PALESTINA

ENTENDA O QUE FOI A NAKBA, A CATÁSTROFE DO POVO PALESTINO - Link para a matéria da Agência Brasil - https://agenciabrasil.ebc.com.br/internacional/noticia/2023-11/entenda-o-que-foi-nakba-catastrofe-do-povo-palestino

ECOLOGIA e meio Ambiente




Civilizações antigas da América do Sul determinaram o tipo de vegetação na Amazônia

Sputnik

Estudo internacional que acaba de ser publicado na revista especializada "Science" mostra que civilizações pré-colombianas transformaram boa parte da Floresta Amazônica em grandes pomares, domesticando árvores nativas da região através do replantio, do que resultaram espécies famosas como o cacau e a castanha-do-pará.
O estudo começou há cerca de 80 anos e foi feito por centenas de pesquisadores e vem ganhando atualizações, como a feita agora pela bióloga brasileira Carolina Levis, uma das autoras da pesquisa, e que está em fase de conclusão de seu doutorado no Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e da Universidade de Wageningen, na Holanda. A bióloga juntou duas grandes bases de dados, uma de florística, em que mais de mil parcelas florestais foram inventariadas, das quais 12 Carolina contribuiu com dados. Além disso também foram utilizados bases de dados de mais de três mil sítios arqueológicos na Amazônia.
Carolina explica que plantas domesticadas são aquelas que passaram por um processo de seleção e propagação por mãos humanas.
"Os povos indígenas se apropriaram de algumas espécies úteis da floresta, e alguns indivíduos, que tinham características mais interessantes, como, por exemplo, frutos mais doces e maiores, foram trazidos para perto de suas casas e cultivados. Nesse processo se pode gerar uma mudança bem drástica na parte da planta que é selecionada", explica a bióloga.
A pupunha é outro exemplo que foi totalmente domesticada pelos povos indígenas pelo fruto e não pelo palmito. Em populações silvestres, o fruto pesa um grama, enquanto nas cultivadas hoje nos quintais, ele pode até pesar 200 gramas.
"Dessas 85 espécies domesticadas que a gente identificou na floresta, 20 são hiperdominantes, ou seja, dominam uma grande área de floresta na Amazônia. As espécies hiperdominantes foram identificadas num outro artigo em que se classificou e se constatou que em mais de 5 mil árvores que existem na floresta 227 correspondem à metade de todos os indivíduos que estão lá hoje."
A bióloga observa que as espécies domesticadas e hiperdominantes estão em maior concentração próximo dos sítios arqueológicos. Por isso, seria interessante tentar entender se diferentes grupos indígenas do passado dispersaram e selecionaram um grupo específico de espécies, tentando usar essas plantas como marcadores culturais.
Fonte - Sputnik  03/03/2017


Pesquisa do Instituto Mamirauá confirma a ocorrência de três espécies de tartarugas em áreas protegidas do Amazonas

Revista Amazônia

Foi divulgada recentemente, em publicações científicas, a confirmação do aumento da distribuição geográfica de três espécies de quelônios em duas unidades de conservação do Amazonas. A ocorrência dos animais era desconhecida para a Amazônia Central. O registro foi possível com a realização de expedições pela equipe de pesquisadores e técnicos do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação.
Os registros de ocorrência foram na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Amanã, no município de Maraã e na Reserva Extrativista do Rio Jutaí, no município de mesmo nome. As três espécies, identificadas no Amazonas, são conhecidas na região Amazônica como Perema ou Lalá. Em outras regiões, são conhecidas como Jabuti-machado (Platemys platycephala platycephala), e Cágado-cabeça-de-sapo (Mesoclemmys raniceps e Mesoclemmys heliostemma).
As publicações estão disponíveis para acesso e download gratuito no site da revista ZenScientist. A revista científica internacional, dos Estados Unidos, tem como foco publicações sobre herpetologia, ramo da zoologia dedicado ao estudo dos répteis e anfíbios. A revista é publicada pela Society for study of Amphibians and Reptiles.
De acordo com Thaís Morcatty, pesquisadora do Instituto Mamirauá e uma das autoras das publicações, conhecer a área de distribuição das espécies é importante para a tomada de decisões sobre a conservação das áreas onde ocorrem e para o desenvolvimento de estudos.
“Novos registros chamam a atenção para o pouco que sabemos sobre essas espécies, incitando novos estudos e indicando novas áreas onde eles poderão ser desenvolvidos. Adicionalmente, a riqueza e a composição das espécies em determinado local definem se ele necessita regras para conservação ou não, por exemplo, para a criação de unidades de conservação ou autorização para atividades econômicas”, contou Thaís.
A pesquisadora também ressalta que o comércio ilegal de animais silvestres como animais de estimação pode ser uma das ameaças a essas espécies. “A principal ameaça conhecida para estas três espécies é a perda de habitat por atividades humanas, como desmatamento e mineração. Outra importante ameaça que pode afetar as populações é retirada de indivíduos dessas espécies para abastecimento do mercado de pet, onde são vendidas como animal de estimação. Devido à falta de estudos, ainda não sabemos o impacto dessa atividade na maioria dos quelônios brasileiros”, disse.

