Transportes sobre trilhos 🚇
O modelo de concessão adotado pelo governo do estado em conjunto com a CCR Metrô Bahia resultou num avanço recorde no país: em cinco anos de operação, o sistema da capital baiana já tinha 33 km de vias, duas linhas e 20 estações construídas. Atualmente, é o terceiro maior em extensão, atrás apenas do de São Paulo e do Rio de Janeiro.
Revista Ferroviária
Primeira Parceria Público-Privada (PPP) integral no setor metro ferroviário brasileiro – aquela em que o operador privado também é responsável por construir a linha –, o Metrô de Salvador vive desde a sua inauguração, em junho de 2014, algumas situações que fogem positivamente da curva. O modelo de concessão adotado pelo governo do estado em conjunto com a CCR Metrô Bahia resultou num avanço recorde no país: em cinco anos de operação, o sistema da capital baiana já tinha 33 km de vias, duas linhas e 20 estações construídas. Atualmente, é o terceiro maior em extensão, atrás apenas do de São Paulo e do Rio de Janeiro. Com a chegada da pandemia, o sistema sofreu, como todos, com a falta de demanda. Mas hoje é um dos poucos (talvez o único) a ter não só recuperado, como também superado o patamar de passageiros que registrava antes da crise sanitária. Parte dos atuais 400 mil usuários/dia veio com a inauguração de duas novas estações (Águas Claras/ Cajazeiras e Campinas) na Linha 1, pelo governo do estado no início de ano. Mas o diretor da Unidade Negócio CCR Metrô Bahia, Júlio Freitas, também credita nesse número o esforço da concessionária em implementar uma cultura de metrô em Salvador durante os últimos dez anos. Numa cidade que era dominada pelo transporte de ônibus, o sistema metroferroviário chegou para ser alimentado por veículos sobre pneus. São nove terminais de integração com ônibus, que levam e trazem passageiros para o metrô. Em paralelo a isso, outro fato vem surpreendendo: o de pessoas que usam de forma exclusiva (sem ser integrada) o metrô, para chegarem a seus destinos. Na previsão inicial, esse número não passaria de 8% da demanda total. Hoje são cerca de 20% dos usuários por dia. “Fizemos um estudo para analisar o impacto do metrô na redução de tempo de transporte para a população. Em alguns aspectos e tipos de deslocamentos, o usuário chegar a ter uma economia de 18 dias em um ano. São 18 dias livres em que ele pode estudar, estar com a família, ter um lazer”, menciona Freitas. Nascido e criado na CCR Metrô Bahia, desde o início da operação, o executivo passou por diversas áreas da companhia, como bilhetagem, comercial e gestão de contratos. Esse ano, assumiu a diretoria geral do negócio baiano do grupo. “O metrô de Salvador tem uma característica de estar em crescimento. Somos um sistema novo. Quando nos comparamos a outros do Brasil, estamos sempre um pouco melhor”, diz. O sistema ainda tem previsão de se expandir além dos limites de Salvador. Pelo contrato de concessão, a CCR tem obrigação de entregar os estudos para levar a linha até Lauro de Freitas, município colado à capital baiana. O governo do estado seria o responsável pelas obras. A entrega dos estudos, porém, está condicionada a um gatilho de movimentação na estação Aeroporto, da Linha 2, que ainda está longe de ser alcançado. Nessa entrevista, Freitas pondera que o estado vem avaliando a possibilidade de estender a via a despeito dessa condicionante. “Lauro de Freitas é um município muito importante na região. Ele traz muitos passageiros e a região Norte de Lauro de Freitas, Camaçari, tem crescido muito. Entendemos que é um caminho natural”. Com a expansão da linha e aumento da demanda de passageiros, os 40 trens de quatro carros do sistema já operam com uma folga pequena. A CCR sinalizou ao governo do estado a necessidade de, em breve, ter que aumentar a frota. Pelas contas da empresa, serão necessárias de sete a oito novas composições. Mas essa, pontua Freitas, é uma decisão que compete ao poder concedente: “Aquisição de frota é de responsabilidade do estado, assim como a expansão do sistema. Por aqui, estimamos que em três anos mais ou menos a gente já tenha que começar a colocar trem novo no sistema”.
Fonte - Revista Ferroviária 24/06/2024
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