A área pertence ao Grupo Votorantim e no local não há mais a circulação de trens
Jornal Cruzeiro do Sul
Por Sabrina Souza
Como fica em um terreno particular, a limpeza e manutenção da área da linha férrea é de obrigação de seu proprietário, o Grupo Votorantim. Cabe à administração municipal, no entanto, fiscalizar a atividade. Realizada mensalmente, como informa a empresa, e com priorização dos pontos críticos, as vistorias parecem não estarem sendo suficientes para garantir a limpeza do local. Em alguns pontos, como na rua Cervantes, o mato chega a mais de 1,5 metro de altura - ambiente favorável à proliferação de insetos, ratos e bichos peçonhentos. Moradora da Vila Assis, a faxineira Aparecida Soares lembra que chegou a encontrar escorpiões em sua casa. "Isso sem contar a água acumulada, que pode servir de criadouro para o mosquito da dengue", alerta.
Ao longo da linha é possível encontrar de tudo: lixo doméstico, móveis e restos de construção. Apesar da proibição do depósito de lixo e entulho ao longo da linha de trem, reforçada por placas instaladas no local, a prática é comum e facilitada pelo estado de abandono em que se encontra a região. É o que acredita o pedreiro João Marques de Lima. "Os próprios moradores sujam, mas vem gente de todo o lugar jogar entulho aqui", afirma ele, para quem é necessária uma intensificação da manutenção. "Pelo menos nesse trecho, a limpeza é rara e o mato cresce mais rápido do que eles limpam", cita. Mato alto que serve como esconderijo para ações ilegais, como a venda e o uso de drogas. "Em plena luz do dia, o tráfico acontece com frequência por aqui", completa o morador.
O trecho já chegou a ser caracterizado, inclusive, como uma das dez "minicracolândias" de Sorocaba, como noticiado pelo Jornal Cruzeiro do Sul em outubro do ano passado. E a presença de usuários de drogas assusta quem precisa passar pelo local, principalmente a noite. É o caso da camareira Eunice Smith, que diariamente utiliza o ponto de ônibus às margens dos trilhos por volta das 22 horas. "É um risco que quem mora aqui corre todos os dias. Acabamos ficando reféns dessa situação", lamenta. A moradora da Vila Assis relata que a irmã chegou a ser assaltada no mesmo ponto de ônibus, no começo do ano. "Ela estava passando a noite, puxaram ela pelo colar e levaram o celular", diz. Alguns metros a frente desse ponto de ônibus, próximo a uma praça na rua Doutor Moreira Sales, há uma passagem embaixo da linha férrea que, segundo relatos dos moradores, serviria de abrigo para traficantes.
Limpeza e fiscalização
A fiscalização referente à limpeza do trecho deve ocorrer nas próximas semanas. Pelo menos é o que garante a Área de Fiscalização da Prefeitura, que estaria agora finalizando as vistorias nas demais extensões da linha férrea, que pertence à ALL - processo que está em fase de finalização, conforme informou o setor. A administração municipal justifica a demora nas inspeções devido à sua complexidade, já que demanda medições individualizadas de cada trecho de linha férrea em situação irregular. A Prefeitura reforça ainda que o Grupo Votorantim vem realizado a manutenção do trecho de sua propriedade, em resposta à intimação sistemática que vêm sofrendo desde 2010.
Sem planos de uso
Mesmo com a promessa de uso do ramal para o transporte de passageiros, feita desde 2012 pelo então candidato e hoje prefeito Antônio Carlos Pannunzio (PSDB), a Prefeitura deixou de responder, através do setor de imprensa, se há ou não planos de realizar parcerias com o Grupo Votorantim para dar uma destinação à linha férrea desativada e seu entorno, ou se há um prazo para que isso ocorra. Sobre esse mesmo ponto, a empresa proprietária da linha, por sua vez, se limitou a dizer que está "estudando as possibilidades existentes" e também não deu detalhes do futuro do ramal. (Supervisão: Helena Gozzano)
Fonte - STEFZS 04/05/2014
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