Histórico
“Desses três aumentos de distribuição, o mais importante é da Mesoclemmys heliostemma. Agora nós completamos a região central da Amazônia, onde sua distribuição era totalmente desconhecida”, afirmou a pesquisadora.
Fonte - Revista Amazônia  29/01/2016






Belo Monte supera R$ 1,2 bilhão em benefícios socioambientais

RA

A Norte Energia, empresa responsável pela construção e operação da Usina Hidrelétrica Belo Monte, superou em agosto o montante de R$ 1,2 bilhão investido em ações socioambientais que beneficiam as populações do entorno da Usina. Os recursos fazem parte de um total de R$ 3,7 bilhões (a preços de 2010) que serão aplicados em ações condicionantes e em outros benefícios previstos no Projeto Básico Ambiental (PBA) do empreendimento, inclusive do PBA-Componente Indígena (PBA-CI), e no Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável do Xingu (PDRS-X), e em ações complementares.
Como parte do PBA, a Norte Energia desenvolve nos cinco municípios da Área de Influência Direta da Usina (Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio e Vitória do Xingu) 117 projetos de cunho ambiental, econômico, social e cultural. Os trabalhos em andamento estão sob acompanhamento rigoroso de órgãos fiscalizadores, especialmente do Ibama.
Estas ações beneficiam diretamente moradores da região, como Edileuza Alves, 38 anos, que durante 16 anos morou em uma palafita na Rua das Olarias, área de Altamira historicamente alagada nos períodos de cheia do rio Xingu. “Quando soube que teria que sair dali, fiquei aliviada. Lá era muito perigoso e eu ficava presa em casa.”
Desde o último sábado (13/9), Edileuza mora no Jatobá, um dos cinco novos bairros que estão sendo construídos pela Norte Energia em Altamira como parte das condicionantes da UHE Belo Monte. No total serão 4,1 mil casas em bairros com infraestrutura completa. Mais de 500 famílias já saíram das áreas insalubres e estão usufruindo do conforto e da segurança das novas casas, dotadas de água, luz, esgoto e saneamento.
“Meu maior sonho era morar em uma casa de chão firme. Hoje eu tenho isso, e muito mais, pois quando sofri um derrame, há alguns anos, fiquei com parte do corpo paralisada. Meu banheiro aqui é adaptado, o que me dá segurança na hora de tomar banho”, explica Edileuza.

Saúde e educação
As ações desenvolvidas pela Norte Energia também reforçam a estrutura de saúde dos municípios da Área de Influência Direta da Usina. Na região, já foram construídas e equipadas 27 Unidades Básicas de Saúde (UBS). Três hospitais estão em obras para serem entregues ainda em 2014. Os casos de malária foram reduzidos em 90% nos sete primeiros meses de 2014 (644 casos), na comparação com o mesmo período de 2011 (6.373) em Altamira, Anapu, Brasil Novo, Senador José Porfírio, Pacajá e Vitória do Xingu.
Na área de educação, a Empresa construiu ou reformou 252 salas de aula e ampliou outras 102, beneficiando diretamente mais de 20 mil alunos. Outras obras estão em andamento e em fase de contratação.

Saneamento básico
No saneamento básico, mais de R$ 429 milhões já foram investidos para a instalação de redes de água e de esgoto e estações de tratamento. Em Altamira já estão concluídas 88% das instalações, com 220 quilômetros de redes de esgoto e 170 quilômetros de redes de água potável. Na área urbana de Vitória do Xingu foram implantados 30 quilômetros de rede de esgoto e 12,5 quilômetros de drenagem de águas pluviais.
Diversas outras ações são desenvolvidas nas mais diversas áreas, como segurança pública, assistência social e meio ambiente, entre outras.

Componente indígena
A UHE Belo Monte é a primeira obra do Brasil a desenvolver um PBA específico de componente indígena específico, o PBA-CI. Desde novembro de 2010, a Norte Energia destinou mais de R$ 153 milhões para ações que atendem 11 Terras Indígenas da Área de Influência da Usina. Já foram concluídas 313 casas, de um total de 699, e doados e entregues mais de 1,2 milhão de litros de combustíveis e lubrificantes, 326 barcos e voadeiras e mais 564 motores, além de 44 veículos e 96 geradores.
Entre outras ações em andamento estão o apoio à construção de escolas nas aldeias, construção de casas de farinha, projetos de estruturação produtiva, ações de aperfeiçoamento de professores, melhoria de gestão, produção de material didático, como dez cartilhas de letramento para dez diferentes povos indígenas.

