Ponto de Vista
A PEC 241, ou PEC dos gastos públicos, recentemente aprovada pela Câmara dos Deputados em primeira votação, é um verdadeiro leito de Procusto para toda a sociedade brasileira que, durante 20 anos, verá diminuída a participação do Estado nas despesas sociais e de educação, saúde, segurança, investimento e pessoal qualificado, deixando crescer livremente apenas as despesas financeiras com os juros da dívida, abocanhadas pelos rentistas.
Por João Guilherme Vargas Netto-Portogente
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A PEC 241, ou PEC dos gastos públicos, recentemente aprovada pela Câmara dos Deputados em primeira votação, é um verdadeiro leito de Procusto para toda a sociedade brasileira que, durante 20 anos, verá diminuída a participação do Estado nas despesas sociais e de educação, saúde, segurança, investimento e pessoal qualificado, deixando crescer livremente apenas as despesas financeiras com os juros da dívida, abocanhadas pelos rentistas.
Além do faustoso jantar oferecido pelo presidente da República com a finalidade de arrebanhar deputados pela sua aprovação, a PEC 241 mereceu o apoio unânime do empresariado brasileiro que, com sucessivas e enormes matérias publicitárias (pagas certamente pelas gordas verbas do sistema S) acomodou-se no fatídico leito, pronto a sofrer a decepação criminosa em seus interesses produtivistas.
O movimento sindical dos trabalhadores do setor privado da economia (acossado pela feroz recessão e enfrentando difíceis campanhas salariais) reagiu debilmente a esta investida mutilatória e os companheiros do setor público, representados por suas entidades, amargaram a acusação hipócrita de corporativistas ao defenderem seus dedos e os anéis.
Neste clima de certezas negativas, com a mídia a todo vapor editando, festiva, a votação da Câmara nos cadernos de economia, alguém pensa que no apertado leito de Procusto serão poupados os braços da previdência social e as pernas do salário mínimo? O pior das consequências, como dizem os portugueses, é que elas vêm depois.
Para melhor organizar o esquartejamento, o governo adiou (pela segunda vez) a reunião que havia convocado com as centrais sindicais sobre a reforma previdenciária, agora postergada para depois do segundo turno das eleições municipais ou sine die.
É importante e resulta do bom senso que as direções sindicais reforcem suas mobilizações unitárias de resistência, como as preparadas pelo setor de transporte para os dias 10 e 11 de novembro.
*João Guilherme Vargas Netto é analista político e consultor sindical
Fonte - Portogente 14/10/2016
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