domingo, 18 de agosto de 2013

Quingoma afirma-se como remanescente de quilombo

Cidadania

Margarida Neide - Ag. A TARDE
Flávia Faria
Certificação sinaliza melhoria de vida para cerca de 3,5 mil moradores

É com orgulho e alegria que Rejane Rodrigues, de 28 anos, fala da certificação da comunidade de Quingoma, em Lauro de Freitas, como remanescente de quilombo. O título, que foi entregue na semana passada pela Fundação Cultural Palmares, traz para a líder comunitária a esperança de melhorias sociais para os cerca de 3,5 mil moradores.
Em Quingoma, não há posto de saúde, as escolas são distantes e o transporte público é bastante escasso. O acesso é difícil, possível apenas por uma estrada de barro que se torna impraticável no período de chuvas.
Por determinação federal, os municípios com remanescentes de quilombos recebem mais verbas para saúde e educação. Isso acontece especialmente para que estes possam dar conta das necessidades dos quilombolas. "Já perdi uma tia porque a ambulância que chamamos demorou horas para chegar", lamenta Rejane.
Cultura - Mas nem só de tristeza vive a comunidade. Em 2005, um grupo de moradores decidiu resgatar uma das maiores tradições de Quingoma: o samba de roda. "Antigamente, os maridos iam caçar e pescar e, na volta, fazíamos o samba de roda. Sambávamos o dia inteiro. Era bom demais!", conta a aposentada Ednalva dos Santos, de 63 anos.
Hoje, o grupo faz apresentações em festas e outros eventos. "Foi com o samba que fomos vistos. Foi através dele que as pessoas começaram a ouvir falar de Quingoma", diz a pensionista Raquel Pereira, de 48 anos.
No futuro próximo, os moradores querem resgatar as casas de farinha e a agricultura familiar. "Cresci ralando mandioca, para fazer farinha. Queremos reativar essa tradição e fazer disso a nossa fonte de renda", afirma Rejane.
Para que isso aconteça, a comunidade precisa da regularização dos títulos de propriedade, próximo passo depois da certificação. Devido à expansão imobiliária em Lauro de Freitas, os moradores temiam perder suas terras. "O mais importante é o reconhecimento de que somos donos da terra", diz a líder comunitária.
Fonte - A Tarde  17/08/2013

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