PDRS-X
Os seis municípios da Área de Influência Indireta (Gurupá, Medicilândia, Pacajá, Placas, Porto de Moz e Uruará) da UHE Belo Monte, que não fazem parte do PBA, já receberam mais R$ 15 milhões em investimentos diretos da Norte Energia, além de terem à disposição R$ 500 milhões no PDRS-X, aonde podem entrar com projetos próprios.
Tais resultados mostram que Belo Monte, além de ser um exemplo de sustentabilidade na área energética, com energia limpa e renovável, é também um indutor de desenvolvimento regional e de melhoria na qualidade de vida da população local, há décadas carente de investimentos sociais.
Fonte - Revista Amazônia  18/09/2014


Senador de Rondônia comemora extinção de reserva extrativista na Amazônia

Com informações da Agência Senado
foto -  Reprodução/PM-RO
BRASÍLIA - Região de floresta superior a 250 mil hectares, que preenche parte de três cidades, perde status de área protegida.O senador Ivo Cassol (PP-RO) comemorou a decisão da Assembleia Legislativa do Estado de Rondônia que revogou o decreto de criação da Reserva Extrativista Jaci-Paraná. O parlamentar afirmou que a decisão aliviou a situação de cerca de 1,2 mil famílias que moram na unidade de conservação há mais de 20 anos e trabalham na produção de alimentos e na pecuária.
A decisão dos deputados estaduais de Rondônia, disse o senador, irá evitar que essas pessoas sejam obrigadas a abandonar suas terras para viverem em situação de miséria.
A Reserva Extrativista Jaci-Paraná tem área de 205,4 mil hectares e compreende parte de três cidades: Porto Velho, Britis e Nova Mamoré, segundo a organização não governamental Fundo Mundial para a Natureza (WWF, na sigla em inglês).
Fonte - Portal Amazônia  13/02/2014


O inusitado também acontece

Se você pensa que já viu tudo......




Ibran pede embargo de obra no Parque Olhos D'água 

Mônica Maia - Radioagência Nacional

A região foi anexada ao Parque Olhos D'água em 2012 e sofre com as erosões. O Ibran solicitou a realização de uma obra em uma área verde que rodeia as quadras 212 e 213 norte para conter o aumento do volume de água que chega na região, mas o projeto não foi corretamente executado






Fonte - EBC  16/07/2013



Hungria destrói todas as plantações da Monsanto

NaturalSociety e RealFarmacy

A Hungria deu uma machadada no tronco infectado da gigante Monsanto e as suas modificações genéticas destruindo quase 500 hectares de culturas de milho plantadas com sementes geneticamente modificadas.De acordo com o o secretário de estado húngaro e Ministro do Desenvolvimento Rural Lajos Bognar, ao contrário de muitos países europeus (como Portugal) a Hungria é uma nação onde as sementes geneticamente modificadas estão banidas e proibidas, tomando uma posição semelhante ao Peru que instituiu uma lei que bane e proibe as sementes e alimentos geneticamente modificados por pelo menos 10 anos.Os quase 500 hectares de milho destruídos estavam espalhados pelo território húngaro e haviam sido plantados há pouco tempo, explica o Ministro Lajos Bognar, o que quer dizer que o pólen venenoso do milho ainda não estava a ser dispersado.Ao contrário dos membros da União Europeia, a Hungria baniu todas as sementes OGM. As buscas continuam pois como disse Bognar os produtores são obrigados a certificarem-se que as sementes que usam não são geneticamente modificadas. Durante a investigação os fiscais descobriram que a Monsanto havia injectado produtos da Pioneer Monsanto entre as sementes a plantar, possivelmente com o intuito de disseminar aquela cultura.O movimento de livre trânsito de produtos dentro dos estados da União Europeia impede que as autoridades investiguem como estas sementes chegaram à Hungria, mas doravante irão certificar-se da validade das culturas em solo húngaro, assegurou o ministro. Uma rádio regional revelou que as duas maiores produtoras de sementes geneticamente modificadas foram afectadas com este acto mas que existem milhares de hectares nestas condições.Os agricultores defenderam-se com a ideia de que não sabiam tratar-se de sementes OGM. Com a estação já a meio, é tarde demais para plantarem novas sementes por isso a colheita deste ano foi completamente perdida. E para piorar o cenário aos agricultores, a companhia que distribuiu estas sementes no condado de Baranya abriu falência o que impede que recebam compensação.Haja mais Hungrias e Húngaros pela Europa e pelo mundo!



