sábado, 20 de março de 2021

Monotrilho de Salvador - Por que ser contra ele?

Transportes sobre trilhos/Ponto de Vista  🚅

O Monotrilho não será apenas um novo modal que chegará a toda região do Subúrbio Ferroviário de Salvador e parte da RMS, o monotrilho será um indutor de progresso e de novas oportunidades, trará com ele uma grande e radical mudança, principalmente para grande parte da população que atualmente se desloca através de um sistema de transportes por ônibus precário e muito ruim  pagando atualmente uma tarifa de $4,20

Pregopontocom
foto - ilustração/arquivo
A implantação do Monotrilho de Salvador não pode ser taxada como uma ação para destruir uma ferrovia. Desde quando foram privatizadas as ferrovias brasileiras nos anos 90, todo sistema ferroviário do estado iniciou a sua faze de declínio, o ramal de cargas da FCA que chegava até o porto de Salvador, foi desativado por ser considerado "economicamente inviável" pela concessionária operadora da ferrovia. A maioria do sistemas de trens de passageiros pertencentes a malha ferroviária federal, foram transferidos para a CBTU, que ao longo dos anos sofreu um processo de desinvestimento por parte governo Federal. No sistema de Salvador nunca houve uma renovação ou modernização da frota de trens ao longo de décadas, a não ser um punhado de carros usados remanejados de outra praça para o sistema local. A CBTU no início dos anos 2000,transferiu a administração dos trens de passageiros de Salvador para a prefeitura local(Gov.JH) sendo então criada a CTS, Cia de Trens de Salvador, com muito menos recursos e disposição para melhorar as condições do serviço e a operação dos trens. A CBTU no Nordeste continuou operando os sistemas de Recife PE, Maceió AL, João Pessoa PB e Natal RN(com 56 km de extensão e duas linhas). Em Recife renovou parte da frota do Metrô com composições novas de trens da CAF, (mais atualmente boa parte desses novos trens estão parados sem manutenção por falta de recursos), e na linha diesel do Cabo de Santo Agostinho incorporou algumas composições de VLTs(diesel) da Bom Sinal fabricados em Barbalha no estado do Ceará. Em Maceió AL, João Pessoa PB, Natal RN, renovou parte da frota de trens, também com VLTs, diesel da Bom Sinal, Em Maceió recentemente a linha foi ampliada para outra zona da cidade. No Ceará todos os sistemas de trens de passageiros foram transferidos para o Gov. do estado, com a criação da Metrofor, estatal que administra as linhas de VLTs do Cariri, de Sobral e de Fortaleza além da linha Sul do Metrô já em operação e a linha Norte ainda em construção.  Em BH, capital do estado de Minas, opera o Metrô local com a maior parte das composições antigas e tecnologia defasada. Em Salvador um sistema com equipamentos antigos e sucateados, trens ACF/GE(carros motrizes)com reboques Pidner adquiridos e tendo entrado em operação em 1961,e os Toshibas(amarelinhos) da antiga Ferrovia Sorocabana de SP, que entraram em operação em 1948,e já estavam fora de serviço quando foram doados pela CPTM/SP(herdeira da Sorocabana) três composições, com 3 carros cada uma a prefeitura de Salvador depois de passarem por reformas no Rio de Janeiro, começaram a operar aqui a partir de 2007. A CTS juntamente com a 1ª linha inacabada do Metrô foi repassada para o Gov. do estado dando lugar a CTB(Cia de Transportes da Bahia) que hj administra os trens do Subúrbio, a concessão do Metrô de Salvador e agora também a concessão do Monotrilho. Quanto a opção de manter um sistema de trens no subúrbio, não basta apenas colocar composições novas na linha, seria mesmo que calçar meias novas e um sapato sem sola, tudo terá que ser refeito, reconstruído e modernizado, toda via permanente, com troca de bitola e trilhos,(para aumentar a velocidade média do trem com mais estabilidade e segurança), dormentes, sistemas de drenagens, modernização da rede elétrica, incluindo novas subestações, a ampliação e construção de pátios de manobras (para receber um maior numero de composições), depósitos de trens, modernização e ampliação de oficinas de manutenção, implantação de um novo moderno CCO, e um avançado SSC(sistema de sinalização e controle) imprescindível para uma operação segura e eficaz, um sistema de bilhetagem eletrônica, além de reforma das atuais estações e implantação de mais outras. Além disso a construção da extensão da via permanente (via férrea) até a ilha de São João em Simões Filhos. Outra questão seria a inviabilidade do trem, por se tratar de um sistema pesado, chegar até o T.da França circulando em tráfico urbano, pois não existe mais as mínimas condições, devido alta densidade ocupacional urbana de se criar uma via totalmente segregada para a circulação dos trens, a alternativa seria através da construção de um extenso elevado saindo da Calçada até o T.da França, o que encareceria mais ainda o custo da obra. Ainda que o monotrilho em questão,(diferentemente dos sistemas tradicionais existentes) use um elevado com baixa altitude,(em média 3 metros de altura), o custo será bem menor em função de serem apenas duas vigas/trilho vazadas de concreto sobre os pilares, sem um vão de viaduto onde seria implantada a via permanente com cama de britas, drenagens, dormentes ,trilhos e rede aérea, passarela de fuga no caso do trem pesado. O custo da implantação de um novo sistema de trens ultrapassaria e muito o custo do Monotrilho a ser implantado. Com a implantação do novo complexo rodoferroviário, já em construção em Águas Claras, Estação Rodoviária, Terminais de ônibus urbanos e Metropolitanos, estação de Metrô e projetos futuros de linhas de VLTs para localidades da RMS, ou trens metropolitanos, todos os sistemas de transportes estarão conectados, incluído o Monotrilho através da linha 2 (Estação São Joaquim/Ferry-Boat a Estação Acesso Norte - Metrô/ônibus).

