sábado, 6 de julho de 2013

Transporte público ruim afeta saúde, educação e cultura da população, dizem especialistas

Pedro Peduzzi
Repórter da Agência Brasil
Foto - ilustração
Brasília – Os efeitos negativos de um transporte público caro e de má qualidade não estão restritos à questão da mobilidade urbana. Prejudicam também outras áreas vitais para a vida do cidadão, como saúde, educação, finanças e cultura. Especialistas e integrantes do Movimento Passe Livre (MPL) consultados pela Agência Brasil avaliam que a mobilidade urbana está diretamente relacionada à qualidade de vida, além de ser um dos maiores causadores de estresse da vida das pessoas.
“É um trauma para todo mundo. Principalmente para quem fica em pé, duas horas, crucificado, com alguém tentando pegar bolsa, apalpar. Não é à toa que as pessoas estão preferindo usar motocicletas, mesmo que isso represente risco a própria integridade física por causa dos acidentes, e não é à toa que essas manifestações conseguiram tantas adesões”, disse à Agência Brasil o doutor em políticas de transporte pela Universidade Dortmund, na Alemanha e professor do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade de Brasília (UnB), Joaquim Aragão.
As manifestações citadas pelo especialista foram iniciadas pelo MPL em São Paulo. O movimento tem, como um de seus interlocutores, o professor de história Lucas Monteiro. “Defendemos Tarifa Zero porque, além de ser a única forma de as pessoas terem acesso à cidade, o transporte público beneficia áreas vitais como saúde e educação. Por isso já imaginávamos que nossa luta se espalharia pelo país, mas não que iria alcançar a dimensão que alcançou”, disse à Agência Brasil.
De acordo com o representante do MPL, o incentivo ao uso de transportes individuais causa também problemas como aumento da poluição e do número de atropelamentos, o que resulta em mais gastos e problemas para a saúde pública. Dados do Ministério da Saúde mostram que, em 2010, 42.844 pessoas morreram nas estradas e ruas do país. Desse total, 10.820 acidentes envolveram motos. No mesmo ano, o gasto total do Sistema Único de Saúde (SUS) com acidentes de trânsito foi R$ 187 milhões. Só com internação de motociclistas foram gastos R$ 85,5 milhões.
Além disso, acrescenta Monteiro, diversos tratamentos de saúde deixam de ser feitos porque os pacientes não têm condições de pagar pelo deslocamento. E o problema relacionado à falta de condições para custear os transportes também afeta o direto e a qualidade da educação.
“Frequentei muitas às escolas públicas. É comum alunos faltarem aulas por não terem dinheiro para ir à escola. Além do mais, direito à educação não está restrito a apenas ir à escola ou ao banco escolar. Os estudantes precisam ter acesso à cultura, a visitar museus. E, sem circular, não há como ter acesso a isso. A grande maioria não vai ao centro da cidade, museus, centros culturais para complementar sua formação”, disse Monteiro.
Segundo Aragão, dificuldades para mobilidade urbana afetam diretamente o rendimento escolar de jovens e crianças, que ficam cansados e com o sono sacrificado. “É um fator a mais a prejudicar o rendimento, além da qualidade de instalações do ensino público. Da mesma forma, afeta também a evasão escolar, a formação de profissionais e a produtividade do país”, disse o especialista.
“A mobilidade bloqueia inclusive a vida social do cidadão de baixa renda, que fica sem acesso a entretenimento, cultura e lazer. Esses são privilégios das pessoas motorizadas. Uma família de quatro pessoas que queira se deslocarem da periferia até um parque no centro da cidade gastará R$24, caso a passagem unitária custe R$3. Para quem recebe salário mínimo, isso é impossível”, disse.
Arquiteto, urbanista e especialista em transporte público, Jaime Lerner diz que por trás das manifestações iniciadas pelo MPL está o descrédito nas políticas públicas e a falta de respostas à sociedade, sobre os diversos serviços públicos prestados a ela. “E tudo fica mais fácil em todas as áreas quando se tem um bom transporte público”, disse o ex-prefeito de Curitiba (PR).
Muitas das mobilidades foram anunciadas sem sequer estudar a própria cidade, avalia Lerner. Segundo ele, é importante entender a cidade como um sistema de estrutura de vida, trabalho, movimento e mobilidade juntos. No fundo, acrescenta, faltam decisões políticas, e, em geral, essas decisões são voltadas para soluções mais caras.
“O Brasil é rápido em fazer coisa errada e demorado em fazer a coisa certa”, disse. “Sustentabilidade é equação entre o que você poupa e o que você desperdiça. Portanto, se tiver de se deslocar por distâncias cada vez maiores, é óbvio que a coisa não vai funcionar”.
Fonte - Agência Brasil  06/07/2013

COMENTÁRIO Pregopontocom

Gostaríamos de lembrar as Srs."especialistas" que tratar esse tema com superficialidade sem o aprofundamento devido não trará nenhuma solução positiva e definitiva. Analisemos as questões: 1º) Tarifa Zero - como discutir a aplicação da mesma sem antes se definir quem iara operar o sistema de transporte público,a iniciativa privada ou o poder público?...ai temos as prerrogativas,com transporte operacionalizado pela iniciativa privada o poder público terá que repassar para a mesma os custos da operação (incluídos ai todos os gastos com a  frota,sua renovação,recursos humanos,despesas complementares e o mais importante para o empresário o"lucro").Com a operacionalização do sistema pelo poder público o lucro podera ser descartado,considerando-se que transporte público é uma prestação essencial de "serviço público e social" ai nesse caso o poder público teria um custo menor.Mais e a tarifa Zero... seria Zero mesmo? e de onde viriam os recursos para banca-la? cairiam do céu? ou com certeza seria paga por todos, não nas catracas, mais de maneira indireta e constante, pois sabemos que tudo seria pago com dinheiro público,arrecadado com impostos. - 2º) Não seria mais justo uma tarifa social com integração física e tarifária com bilhete único por hora(s) diminuindo significativamente os custos do transporte para os usuários e que todos pudessem pagar por um sistema de transportes rápido,eficiente,de qualidade,confortável,moderno,não poluente com um vigoroso sistema de transportes de massa sobre trilhos (Trens,Metrôs,VLT) com sistemas complementares e alimentadores diversos,incluídos ai os hidroviários,os ônibus,as bicicletas,funiculaires,sistemas verticais,automóveis,motos e viagens a pé,garantido a sua manutenção e novos investimentos, e esquecer definitivamente o "ranço" rodoviarísta (ônibus,carros,caminhões) que a mais de 60 anos só nos traz prejuízos irreparáveis,atrasos,o caos,a poluição,os engarrafamentos e um transporte insuficiente e de PÉSSIMA  qualidade???? -3º) A questão do planejamento Urbano também é essencial e preponderante para solução efetiva e a melhoria da qualidade da mobilidade Urbana. Para se minimizar os grandes deslocamentos da população em busca de serviços diversos,dotar os Bairros das grandes e médias cidades com infra estrutura própria de serviços básicos,bancos,escolas,creches,comercio local,serviços públicos,de saúde, de lazer e sistemas de transportes de circulação interna,(sistemas cicloviários,calçadas largas sem obstáculos com sinalização horizontal e vertical,e nos bairros mais populosos micro ônibus e vans) diminuindo assim os efeitos negativos provocados na mobilidade pelos grandes deslocamentos a que são obrigados fazer todos os dias a população para cumprir as suas atividades cotidianas. - De nada adianta querer reinventar a roda.

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