Fonte - Portugal Mundial  23/05/2013

FAO: progresso da bioenergia não pode afetar segurança alimentar

Heloisa Cristaldo
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O desenvolvimento da bioenergia no Brasil deve evitar comprometer a segurança alimentar, alertou o coordenador do programa de Bioenergia da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), Olivier Dubois.
Em entrevista à Agência Brasil, Dubois falou da necessidade constante de mapeamento do solo para investigar o impacto ambiental da produção agropecuária. Destacou que é preciso estudar os efeitos indiretos da ocupação do solo, para que não haja danos, principalmente, à agricultura familiar ao redor do mundo.
“Se disser ao pequeno agricultor que ele terá dinheiro a partir de uma cultura, o risco é de ele utilizar seu lote todo para essa única cultura. Ele fará 10 hectares para cultura de dendê e terá de comprar comida. O risco disso é que ele será muito mais dependente dos preços dos alimentos. Ou seja, uma certa proporção [do seu terreno] ele tem que garantir, senão há o risco de segurança alimentar”
A avaliação de Dubois é que não há necessariamente uma incompatibilidade entre a produção de alimentos e biocombustíveis. “Não podemos diabolizar uma coisa porque depende muito da forma como você faz. Não se pode competir com a utilização da terra na produção de biocombustíveis, mas é possível concorrer. Planta alimentar como matéria-prima pode ser mantida em consórcio de diferentes culturas na mesma área”.
O coordenador citou o Projeto de Critérios e Indicadores de Bioenergia e Segurança Alimentar da FAO, como uma ferramenta da entidade, que inclui instrumentos de avaliação dos impactos ambientais e socioeconômicos da produção de bioenergia, com indicadores que podem ser medidos durante a produção e a recomendação de boas práticas e de medidas políticas para promover o desenvolvimento sustentável da bioenergia.
“Essa ferramenta orienta, por exemplo, os possíveis riscos de substituição alimentar de forma sustentável. Com ela podemos avaliar e monitorar as práticas de bionergia pelo mundo”, explicou. O instrumento permite recomendar, por exemplo, balancear a produção de energia com a de outros alimentos, utilizando o subproduto para alimentar o gado, misturando ou fazendo rotação de culturas.
De acordo com a Embrapa Agroenergia, até 2004 não existia fabricação de biodiesel no Brasil. Com a implantação do Programa Nacional de Produção e Uso de Biodiesel (PNPB), o País passou a ser o segundo maior produtor mundial e colocou no mercado 2.717 m³ do biocombustível em 2012.
Fonte - Agência Brasil  23/03/2013


BICYMPLE - PROJETO DE BICICLETA SEM CORRENTE DE TRANSMISSÃO


Bicymple e é uma bicicleta com um modelo simples que ao contrário dos modelos tradicionais, não tem corrente de transmissão e o pedal está acoplado na roda traseira. Atualmente, existem três modelos sendo comercializados, o mais barato custa E$ 610.
Esta bicicleta, com aparência de um monociclo, foi projetada por Josh Bechtel.


