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ENTENDA O QUE FOI A NAKBA, A CATÁSTROFE DO POVO PALESTINO - Link para a matéria da Agência Brasil - https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/entenda-o-que-foi-nakba-catastrofe-do-povo-palestino

sábado, 26 de outubro de 2013

Especialista russa fala dos projetos de desenvolvimento da capital russa

Internacional

foto - ilustração
Entrevista: Olga Papadina, diretora-geral do Fórum Urbano de Moscou


A delegação do Fórum Urbano de Moscou está de passagem pelo Brasil acompanhando a conferência Urban Age, realizada no Rio de Janeiro entre os dias 23 e 25 de outubro. A equipe russa pretende estabelecer uma cooperação com o Brasil na troca de experiências sobre o desenvolvimento de periferias em grandes cidades, tema central do Fórum Urbano de Moscou deste ano, que será realizado entre os dias 5 e 7 de dezembro.
Em entrevista exclusiva ao repórter Serguey Monin da Rádio Voz da Rússia e ao site Diário da Rússia, a Diretora-Geral do Fórum Urbano de Moscou, Olga Papadina, falou sobre seus principais projetos, os recentes avanços urbanísticos de Moscou e o tipo de cooperação que estabelecerá com outras grandes cidades do mundo.

Voz da Rússia – O que é o Fórum Urbano de Moscou? Qual é a importância de um evento como esse?
Olga Papadina – O Fórum Urbano de Moscou é uma conferência internacional dedicada a temas relacionados com a construção da cidade, arquitetura, política social e econômica das cidades e todas as disciplinas que giram em torno da questão do urbanismo. O Fórum pretende determinar o lugar de Moscou na agenda urbanística global. Nós vamos receber uma grande quantidade de delegados internacionais com autoridades de grandes metrópoles, e o Prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, discutirá as problemáticas apontadas pelo comitê e pelo conselho de especialistas, sendo que neste ano os prefeitos das grandes metrópoles abordarão as possibilidades, os problemas e os caminhos para o desenvolvimento das periferias das cidades.

VR – Qual é o principal objetivo desta visita ao Rio de Janeiro?
OP – Nos dias 24 e 25 de outubro, será realizada no Rio de Janeiro a conferência Urban Age, que é um projeto ligado à London School of Economics. É um grande projeto dedicado ao urbanismo, reunindo uma grande quantidade de especialistas internacionais. Portanto, nós viemos participar das discussões propostas pela agenda da Urban Age e convidá-los para o nosso Fórum.

VR – Qual é o grau de cooperação que vocês pretendem alcançar entre o Brasil e a Rússia, ou mais especificamente, entre o Fórum Urbano de Moscou e o Urban Age, realizado no Rio de Janeiro?
OP – Rio de Janeiro e São Paulo são metrópoles globais, cidades que crescem muito rápido, e que se encontram em um situação similar a de Moscou, no que diz respeito ao número de problemas e o tipo de problemas que enfrentamos. Por isso, é claro que é muito interessante para nós que os nossos prefeitos e autoridades das nossas cidades se encontrem, conversem, discutam os problemas em comum e busquem caminhos de resolução em conjunto. Portanto, o Fórum Urbano de Moscou como a conferência Urban Age são plataformas para debates. É compreensível que devemos buscar solucionar os problemas em conjuntos, compartilhar experiências.

VR – Antes de continuar falando sobre o sua visita ao Rio de Janeiro, gostaria de saber quais são os atores que vão participar do Fórum Urbano de Moscou e qual é a programação do evento?
OP – O tema geral do Fórum é a questão do desenvolvimento das periferias. O 1° dia do evento, 5 de dezembro, contará com a participação de muitas delegações internacionais. Além da delegação brasileira, esperamos a delegação de Londres, Pequim, Barcelona, Mumbai, Jacarta, Istambul, entre outros. Primeiramente, estas delegações acompanharão a apresentação das pesquisas que nós iniciamos este ano, que tratam do desenvolvimento das periferias em todas as direções possíveis, como no campo sociológico, econômico, cultural etc. Assim, os delegados voltarão aos resultados das pesquisas, discutirão os interessantes exemplos de desenvolvimento das periferias em suas cidades. Além disso, nós temos muitas sessões sobre problemáticas mais específicas ligadas às questões das periferias, tratando de temas como moradia, construção, planejamento estratégico, questões ligadas à integração de diferentes camadas sociais, preservação de legados históricos, desenvolvimento de museus em periferias. São os temas que nós pretendemos discutir no primeiro Dia Global do Fórum Urbano de Moscou.

VR – Do que se trata este projeto paralelo ao fórum chamado “O Que Quer Moscou?”?
OP – “O Que Quer Moscou?” é um projeto de crowdsourcing (modelo de produção de conhecimentos coletivos e voluntários) que, através de um site, recolheu ideias dos moradores de Moscou sobre o que eles querem para a sua cidade. Assim, todos os moscovitas puderam expressar suas ideias para o projeto da cidade, respondendo às perguntas sobre o que poderia influenciar e transformar para melhor a vida na cidade. Foi uma oportunidades para que a população pudesse se expressar fortemente sobre o que os moradores da cidade gostariam que acontecesse de transformador em Moscou. No final das contas, foram escolhidas, aproximadamente, duas mil ideias abrangendo esferas muito diferentes. Em seguida, essas ideias foram passadas para arquitetos e designers, que podem visualizar estas ideias do ponto de vista profissional. Agora estamos no estágio em que os profissionais estão passando estas ideias para o papel. Assim, já no âmbito do Fórum de Moscou, será organizada uma exposição das melhores ideias deste projeto, que serão apresentadas aos delegados participantes do Fórum. Lembrando que estes delegados são os administradores da cidade que cuidam do desenvolvimento de Moscou e que podem implementar estas ideias, empresários que podem investir em algumas ideias, enfim, são profissionais e especialistas que podem apoiar estes projetos, acrescentar seu ponto de vista e viabilizar a sua realização.

