Uma das questões levantadas pelos entrevistados é o impacto das lesões e mortes no trânsito sobre os sistemas de saúde pública. “Isso drena recursos que poderiam estar sendo utilizados em muitas outras áreas necessitadas”, aponta o representante da OPAS no Brasil, Joaquín Molina. Segundo o dirigente, as mortes e a quantidade de pessoas feridas também têm consequências em outras áreas, como a previdência social.
Revista Amazônia
foto - ilustração/Pregopontocom |
Uma das questões levantadas pelos entrevistados é o impacto das lesões e mortes no trânsito sobre os sistemas de saúde pública. “Isso drena recursos que poderiam estar sendo utilizados em muitas outras áreas necessitadas”, aponta o representante da OPAS no Brasil, Joaquín Molina. Segundo o dirigente, as mortes e a quantidade de pessoas feridas também têm consequências em outras áreas, como a previdência social.
David Duarte Lima, professor da Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília (UnB), explica que a ideia de aumentar a velocidade para ganhar tempo não passa de uma ilusão.
“Foi feita uma experiência na Alemanha, com dois motoristas, e para um foi dito: ‘Olha, corra o máximo que você puder’ e para o outro, ‘Dirija na velocidade da via, se adapte às normas de segurança’. O motorista rápido e intrépido freou muito mais, correu muito mais risco e ganhou apenas 3% do tempo. É um ganho absolutamente irrisório”, afirma.
Na mesma linha, a coordenadora de Segurança Viária da WRI Brasil, Marta Obelheiro, ressalta que, muitas vezes, a redução da velocidade esbarra na “ideia equivocada” de que pode haver aumento no tempo de congestionamentos.
“Isso não acontece. Na Austrália, por exemplo, a velocidade foi reduzida de 60 km/h para 50 km/h e essa redução foi associada a um aumento dos tempos médios de viagem de apenas 9 segundos por deslocamento, ao mesmo tempo em que evitou quase 3 mil acidentes com vítimas por ano. Ou seja, as cidades podem reduzir os limites de velocidade sem aumentar os congestionamentos”, explica.
Etienne Krug, diretor de Prevenção de Violência, Lesões e Incapacitações da Organização Mundial da Saúde (OMS), explica que, quanto maior a velocidade, maior a probabilidade de lesões e mortes no trânsito. “Se um veículo anda a 50 km/h e toca em um pedestre, a probabilidade de morte vai ser de 20%”, afirma. No entanto, se a velocidade de uma via for de 80 km/h, a probabilidade de óbito acaba triplicando — chegando a quase 60%.
“É por isso que dedicamos a Semana das Nações Unidas sobre Segurança no Trânsito à velocidade, porque é tempo de agir e sabemos o que temos que fazer”, comenta Krug.
O coordenador-geral de educação do Departamento Nacional de Trânsito (DENATRAN) do Brasil, Francisco Garonce, desmistifica também a crença de que existe uma “indústria da multa” no país e no mundo. “É uma grande mentira. Até porque, para que essa ‘indústria’ sobreviva, você precisa cometer infrações”, argumentou. Para Garonce, seguindo a legislação e os limites de velocidade, as pessoas podem tornar o trânsito mais seguro e salvar milhares de vidas.
Victor Pavarino, consultor sobre segurança no trânsito da OPAS no Brasil, ressalta que a fiscalização é importante, mas deve vir acompanhada de outras medidas de gestão da velocidade. O especialista lembra que as medidas da OPAS incluem a modificação das vias com elementos de moderação do tráfego e o uso de tecnologias para ajudar motoristas a controlar a velocidade com que se deslocam.
Fonte - Revista Amazônia 14/05/2017
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