Foi um Rio que passou na minha vida...” - Rio Joanes

Caio Mário Vieira Marques
foto - ilustação
Uma senhora parou-me, argumentou e perguntou-me.. “Este nosso Rio Joanes está morrendo. Não consigo mais viver de mariscar. Deixei de trabalhar nas águas do Joanes, depois de viver mais de 15 anos mariscando. Hoje tenho que efetuar outras tarefas para as quais não fui preparada, tendo que reinventar meu futuro. Minhas filhas precisam de sustento e eu estou tendo muitas dificuldades para ajudá-las a sobreviver. O que as pessoas podem fazer para melhorar a qualidade das águas do Rio Joanes??? As pessoas estão jogando esgoto e lixo e ninguém faz nada, doutor??!!!”
Será que teremos mariscos e peixes de volta ao nosso Rio???? Pensei eu!
Outros comentários eu ouvi de pescadores, senhores com mais de 70 anos, cerca de 50 anos dedicados à pesca, entre Portão e Buraquinho, em Lauro de Freitas. “Nós tirávamos mais de 10 quilos de peixe, cada um de nós, diariamente. Vendíamos aos próprios moradores da beira do rio, nas casas dos condomínios. Nós saíamos para pescar e já recebíamos as encomendas dos nossos clientes. Criei meus filhos e sustentei minha família pescando no Rio Joanes, até o final dos anos 90, sem maiores dificuldades. Nos últimos anos, nada mais pode ser pescado acima da Ponte do Terminal Turístico de Portão, dada a péssima qualidade da água e a inexistência de peixes, para a pesca de subsistência.”
Os moradores das margens do Rio Joanes lamentam a morte silenciosa e prejudicial daquele que foi uma atração turística da região, visitado diariamente por dezenas de embarcações motorizadas, barcos à vela, barcos a remo, canoas de pescadores e marisqueiras, Jet-skis, pranchas de Wind surf, boias de câmaras de ar e outros apetrechos semelhantes.
Não vemos mais ninguém gozando das águas do Rio Joanes, salvo por ignorância, na sua foz, na Praia de Buraquinho, remediada periodicamente pela diluição natural dos esgotos na preamar!
Vários condomínios que eram valorizados pelas suas margens banhadas pela natureza exuberante daquele que representa 40% do abastecimento de água tratada da Região Metropolitana, amargam prejuízos agudos, abalando a economia regional, face à degradação da sua calha. E o Rio Joanes agoniza ao lado do prostrado Rio Ipitanga!
Os moradores ribeirinhos, ultrajados, repugnam e desprezam a existência dos afluentes do Rio Joanes. É que, por sua calha e lagoas, não escorrem mais águas limpas. Tão somente esgotos! Ninguém deseja morar ou contemplar esgotamentos fétidos. São dezenas de hotéis e restaurantes, são centenas de casas, locais de lazer e contemplação destruídos pela insensível forma de gerir a VAZÃO dos rios ! Verdade! Não correm mais os rios! Somente as águas servidas, e as drenagens pluviais!
Os seus afluentes, Rio Ipitanga , Rio Sapato, Rio Sucupió, dentre outros, apenas colaboram para manter úmida e poluída aquelas calhas sobre as quais desfilavam refrescantes e límpidas, águas balneáveis, permitindo a todos, além da pesca, contemplação e o turismo.
Perderam todos aqueles que pensaram que possuíam o direito de contemplar e gozar, para sempre, das frescas brisas que enrugavam os espelhos das suas límpidas águas puras.
Enganaram-se todos que pensavam que poderiam passear durante toda a vida, em suas águas limpas, pescar e comer da sua fauna, banhar e contemplar nas suas preguiçosas margens.
As suas águas, a montante das barragens, tanto as do Rio Ipitanga, quanto as do Rio Joanes, são muito úteis à sociedade. Elas abastecem parte das residências de todos os bairros de Salvador e Região Metropolitana. São estratégicas!
Depois de passarem pelas entranhas de algumas residências próximas as suas calhas, retornam em forma de efluentes domésticos, para seguir o seu caminho para o mar, buscando receber o tratamento químico e físico naturais, promovidos pelo Oceano Atlântico, já que a nossa sociedade descarta esgotos “in natura”.
Ocorre que, além das moradias da Grande Salvador, as águas da Bacia do Joanes também abastecem empresas e indústrias, notadamente as de Simões Filho e Camaçari. É verdade!! Bem acima dos descartes domésticos, são sugados, por minuto, milhões de metros cúbicos de água boa, para serem comercializados , em detrimento dos interesses públicos, privados e dos cidadãos que investiram nas praças, praias e margens desta mesma Bacia.
Sofre muito o “município-foz” de Lauro de Freitas! É que por possuir somente uma foz, todo o lazer e contemplação estão degradados, quando se trata de natureza e estrutura fluvial!
Sem colaborarem para a estrutura de novas captações para água tratada, sem colaborarem para o re-uso de água, sem promoverem qualquer tipo de ação educativa, de inclusão social, ou de respeito ambiental, estas empresas sugam a seiva que mantém viva a natureza, predando a economia regional, a felicidade das pessoas, a vida de animais e vegetais, retirando dos cidadãos ribeirinhos o direito à contemplação de uma bacia hidrográfica natural saudável.
Não praticamos a recuperação dos esgotos, o reuso da água servida, o tratamento mínimo para que possamos dar as águas uma vida mais longa, enquanto esta transita sobre o continente semiárido, e entre as manchas de Mata Atlântica. Somos um povo muito pacato!
Os emissários submarinos, por seus turnos, remetem esgotos sem tratamento, onerando o Oceano Atlântico, para que este se desdobre em esforços para tratar os resíduos enviados. Com exceção do emissário lançado no litoral norte, os demais existentes em Salvador, são degradadores da natureza marinha.
Mas a água retida pelas barragens construídas há dezenas de anos não deveria estar ausente das calhas dos rios Ipitanga e Joanes. Através de vazões mínimas diárias, garantiríamos a sobrevivência da vida fluvial, das garças e peixes, siris e ostras e da qualidade mínima das lagoas que se formam ao longo do seu caminho!
Estas nossas águas, que nos são de direito, totalmente retidas, impedidas de seguirem para o mar, de promover o nosso contato, contemplação e uso, estão sendo desviadas, sequestradas, para as empresas que delas gozam e lucram, irregularmente, em nosso prejuízo! A degradação dos entornos da Bacia do Joanes e a poluição intensa da sua calha é o que nos resta como patrimônio!
Existem obrigações esquecidas, bem como direitos que estão sendo ofendidos. Existem prejuízos causados por esta ação predatória, de estreita visão e de baixa percepção dos valores socioculturais e econômicos. Existem erros humanos a serem corrigidos e prejuízos a serem reparados! A vida maltratada na Bacia do Joanes necessita de reparação!
Desejamos uma VAZÃO ECOLÓGICA, uma mínima colaboração de vida, durante todos os 365 dias do ano, além de medidas de recuperação para a calha da Bacia do Joanes, suas margens, seus equipamentos de contemplação e uso.
Não nos bastam as vazões promovidas por questões de segurança das barragens, na época das chuvas e das cheias, inundando as casas e ruas dos nossos bairros ribeirinhos! Queremos nossos rios vivos todos os dias, verão a verão, serpenteando saudáveis, até assim encontrarem o mar!
Convocamos todos para debater sobre a recuperação das Bacias dos Rios que banhavam de alegria as saudáveis margens da nossa grande Salvador!
Quem sabe? Paulinho da Viola possa inspirar-se e compor um novo sucesso?!
Vamos compor um futuro melhor, alterando as nossas condutas!
*Caio Mário Vieira Marques, morador de Lauro de Freitas, Conselheiro da Rio Limpo, Secretário Executivo da APA Joanes Ipitanga, pescador, velejador, nadador, advogado.
Via e-mail 19/12/2012