A tarifa
Quanto a questão tarifária, e o reflexo que poderá causar aos antigos usuários do trem e aos reflexos  já  sentidos a muito pela imensa maioria da população da região do Subúrbio Ferroviário que já paga uma tarifa de R$4,20 por um péssimo e lastimável serviço de transportes por ônibus, como solução duradoura e eficaz, é preciso colocar o mais breve possível em debate a questão do financiamento público da tarifa do transporte público em Salvador, que a partir da sua implantação, trará benefícios para os clientes(usuários) de todos os sistemas de transportes  da cidade e RMS o que implicara na redução dos valores das tarifas atualmente praticadas. A redução do custo da tarifa sem dúvida traria de volta uma parcela significativa dos 40% da população que atualmente está fora do sistema(andando a pé) aumentando o percentual de passageiros transportados por/Km percorrido, e consequentemente diminuindo o custo operacional do transporte com o aumento do fluxo de passageiros. Melhorar a qualidade e o serviço do sistema de transportes por ônibus além de extremamente necessário, também ajudaria atrair mais clientes para o serviço.

Outra providências para melhoria da operação dos sistemas de transportes em Salvador e na RMS
A expl. do que já ocorre nos países desenvolvidos, é preciso também se pensar e por em prática a criação da AMT(Autoridade Metropolitana de Transportes), entidade autônoma (Não se trata de mais uma Agência) com representação exclusivamente "técnica" de todos os entes envolvidos, sejam eles, o  Gov. do estado e prefeituras, da capital e cidades da RMS participantes, para unificar a  administração, licitar, operar e coordenar de maneira integrada todos os sistemas urbanos e metropolitanos de transportes, ônibus, Metrô, Monotrilho, Ferry-Boat lanchas de Mar Grande e outros sistemas existentes além da criação do ITS (Intelligent Transport System),um "grande CCO" , que coordenará e supervisionará toda a operação unificada dos sistemas urbanos e Metropolitanos, garantindo assim a eficiência funcional de todos o modais de maneira integrada e organizada. De nada adianta ficar tentando criar "soluções" fantasiosas, para questões relacionadas diretamente a mobilidade urbana, principalmente quando os resultados atingem diretamente as camadas da população mais afetadas pelo custo da tarifa e a prestação de um serviço muito ruim. Soluções paliativas e picuinhas políticas, de origem de possíveis interesses contrários, ou contrariados com a implantação do monotrilho(alguns supostamente "defensores dos trens" e da população), não trarão nenhum benefício prático e construtivo. O Monotrilho não será apenas um novo modal que chegará a toda região do Subúrbio Ferroviário de Salvador e parte da RMS, o monotrilho será um indutor de progresso, desenvolvimento e de novas oportunidades, trará com ele uma grande e radical mudança, principalmente para grande parte da população que atualmente se desloca através de um sistema de transportes por ônibus precário e muito ruim  pagando  uma tarifa de $4,20,e com a entrada em operação integrada do novo sistema poderá ser usada em múltiplas viagens, Monotrilho/Metrô/ônibus. E preciso também, e isso é imprescindível, que a chegada do Monotrilho seja agregada a uma agenda de projetos e programas de inclusão social que deverão ser colocados em prática pelos governos do estado e municipal respectivamente, criando geração de emprego e renda, melhorando a qualidade de vida da população local, com melhorias na educação, saneamento básico, saúde e lazer, garantindo e assegurando assim a fixação da população do subúrbio nos seus territórios, para que possam ser eles, os maiores benificiários da mudança que ocorrerá em toda região com a chegada do novo modal. O Monotrilho chegará a toda região do Subúrbio, trazendo a bordo muitas mudanças, esperanças, oportunidades e benefícios para a população, mais também, como um "trio elétrico" que chega na Av., trará atrás dele muita gente disposta a disputar com a população local todos os benefícios que serão gerados a partir da sua implantação. Por isso torna-se indispensável a adoção das "medidas protetivas de cunho econômico e social"* em favor da população da região do Subúrbio Ferroviário para que usufruam prioritariamente e potencialmente dos benefícios que forem gerados com a implantação do novo modal.. A população do subúrbio por direito e prioridade, deve ser a detentora de todos os benefícios que chegarão a bordo do novo e moderno sistema de transportes. Nivela-la por baixo, por $0,50, não parece ser uma solução racional, lógica, justa e muito menos social.
Pregopontocom 20/03/2021

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