VR – Nos últimos tempos, fala-se muito sobre as transformações que a cidade de Moscou tem sofrido nas áreas de urbanismo e transportes, por exemplo. Como você avalia estas mudanças? No âmbito do projeto “O Que Quer Moscou?”, quais são as principais ideias que os moscovitas apresentaram para novas transformações na cidade?
OP – Sem dúvida nos últimos tempos o governo de Moscou realizou uma grande quantidade de projetos no sistema de transportes. Surgiram os estacionamentos pagos, apareceram ciclistas nas ruas de Moscou, o que antes se via muito raramente. Foram criadas muitas estações de metrô novas. É claro que todos estes projetos melhoram a vida da cidade, deixando-a mais interessante e confortável. Muitas ideias que recebemos do site do projeto “O Que Quer Moscou?” estão relacionadas justamente com o sistema de transportes. Primeiramente, as pessoas se interessam muito pelo desenvolvimento da prática do ciclismo como meio de transporte. Portanto, com certeza os meios de transporte alternativos vão aparecer cada vez mais em Moscou. E no Rio, as pessoas usam bicicletas como meio de transporte?

VR – Sim, inclusive nos encontramos em uma situação parecida, pois recentemente surgiram no Rio de Janeiro as estações BikeRio, que permitem que as pessoas aluguem as bicicletas em determinados pontos da cidade e as utilizem durante o dia como forma de transporte ou passeio. No Rio de Janeiro, o projeto recebe o incentivo da iniciativa privada. Em Moscou é a mesma coisa?
OP – Exatamente, o mesmo tipo de projeto apareceu na capital russa recentemente e quem o organiza é o Banco Moscou. As pessoas podem pegar a bicicleta em um determinado ponto e entregá-la em outro lugar. Por enquanto, as estações de bicicleta se restringem ao centro da cidade. É um projeto de grande escala que começou este ano.

VR – Nós temos problemas semelhantes, pois aqui o projeto BikeRio não está concentrado no Centro da cidade, mas na Zona Sul, onde ficam os bairros da classe média e alta da cidade. Segundo algumas críticas ao projeto, a distribuição de estações de bicicletas reflete a desigualdade social que existe na cidade. Como as autoridades de Moscou lidam com estes dilemas?
OP – Eu talvez não usaria a palavra desigualdade. Moscou e Rio de Janeiro são cidades enormes, e os bairros se desenvolvem de forma diferente. Se voltarmos ao tema do Fórum, sobre o desenvolvimento da periferia, nós não escolhemos este tema à toa, pois em Moscou existe uma concentração muito grande no centro da cidade, que ocupa somente 7% do território de Moscou. No bairro central da capital russa, estão localizados os centros financeiros, turísticos, educacionais, comerciais. E não existem pontos de expansão destes centros para a periferia. Portanto, eu não falaria em algum tipo de desigualdade entre os bairros, mas que o Centro de Moscou atualmente é predominante, e o fato de que 90% das pessoas moram na periferia e trabalham, estudam e se divertem no centro faz com que este deslocamento gere enormes problemas no tráfego, problemas ecológicos etc. É claro que se falarmos sobre o fato de que nem todos os bairros se desenvolvem igualmente e que todas as metrópoles têm problemas de integração social. Nós vamos discutir estas questões durante o Fórum.

VR – O que é este projeto chamado “Arqueologia da Periferia”? A questão da periferia das grandes cidades será o tema central do Fórum Urbanístico de Moscou?
OP – Sim, todo o fórum será em torno da periferia. “Arqueologia da Periferia” é o nome da pesquisa comparativa internacional que nós iniciamos este ano. A pesquisa é dedicada ao desenvolvimento de bairros periféricos de grandes cidades do mundo. Nossos especialistas fizeram um painel avaliando esta questão em dez cidades do mundo. Infelizmente, o Rio de Janeiro não está incluído no painel, mas São Paulo está. A pesquisa é construída em cinco blocos, e cada bloco é constituída por sua equipe específica de especialistas, composta por profissionais de Moscou e profissionais estrangeiros. Portanto, avalia-se separadamente a economia nas periferias, a administração, arquitetura, cultura e sociologia. Os resultados da pesquisa serão apresentados a todos os prefeitos em um relatório durante o Dia Global do Fórum Urbanístico de Moscou. Em seguida, em sessões separadas que acontecerão durante o fórum, as delegações discutirão os resultados de relatórios por blocos específicos de temas. O importante é que o governo de Moscou quer determinar recomendações práticas a partir dos resultados da pesquisa, comparando as experiências de grandes metrópoles, e verificar como acontece o desenvolvimento da periferia em Moscou e em outras grandes cidades do mundo.
Fonte - Diário da Russia  25/10/2013

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