Não há vagas

Carta Capital
Por Mayara Moraes, em Amsterdã

A Holanda é o lugar mais seguro do planeta para pedalar. O país tem praticamente uma bicicleta para cada um dos 16,7 milhões de habitantes, dos quais 10 milhões estão habilitados a dirigir uma frota de “apenas” 7 milhões de automóveis. Em cada duas pessoas que deixam suas casas em direção às escolas ou universidades, uma segue de bicicleta. Mais: um em cada quatro holandeses vai para o trabalho pedalando. São 29 mil quilômetros de ciclovias ou ciclofaixas, de acordo com a União Nacional dos Ciclistas. Como comparação, a cidade de São Paulo, com 11,2 milhões de habitantes, tem 182,6 quilômetros de faixas exclusivas, 0,62% da capacidade holandesa.
Pedágio? Na capital, Amsterdã, faltam 100 mil vagas para bicicletas.
Mas o domínio das bicicletas, iniciado em 1973 por causa da crise do petróleo, começa a dar sinais de esgotamento. Em muitas cidades, a quantidade de bicicletas supera o número de habitantes. Em Amsterdã, elas estão estacionadas em todos os cantos, e um exemplo da saturação é o fato de os dois megaestacionamentos construídos nas proximidades da estação central de trem – um com capacidade para abrigar 1,2 mil bikes e outro, de três andares flutuantes, com 2,5 mil vagas – já não darem mais conta da demanda. Até mesmo um barco na mesma região foi adaptado para socorrer os ciclistas. Ele abriga 400 bicicletas no seu interior e não tem mais espaço. Alguns estacionamentos, como o do mercado de ações Beurs van Berlage, com 1,1 mil vagas, são construídos debaixo da terra.
A falta de espaço leva muitos ciclistas a deixarem suas bicicletas em locais privados, mediante o pagamento de uma mensalidade. Outros colocam as bicicletas em espécies de caixotes disponibilizados pelo governo, que cobra uma taxa anual. Cada “caixa” abriga até cinco bicicletas.
Ainda assim, a competição é tão dura que os ciclistas, numa espécie de “jeitinho holandês”, muitas vezes optam por estacionar em lugares proibidos, o que levou as autoridades a recolherem 800 bicicletas de infratores nos três primeiros meses do ano.
Um projeto piloto em Uterecht prevê a cobrança em novos estacionamentos.
Segundo estudos locais, Amsterdã tem hoje um déficit de 100 mil vagas para bicicletas. Em tempos de crise econômica, a busca por espaço tem ficado cada vez mais cara. Só o projeto no subterrâneo da estação de trem da capital está avaliado em 700 mil euros. Para solucionar o impasse, o engenheiro Matthijs Griffioenm começou a estudar opções para o problema. Concluiu que a saída não estava nem sobre nem sob a terra, mas no ar.
Griffioenm desenhou um modelo de elevador que transporta as “magrelas” até o telhado das construções. O transporte seria
acionado por meio de um bilhete magnético. Um painel eletrônico avisaria a cada segundo o número de vagas disponíveis. O projeto prevê ainda a instalação de painéis solares para minimizar os custos de energia com os elevadores. A ideia é um tanto futurista, admite Griffioenm, mas viável: a tecnologia é a mesma usada nos estacionamentos embaixo da terra e o custo da construção sai por quase a metade, cerca de 4 mil euros por vaga.
O projeto do engenheiro Matthijs Griffioenm foi detalhado num gráfico do jornal HetParool.
Enquanto as soluções inovadoras não aparecem, os usuários continuam a se virar como podem, em terra ou no subterrâneo. E seguirão a pressionar as autoridades a encaminhar soluções.
É o caso de Utrecht, a 40 quilômetros da capital, onde ferrovias, pontos de ônibus e importantes edifícios têm sido readaptados para receber bicicletas. O objetivo, explica Anita Drix, responsável pelas reformas, é criar 22,2 mil novas vagas na região central, onde fica a estação de trem. O custo estimado das construções é de 52 milhões de euros.
O projeto piloto exigirá, segundo Drix, uma mudança de cultura.
“Ele garante economia de espaço e de tempo e facilidades à população.” Caso o plano obtenha sucesso, será também implementado em Roterdã e Haia, cidades que igualmente sofrem com a falta de espaço, além da capital.
Parte do custo da manutenção pelo serviço, avaliado em 6 milhões de euros anuais, será paga pelo governo, mas a outra parte deverá ser cobrada dos usuários. O valor exato ainda não foi definido, mas poderá ser de até 1,50 euro por dia.
Miriam van Bree, da União Nacional de Ciclistas, é contra a cobrança: “Temos de pensar soluções melhores”.
Apenas 30% dos estacionamentos na Holanda são pagos. Os primeiros surgiram há cerca de dez anos. A provável ampliação da cobrança provoca reações. A estudante de jornalismo Kim Holla, por exemplo, refaz as contas sobre as vantagens de se deslocar por meio de bicicletas. “Eu moro em Amsterdã, estudo em Ede e trabalho em Utrecht. Tenho uma bicicleta em cada estação. Pagar por isso sairia muito caro para mim.” Ela prevê que, se tiverem de pagar para estacionar, muitos usuários vão migrar para outras formas de transporte.
Miriam van Bree, da União Nacional de Ciclistas da Holanda, alerta: “Temos de pensar em soluções melhores. Por que não colocar as bicicletas umas em cima das outras? O número de bicicletas próximas das estações não para de crescer, é bom pensar onde elas serão colocadas, não dá para fechar os olhos para um problema que deve se intensificar”.
Apesar das dificuldades, a ativista diz que criar opções à bicicleta não é a melhor solução. O próprio histórico sobre rodas da Holanda ensina: desde que as primeiras ciclovias foram construídas, o número anual de mortes de crianças no trânsito caiu de 400, em 1971, para 14, em 2010. Não é por menos: além dos espaços adequados, os jovens têm desde cedo aulas teóricas e práticas de trânsito.
Para Bree, as bicicletas são, definitivamente, a solução para o intenso tráfego nas metrópoles: “As cidades estão crescendo cada vez mais e, se quisermos ter um sistema fluido, é preciso tirar os indivíduos dos carros”
Fonte - Carta Capital 06/09/12



