quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Propinoduto tucano recebia dinheiro de conta aberta em Luxemburgo

Política

Correio do Brasil
foto ilustração
A multinacional alemã Siemens acusou, formalmente, o ex-presidente da empresa, o engenheiro Adilson Primo, de usar uma conta em Luxemburgo para pagar propina a integrantes dos governos tucanos de José Serra e Geraldo Alckmin, no Brasil; além de fazer remessas para doleiros. A conta movimentou cerca de US$ 7 milhões (R$ 16,7 milhões atuais), que teriam sido desviados da Siemens, ainda segundo a empresa, para abastecer o propinoduto tucano paulista.
A acusação, subscrita por Mark William Gough, vice-chefe de Compliance (setor que cuida de controle ético e conformidade com as leis) da Siemens, na Alemanha, em depoimento à Polícia Federal, vazada para o diário conservador paulistano O Estado de S. Paulo, afirma que primo foi demitido da Siemens em 2011 sob acusação de esconder da direção da empresa na Alemanha a existência dessa conta. Ainda segundo a Siemens, os cerca de US$ 7 milhões foram desviados da empresa.
Primo era o titular da conta junto com outros três executivos da Siemens brasileira. Apesar da acusação, a Siemens nunca tomou providências para reaver os valores. Gough relatou à PF, em seu depoimento, que uma investigação feita em Luxemburgo descobriu que o servidor da Comissão Nacional de Energia Nuclear (Cnen) Marcos Honaiser recebeu US$ 30 mil (R$ 72 mil) da conta de Primo.
Ainda segundo o executivo, há suspeitas de propina pelo fato de Honaiser ter sido da Marinha, na qual foi capitão-de-fragata, comandando submarinos, e da Cnen. A Siemens era fornecedora da Marinha, no projeto do submarino atômico, e também da Cnen. A tecnologia da usina nuclear Angra 2 é da Siemens.
A ordem de transferência para o servidor da Cnen foi assinada por Primo e Newton Duarte.Duarte foi diretor de energia e assinou o acordo de leniência da Siemens, no qual a multinacional diz que ela e outras empresas combinavam resultados de licitações de trens em São Paulo e no Distrito Federal.
Nos documentos vazados da PF também consta que o doleiro Antonio Pires de Almeida, já falecido, recebeu cerca de US$ 150 mil da conta de Primo (R$ 358 mil), ainda de acordo com Gough. Um valor não revelado no depoimento foi transferido por Pires de Almeida para uma conta mantida por outros dois doleiros: Raul Henrique Srour e Richard Andrew de Mol Van Otterloo.
Os recursos enviados aos doleiros podem ter sido usados pelo próprio Primo no Brasil ou para pagar propina. O executivo da Siemens não especifica a data das transferências para o servidor da Cnen nem para o doleiro, mas diz que Primo operou a conta aberta em Luxemburgo entre 2004 e 2006.
‘Cortina de fumaça’
Para o advogado Antônio Cláudio Mariz de Oliveira, que defende Primo, a acusação da Siemens é uma cortina de fumaça para esconder o fato de que a conta foi aberta por ordem da matriz na Alemanha para fazer pagamentos ilícitos.
– A Siemens fazia isso no mundo todo – afirmou a jornalistas.
Honaiser diz que não sabe por que seu nome foi citado como beneficiário de US$ 30 mil:
– Eu era da administração e quem tinha contato com a Siemens eram os técnicos.
O ex-militar trabalhou na Cnen entre 1985 e 1993 e depois foi para o Uranus, o fundo de pensão da empresa pública, do qual se aposentou em 2002. Ele diz que já teve conta no exterior, pelo fato de ter morado na Inglaterra quando era da Marinha, mas não confirma se era na Suíça.
Fonte -  São Paulo Trem Jeito 05/12/2013

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