sexta-feira, 28 de março de 2014

VLT em Fortaleza vai alternar com a linha férrea do trem de carga

Transportes sobre trilhos

Conforme a Seinfra, o trem do VLT e o de carga vão passar pelo mesmo trilho, em horários diferentes
"O trem vai ser do VLT, mas o trilho vai ser alternado: hora o de carga e hora o do VLT. Eles passam em horários diferentes, então não vai chocar", esclarece André Pierre, coordenador de Transportes e Obras da Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra). 


Luana Lima
Repórter
foto - ilustração
A três meses da Copa do Mundo de 2014, as intervenções do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) - uma das mais impactantes da matriz de responsabilidades do mundial, sobretudo no que diz respeito às desapropriações -, segue em ritmo lento. Prova disso é que apenas 44% foram concluídos. A obra, iniciada no começo de 2012, tem previsão de término em junho deste ano, quando acontece o Mundial. Com os prazos estourados, o governo informa que o modal vai começar a operar de forma compartilhada com a linha férrea do trem de carga, já existente, o que deve acontecer a partir de 31 de maio.
"O trem vai ser do VLT, mas o trilho vai ser alternado: hora o de carga e hora o do VLT. Eles passam em horários diferentes, então não vai chocar", esclarece André Pierre, coordenador de Transportes e Obras da Secretaria da Infraestrutura do Estado (Seinfra). "A gente queria que já estivesse tudo pronto, mas estamos 'reféns' das desapropriações. Esse é sempre um problema que atinge a obra", justifica.
O projeto, acrescenta o coordenador, foi desenvolvido para trabalhar com três faixas: a 1 e 2 do VLT e uma terceira do trem de carga. Entretanto, pela dificuldade de avançar nas obra por causa das desapropriações, inicialmente terá que ser de forma compartilhada. "Vai ser alternado, porque algumas estações não vão ser concluídas", alega. Ele afirma que a medida foi tomada para testar os veículos.

FOTO: KID JÚNIOR
Abandono
Em alguns pontos, como no bairro São João do Tauape, moradores reclamam que as obras foram iniciadas, mas há meses estão abandonadas, causando transtornos à população. "Foi trator e mais trator, a gente pensando que a obra ia passar rápido, mas fizeram essa vala e deixaram aí, acumulando sujeita e mosquito. E quando chove fica cheio de água. É até perigoso. Tem gente que esquece e cai dentro", denuncia a aposentada Antônia Ferreira dos Santos, 72, que reside em frente à linha férrea, próximo ao cruzamento com a Rua José Justa.
O estudante Gefredo Júnior Cordeiro, 26, afirma que a obra está parada há cerca de seis meses. "Fizeram esse buraco, que só serve para juntar lixo e mosquito, e deixaram aí. Para piorar, por causa das máquinas, muitas casas ficaram com rachaduras. A expectativa é de que melhore, se conseguirem concluir. Mas daqui para a Copa, que é em junho, não tem nem perigo de terminarem", declara, descrente com o cumprimento dos prazos. No local, não existe nenhuma placa indicando o que vai ser feito e nem prazo para conclusão. Quem mora na área sabe pouco sobre a intervenção.
Apesar da situação de abandono da área, caracterizada pelo lixo e entulho no entorno, a Seinfra informa, em nota emitida através da assessoria de comunicação, que as obras na região do São João do Tauape não estão paradas. De acordo com o órgão, os trabalhos estão concentrados na finalização da ponte que cruzará o Canal do Tauape, próximo à BR-116, parte mais importante do empreendimento no local e que possibilitará o andamento do restante da obra na região, enquanto outras ações pontuais estão sendo realizadas ao longo do trecho citado.
Orçada em R$ 265,5 milhões, dos quais em torno de R$ 150 milhões já foram investidos, conforme informações do coordenador André Pierre, a obra do VLT envolve 2.185 desapropriações. Desse total, apenas mil foram pagas e encontram-se em processo de demolição. As demais ainda estão em negociação.

Garantias
"A gente não vai tirar as pessoas sem nenhuma garantia, isso consome um prazo considerável", afirma o gestor, justificando os atrasos. Dos oito VLTs em construção, dois foram entregues neste mês de março, mais dois estão previstos para abril e quatro para o mês de maio.
Heber Oliveira, professor da Universidade de Fortaleza (Unifor) e doutorando em engenharia de transportes, comenta que, com o anúncio da Copa do Mundo em 2014, surgiram medidas intencionadas à solução de parte dos problemas que dizem respeito à mobilidade urbana, sobretudo àqueles que poderiam impedir ou restringir o funcionamento do evento no País. Entre eles, o VLT. Apesar de ser um equipamento que pode trazer benefícios para a mobilidade urbana da Capital, destaca que ele somente garantirá, quando estiver construído e em operação, parte dos deslocamentos de algumas regiões da cidade, no seu trajeto de pouco mais de 11 Km.
Fonte - Diário do Nordeste  28/03/2014

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