DOCUMENTÁRIO - VELHO RECIFE NOVO


Documentário - Eu Existo


A destruição da Groelândia e da Antartida 1ªpt


Relocação de árvores 


Cidades sustentáveis – o que o poder local e uma formação adequada em urbanismo podem fazer?

Fernanda Magalhães
Cidades sustentáveis – o que o poder local e uma formação adequada em urbanismo podem fazer ?
Os sistemas de ordenamento territorial em grande medida definem aonde e quanta actividade deve ser implantada na cidade (4). Em muitas cidades as actividades se desenvolvem e localizam sem uma decisão estratégica a priori que considere o transporte , as distâncias e o consumo de energia e dos recursos naturais locais , resultando em muitos casos em padrões desequilibrados de uso e ocupação do solo. Essa decisão implica no desenvolvimento de uma gestão correcta do uso do solo urbano que suporte padrões de mobilidade urbana , associados a políticas adequadas de acessibilidades
e transportes , de modo a evitar os efeitos negativos do tráfego e da poluição sobre o ambiente urbano
Sustainable cities – what Can local Authorities and an adequate training in urbanism do?
Fernanda Magalhães
The systems of territorial planning in large part define where and how much activity should be established in a city (4). In many cities, the activities are developed and located without a previous strategic decision that takes into consideration the transportation, the distances, and the consumption of energy and local natural resources, which often results in unbalanced patterns of land usage and occupation. That decision involves the development of a correct management of the usage of urban land that supports patterns of urban mobility associated to adequate policies of accessibility and transport in order to avoid the negative effects of traffic and pollution in the urban environment.
Texto Completo: Veja aqui PDF - http://revistas.ulusofona.pt/index.php/malhaurbana/article/view/74/46
Fonte - Malha Urbana. Revistas Lusófona de Urbanismo


