Empresas de reconhecida capacidade técnica,com expressiva contribuição em obras e serviços para nossa engenharia,encontram-se paralisadas diante dos processos jurídicos a que estão respondendo. Os profissionais,em especial seus engenheiros,são demitidos aos milhares,as obras são suspensas, como as obras do COMPERJ,Angra III,nosso submarino a propulsão nuclear,a refinaria Abreu e Lima no Nordeste, a transposição do São Francisco e muitos outros.
Pedro Celestino - Portogente
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Estão interrompidos empreendimentos de porte, alguns já em estágio avançado de execução, como as obras do COMPERJ, Angra III, nosso submarino a propulsão nuclear, a refinaria Abreu e Lima no Nordeste, a transposição do São Francisco e muitos outros. Os prejuízos já chegam a dezenas de bilhões de reais e o desemprego por milhões de trabalhadores.
Os recursos recuperados com grande alarde, como resultado das corrupções descobertas, são uma fração dos prejuízos causados pela interrupção das obras. Para onde está o Brasil sendo conduzido? Que país vai sobrar ao final desses processos? Assiste-se à destruição de nossas maiores empresas de engenharia. Diante dos desmandos que houve nessas empresas, exigimos que os responsáveis por eles sejam processados, e os culpados condenados, mas não aceitamos a destruição das empresas de engenharia e o fim de empregos de nossos engenheiros e demais trabalhadores.
É necessário resistir ao desmonte em curso. Todos os setores da economia para os quais o mercado interno é decisivo devem ser chamados a participar dessa resistência.
No quadro geral do desmonte, nos últimos dias foi noticiado que a Petrobras está convidando apenas empresas estrangeiras para licitação da retomada das obras no COMPERJ, num total de 30 empresas. O lançamento do COMPERJ há alguns anos abrira muitas oportunidades de trabalho e o otimismo inundou o interior do Estado do Rio. Houve um deslocamento maciço de empresas e trabalhadores para o entorno de Itaboraí, verdadeiro renascimento da região. Com os processos da Lava Jato, obras já adiantadas foram paralisadas, empresas ficaram sem serviço, trabalhadores foram demitidos. A região está abandonada e virou um deserto e as obras já realizadas se deterioram.
O que está sendo feito no Brasil com nossas empresas de engenharia não está ocorrendo em outros países. Quando foi reconhecido que a Volkswagen fraudara dados de poluição de seus carros, foi aplicada altíssima multa, dirigentes da empresa foram demitidos e presos.
Entretanto, nenhum carro deixou de ser produzido e nenhum trabalhador perdeu seu emprego. A Alemanha sabe preservar suas riquezas. A Volkswagen é uma riqueza da Alemanha. No Brasil o comportamento tem sido o oposto. Prendem-se dirigentes, suspendem-se as obras, impede-se que essas empresas participem de outras licitações e trabalhadores são demitidos aos milhares. Destrói-se um patrimônio nacional constituído por empresas formadas ao longo de décadas e detentoras de importante acervo tecnológico e equipes de profissionais experientes.
O momento é grave. Para superá-lo é urgente construir uma grande aliança da qual participem os engenheiros, os trabalhadores em geral, as empresas compromissadas com a geração de emprego, o movimento sindical que está sentindo a perda de direitos conquistados desde a década de 1930, além de universidades e centros tecnológicos.
O Clube de Engenharia convoca todas as entidades ligadas à engenharia a participarem da resistência ao processo de sucateamento de nossas empresas, que estão sendo vendidas na bacia das almas, no pico da maior crise em décadas.
A retomada do desenvolvimento precisa se dar fortalecendo-se as empresas e os profissionais de engenharia, sem que haja perda de direitos há muito conquistados. Os bancos e demais setores rentistas, que vivem dos elevados juros sobre nossa dívida pública, não podem continuar hegemonizando nossa economia e enfraquecendo o setor produtivo, grande gerador de empregos.
*Pedro Celestino é engenheiro civil especializado em transportes, formado pela PUC-RIO, presidente da Icoplan (Internacional de Consultoria e Planejamento S.A.) e membro da diretoria do Clube de Engenharia.
Fonte - Portogente 02/02/2017
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