a ver com a atuação do governo. Aliás, esse suspiro aconteceu apesar da paralisia do governo, tanto é que é um PIB que dependeu de demanda externa.O governo atribui uma suposta recuperação ao movimento bem-sucedido para aprovação das reformas trabalhista e previdenciária.
Que fique claro: o crescimento econômico jamais será impulsionado por movimentos pré-reformas previdenciárias ou trabalhistas. Tais reformas não estimulam nem o investimento e muito menos o consumo. Muito pelo contrário, podem estimular a poupança já que geram muita insegurança, principalmente para os trabalhadores.
O PIB cresceu 1% no primeiro trimestre do ano em relação ao trimestre anterior, mas apresentou queda de 0,4% em relação primeiro trimestre de 2016. A agropecuária teve desempenho extraordinário, crescendo 13,4%. As exportações cresceram 4,8%. Transportes e armazenagem cresceram 2,8%. Tais números indicam que o PIB cresceu voltado para fora. Os investimentos e o consumo das famílias sofreram contração no trimestre, respectivamente 3,7% e 1,9%.
Que PIB é esse? A recuperação que ocorrera em relação ao trimestre anterior não está relacionada com a dinamização da economia doméstica. O consumo das famílias e os investimentos seguem a trajetória contracionista apontada no gráfico.
Desde quando a economia entrou em crise, ou seja, no último trimestre de 2014, até o primeiro trimestre de 2017, o consumo das famílias já contraiu aproximadamente 10%. No mesmo período, os investimentos retraíram 24%. Pelo oitavo trimestre consecutivo, todos os componentes da demanda interna apresentaram resultado negativo na comparação com igual trimestre do ano anterior.
O que representa o resultado do trimestre? Sabemos que o que acontece em um trimestre, ainda mais se não ocorreram mudanças extraordinárias no nível de investimentos, pouco significa. Mas se os investimentos ou o consumo das famílias tivessem crescido com taxas elevadas, haveria mais empregos e mais consumo no futuro próximo.
Portanto, o resultado de um PIB que cresceu para fora não apontou para o futuro uma trajetória consistente de recuperação. O crescimento na margem do PIB do primeiro trimestre, por enquanto, parece como o primeiro voo de galinha que, após queda profunda, continuará se debatendo dentro do poço. Suspiros acontecem e são naturais em economias deprimidas.
A economia não está se recuperando. O Brasil está mergulhado em uma depressão. A nossa depressão foi de 8,4% de perda de PIB entre o quarto trimestre de 2014 e o mesmo trimestre de 2016. A economia somente estará em recuperação se apresentar trajetória consistente de saída do poço que mergulhou e somente estará recuperada quando atingir um PIB equivalente ao do quarto trimestre de 2014.
O PIB do primeiro trimestre de 2017 é ainda 93% do PIB que finalizamos 2014. Daqui para frente, provavelmente, a economia dará saltos sem significância, alternados com maus resultados, tal como uma galinha que caiu no poço, dando saltos e quedas.
Aproveitamento político. O suspiro que a economia está dando não tem nada a ver com a atuação do governo. Aliás, esse suspiro aconteceu apesar da paralisia do governo, tanto é que é um PIB que dependeu de demanda externa.O governo atribui uma suposta recuperação ao movimento bem-sucedido para aprovação das reformas trabalhista e previdenciária.
Que fique claro: o crescimento econômico jamais será impulsionado por movimentos pré-reformas previdenciárias ou trabalhistas. Tais reformas não estimulam nem o investimento e muito menos o consumo. Muito pelo contrário, podem estimular a poupança já que geram muita insegurança, principalmente para os trabalhadores.
*João Sicsú é professor do Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).
Fonte - Portogente 02/06/2017
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