Com preço de implantação 70% inferior ao do metrô subterrâneo, o novo sistema pode dar fim aos problemas de transporte coletivo das grandes cidades
Silas Scalioni
Estado de Minas (em.com)
![]() |
Maglev Cobra |
A novidade responde pelo nome de Maglev Cobra, o primeiro trem brasileiro de levitação magnética, que finalmente começa a sair do papel. Desenvolvido na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) pelo Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa em Engenharia (Coppe) e pela Escola Politécnica por meio do Laboratório de Aplicações de Supercondutores (Lasup), o projeto já apresenta a construção de uma estação que liga dois centros de tecnologia do campus da UFRJ, que servirá como teste final para o funcionamento do veículo. A implantação se dá graças a um convênio entre o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) e a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro (Faperj). O protótipo do Maglev Cobra terá capacidade de transportar até 30 passageiros em quatro módulos.
![]() |
Equipe responsável pelo Maglev Cobra, liderada por Richard Stephan, já colhe os resultados do trabalho feito na UFRJ |
Por ser uma novidade ainda com poucos exemplos de uso, há muitas dúvidas sobre o projeto, respondidas na página oficial do Megalev. Uma delas é de o trem descarrilar se houver interrupção de energia. Na verdade, o trem tem autonomia para um dia inteiro de operação. Enquanto os criostatos estiverem com nitrogênio líquido, ele não se descola da linha magnética. E, claro, o sistema de segurança passará por homologação antes de entrar em operação.
Solução?
Só na década de 80 foi possível obter supercondutores de alta temperatura crítica. Embora a ciência soubesse das propriedades de levitação dos supercondutores desde o século 19, foi necessário o desenvolvimento tecnológico em diversas áreas para que se tornasse possível a construção desse veículo. O Laboratório de Aplicação de Supercondutores da UFRJ (Lasup) dedica-se a aperfeiçoar e estudar a aplicação da tecnologia dos supercondutores. Foi por meio dos estudos do Lasup que a tecnologia maglev mostrou-se uma solução urbana factível.
Possivelmente, novos sistemas urbanos para transporte usando a levitação irão surgir na próxima década. Muitas pessoas que creditam o aquecimento global à poluição veicular acreditam que o Maglev é a solução para todos os problemas. Mas os responsáveis pelo projeto ressaltam que não é. Eles acreditam, sim, que o Maglev Cobra será um passo significativo para a redução das emissões de gases poluentes para a atmosfera.
Para saber detalhes sobre o projeto, visite o site www.maglevcobra.com.br/
Como funciona
No caso brasileiro a versão escolhida é a levitação magnética supercondutora, bem simples: uma placa de cerâmica supercondutora, ao ser resfriada com nitrogênio líquido, produz o efeito de levitação sobre um imã de neodímio – feito a partir de uma composição dos elementos químicos neodímio (Nd), ferro (Fe) e boro (B). Trata-se da mais moderna tecnologia nesse segmento, o que justifica ainda não haver uma linha de teste em escala real. No projeto brasileiro foram realizados testes de bancadas com os componentes isolados e a finalização deles é justamente montar o veículo e testar todos os componentes interligados, formando assim o sistema Maglev Cobra. Inicialmente, o programa implantará uma linha curta de testes, mas depois contará com outra, bem mais completa, dentro da UFRJ, capaz de transportar 20 mil alunos por dia, o que dará a aprovação final ao sistema deixando-o, então, pronto para uso comercial.
De onde vem?
Grande parte do ar que nós respiramos é nitrogênio. O nitrogênio líquido é obtido em indústrias de gases como um subproduto decorrente da fabricação do oxigênio líquido, necessário para indústrias e hospitais. O nitrogênio fica líquido a uma temperatura de -196 graus centígrados. Ao aquecer, ele torna-se gás novamente e volta para a atmosfera. Sem poluição alguma.
TRÊS PERGUNTAS PARA...
. Richard Stephan
. coordenador do projeto MagLev Cobra
1) No que se baseia e quais são os objetivos do projeto?
A primeira intenção é ligar pontos estratégicos, como aeroportos, para em seguida fixar paradas no meio do percurso até fazer conexão com as principais linhas de metrô nas grandes cidades. A tecnologia propõe um veículo com várias unidades curtas, assemelhando-se a uma cobra, permitindo curvas e rampas mais acentuadas, e velocidade de até 70 km/h. Esses materiais foram disponibilizados no final do século 19 e até hoje não há sistema do tipo em uso comercial. Um motor linear dá a tração. Como a propulsão só precisa de energia elétrica, o Maglev Cobra tem um efeito poluente baixo. Com mínimo nível de emissão de ruído, o veículo pode ser executado em cidades, em estruturas elevadas.
2) Quais tipos de tecnologias são usadas e quanto tempo para viabilizá-lo?
O veículo proposto tem uma aparência futurista, incorporando alta tecnologia, design moderno e os requisitos ambientais e sociais. Acreditamos que a partir de 2015 a tecnologia estará madura para o início da comercialização. A intenção é substituir as rodas por sistemas de levitação. A tecnologia pode ser aplicada de diferentes maneiras (levitação eletrodinâmica, eletromagnética e supercondutora) e é baseada nas propriedades de supercondutores de alta temperatura (HTSS) e o campo magnético de Nd-Fe-B imans. A tecnologia de ponta utilizada no Maglev carioca é à base de nitrogênio super-resfriado em cápsulas e a sua proximidade com os trilhos magnetizados por meio de poderosos ímãs provoca o efeito de levitação. O primeiro desses módulos já foi testado nos laboratórios da UFRJ e suportou muito bem o peso de seis adultos.
3) Já existe algo semelhante no mundo?
A tecnologia Maglev vem sendo pesquisada há mais de 40 anos na Alemanha e no Japão. No entanto, em uso comercial, há atualmente apenas duas linhas: uma em Shanghai e outra conhecida como HSST (www.hsst.jp), inaugurada para a Expo 2005, no Japão, num trecho de aproximadamente nove quilômetros objetivando o transporte de baixa velocidade.
Fonte - CFVV Sul de Minas 10/01/2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito