No mês comemorativo do Novembro Negro, ‘Faces’ incorpora um projeto realizado pelo MAB e pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi). Além das questões estéticas e simbólicas, o objetivo da exposição é gerar uma reflexão a respeito da importância de questões ligadas à tradição e à luta do povo negro da Bahia em um momento em que o Brasil vive um período difícil e de intolerância.
Da Redação
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No mês comemorativo do Novembro Negro, ‘Faces’ incorpora um projeto realizado pelo MAB e pela Secretaria de Promoção da Igualdade Racial do Estado (Sepromi). Além das questões estéticas e simbólicas, o objetivo da exposição é gerar uma reflexão a respeito da importância de questões ligadas à tradição e à luta do povo negro da Bahia em um momento em que o Brasil vive um período difícil e de intolerância.
A exposição nasceu de uma imersão de Alvaro Villela, durante anos, em torno de duas comunidades formadas por descendentes de escravos que fugiram de um navio negreiro naufragado na costa sul da Bahia, no século 17. Depois de muito perambular, assentaram-se às margens do rio Brumado, em Rio de Contas, onde vivem até hoje.
Fotógrafo reconhecido nacional e internacionalmente, com exposições do calibre de ‘Cuba dos Cubanos’ e ‘A Natureza do Homem no Raso da Catarina’, entre outras, depois de anos de pesquisa e documentação, Alvaro Villela sentiu-se desafiado a buscar imagens que revelassem a ligação das comunidades quilombolas com sua cultura ancestral. “Foi, então, que percebi o quanto a ancestralidade está diluída com outros maneirismos, com certos costumes e até mesmo com outra religião da professada por seus antecessores”.
Diante da percepção de que havia uma forte diluição da memória, a solução encontrada por Villela foi buscar na simplicidade do retrato, a essência de toda a ancestralidade distante. “Montamos um pequeno estúdio na casa de Dona Joanita, uma sorridente moradora local”, explica ele, para depois revelar que utilizou “um pano preto ao fundo, o qual descontextualizou as pessoas, criando-lhes a sensação de desaparecimento deles mesmos, fazendo, assim, uma alusão à distante ancestralidade”.
Visitas guiadas
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Em ‘Faces’, o público se depara com 15 grandes retratos em uma sala escura, que valoriza o recorte de luz que os ilumina. A composição vem acompanhada por sons da noite das comunidades quilombolas, o que reforça o conceito de instalação proposto pelo artista. “É uma exposição sinestésica, dos sentidos”, afirma Villela, que depois, para contrapor, traz o espectador para um choque de realidade, ao apresentar um audiovisual com imagens cotidianas dos povoados de Barra e Bananal.
Villela comandará visitas guiadas com o objetivo de discutir as suas opções estéticas, além de situar e oferecer aos espectadores informações mais detalhadas dos universos quilombolas retratados. O público também vai se deparar com um espaço no qual se encontra uma carta de alforria do século 19 e ainda um pelourinho, instrumento de tortura dos escravos, parte do acervo do MAB. A visitação acontece gratuitamente de terça a sexta-feira, das 13 às 19h, além de sábado, domingo e feriados, das 14 às 18h.
Com informações da Secom Ba. 11/11/2015
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