Conforme a RBA denunciou, no ano passado esses trens estavam estacionados ao longo do trecho de circulação, no pátio Capão Redondo e na sede da fábrica da CAF, em Hortolândia, interior de São Paulo. As composições foram compradas por R$ 630 milhões, em 2012 e estão paradas desde que foram entregues, em 2013.
Jornal GGN - RF
foto - ilustração/arquivo |
Alckmin não deu prazo para que os outros 20 trens sejam colocados em operação. O trem utilizado pelo governador para fazer o anúncio, no domingo, é o mesmo trem que a RBA flagrou sem utilização no ano passado, estacionado ao longo do trajeto da Linha 5 – composição P16.
Segundo Alckmin, a expectativa é de estender a operação dos novos trens para os sábados, a partir de abril. A operação plena, em todos os dias da semana, está prevista somente para maio. “Hoje é um grande dia”, declarou. “Os novos equipamentos, que têm ar condicionado, vagões contínuos e câmeras de vídeo, trazem mais conforto para os passageiros e reduzem a distância entre um trem e outro, incrementando a velocidade operacional”, completou.
O motivo principal para os trens terem ficado tanto tempo parados era o sistema de operação. A via opera com o sistema ATC (Controle Automático de Trens, na sigla em inglês) e os trens novos foram adquiridos com sistema CBTC (Controle de Trens Baseado em Comunicação, também do inglês). Além disso, como o trecho em operação era relativamente pequeno, com 9,6 quilômetros, não havia espaço para inserir as composições. Até ontem, a linha operava somente com oito trens da frota F, adquiridos em 2001. O motivo de o governo Alckmin ter adquirido os 26 trens sem ter como utilizá-los é objeto de investigação do Ministério Público Estadual, desde 2015.
O Sindicato dos Metroviários várias vezes manifestou preocupação com a manutenção desses trens sem uso. As composições vinham sofrendo oxidação e desgaste na parte externa, devido à exposição às intempéries. Além disso, componentes sem uso se degradam, levando à possibilidade de os trens apresentarem falhas quando começarem a ser colocados para circular. Outra preocupação dos trabalhadores é que a garantia das composições era de quatro anos, mesmo tempo em que os trens ficaram sem uso.
Sem dar mais detalhes, o governo Alckmin informou que a Linha 5-Lilás vai operar com CBTC. O sistema é o mesmo utilizado nas linhas 4-Amarela (Luz-Butantã), 15-Prata (Vila Prudente-Oratório), onde no ano passado um trem deixou a estação, em via elevada, com as portas abertas, e 2-Verde (Vila Prudente-Vila Madalena), que sofreu 74 panes graves, em apenas dez meses de operação com esse sistema.
Alckmin também prometeu entregar ainda este ano 10 das 11 estações que faltam à Linha 5. Com isso o trajeto vai passar dos atuais 9,6 quilômetros para 20,8 quilômetros de extensão, ligando a região de Santo Amaro à Chácara Klabin, na região Sudeste da cidade, em conexão com a Linha 2-Verde. A última estação – Moema, no meio do ramal – está prevista para 2018, após 20 anos do início das obras. Com a linha concluída, a expectativa é de transportar 780 mil pessoas diariamente.
Em julho do ano passado, o governador Geraldo Alckmin anunciou a intenção de privatizar tanto o trecho em operação quanto o trecho em obras da Linha 5-Lilás. A expansão do trecho começou orçada em R$ 6,9 bilhões e atualmente tem previsão de custo de R$ 9,1 bilhões. Este aumento está sendo investigado pelo Tribunal de Contas do Estado de São Paulo.
A Linha 5-Lilás começou a ser construída em 1998, quando era a Linha F da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). O trecho em operação, entre Capão Redondo e Largo Treze, funciona desde 2002. Porém, a construção ficou parada até 2009 e, desde então, somente a estação Adolfo Pinheiro foi entregue. A Linha 5 está nos planos de privatização do governo Alckmin. Porém, o valor estimado é cerca de 1% do investido na construção.
Fonte - Revista Ferroviária 21/03/2017
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