Hamburgo detém o título de capital verde da Europa

Pela primeira vez na história, há mais pessoas vivendo em zonas urbanas do que em áreas rurais. O programa "Capital Verde Europeia" visa assegurar que as cidades em ascensão lidem com os desafios ambientais. A competição saudável geralmente estimula o bom desempenho e dá ao vencedor fama, sucesso e honra. Foi exatamente nisso que os 16 representantes de países europeus pensaram ao criar, em maio de 2006, o prêmio "Capital Verde Europeia". A intenção era encorajar as cidades a alcançarem altos níveis de proteção ambiental e melhorar a qualidade do ambiente urbano.
A primeira vencedora foi Estocolmo, considerada capital verde da Europa até 2010. Em 2011, o título passou para a cidade de Hamburgo, no norte da Alemanha.
Já passou da hora de investir em desenvolvimento urbano verde, já que mais da metade da população mundial - cerca de 3,3 bilhões de pessoas - mora em zonas urbanas. Com isso, quase quatro quintos dos gases de estufa são emitidos pelas áreas urbanas. Prova de que as cidades devem unir compromisso e inovação para resolver seus problemas ambientais.
Hamburgo alcança os critérios de uma cidade verde
A Comissão Europeia elaborou dez critérios para pontuar os projetos que irão solucionar os desafios ambientais nas cidades, melhorar a qualidade de vida dos habitantes e reduzir a emissão de gás carbônico no mundo.
A cidade vencedora não deve somente cumprir altos padrões ambientais, mas também servir de modelo para inspirar outras cidades europeias. De acordo com o júri, Hamburgo venceu graças às "ambiciosas metas de proteção climática". A cidade portuária no norte da Alemanha planeja cortar suas emissões de carbono até 2020 em 40%, comparado ao nível de emissões em 1990. E em 80% até 2050.
Críticos dizem que Hamburgo ganhou o cobiçado título mais graças às metas ambiciosas do que às práticas atuais. O que é verdade apenas em parte. De fato, as ambiciosas metas climáticas de Hamburgo desempenharam papel importante para receber o título, mas a cidade já havia reduzido suas emissões de carbono per capita mais do que Freiburgo, cidade pioneira do movimento verde na Alemanha.
Os últimos números oficiais mostram que as emissões de carbono em Hamburgo chegaram a 8,84 t por ano por habitante. Em comparação, Freiburgo emitiu 9,28 t.
Hamburgo superou os outros competidores em várias categorias. O júri considerou que a qualidade da água em Hamburgo é melhor do que em Bristol, Oslo, Freiburgo e Munique. Nos quesitos gerenciamento de resíduos e qualidade do ar, Hamburgo também deixou os outros concorrentes para trás.
Controvérsias
Em outros quesitos, entretanto, foram apontadas algumas inconsistências. Amsterdã, a cidade das bicicletas, por exemplo, recebeu apenas um ponto a mais do que Hamburgo no quesito infraestrutura de tráfego pró-ciclismo.
O júri reconheceu que Amsterdã teve um "desempenho impressionante", já que mais pessoas andam de bicicleta do que de carro na cidade. Lá 90% das vias são seguras para ciclistas. e quem precisa realmente de um carro pode recorrer a uma das estações de compartilhamento de carros, a Car Sharing Station.
Nesse sentido, Hamburgo está ainda muito atrás. Mesmo a nova zona portuária de Hamburgo, a chamada HafenCity, que está sendo desenvolvida, há falhas nos aspectos ambientais. A nova região irá aumentar a área da cidade em 40%. Seria uma boa oportunidade para um planejamento sustentável. Mas em vez de favorecer as bicicletas, a cidade projeta o espaço pensando em carros - como se as mudanças climáticas não existissem.
A caminho de um futuro mais verde
A questão foi criticada pelo "Conselho do Futuro" de Hamburgo, organização composta por cidadãos engajados, empresas e associações. Segundo a porta-voz de imprensa, Delia Schindler, Hamburgo obteve o título Capital Verde da Europa com base no ativismo e no trabalhos das organizações não governamentais, não dos políticos.
O júri da Comissão Europeia elogiou o amplo engajamento ambiental em Hamburgo. A cidade obteve a pontuação máxima na categoria "disseminação de informação". Os jurados ficaram impressionados com o envolvimento dos jovens nas metas ambientais de Hamburgo e elogiaram as ativas organizações ambientalistas da cidade portuária, assim como seu "entusiasmo" em cooperar com outras organizações na União Europeia.
Fonte - Noticias.terra.com 07/08/2012


Mato Grosso do Sul assumiu “luta anti-indígena” como política de Estado

BA

Na madrugada de 18 de novembro, o Brasil voltou a registrar novos e vergonhosos fatos relativos ao secular genocídio de povos indígenas, desta vez capitaneados pelo agronegócio e pela inoperância do governo federal. O cacique kaiowá guarani Nísio Gomes foi a vítima, executado covardemente dentro do acampamento Tekoha Guayviri, um dos 30 que os guarani mantêm mobilizados em beiras de estradas e portas de fazenda, à espera do sonhado retorno às terras originárias.O mesmo processo de massacre ocorre com as tribos do Xingu que serão afetadas pela construção de Belo Monte, com quem a presidente Dilma se recusa a qualquer diálogo. Num contexto de radicalização da expansão capitalista no território brasileiro, com apoio e financiamento público, a causa indígena ganha contornos ainda mais dramáticos, uma vez que seus direitos são esmagados de forma escancarada.
Diante do quadro desesperador dos índios guarani, o Correio da Cidadania entrevistou o antropólogo Egon Heck, do Conselho IndigenistaMissionário no estado do Mato Grosso do Sul - local onde o racismo e a intolerância à diversidade se tornaram políticas de Estado, com aparelhamento do judiciário, cooptação da mídia, sempre a serviço do poder econômico, e uso simultâneo e mal disfarçado de forças de segurança públicas e privadas contra os indígenas.Além de denunciar o mencionado processo de genocídio deliberado dos povos indígenas, Egon cobra ações efetivas do governo federal, único ente capaz de fazer a lei chegar onde a pistola e o dinheiro ainda são os determinantes dos rumos da vida. Com um agronegócio ávido por terras e pelas riquezas do Aquífero Guarani (cada vez mais contaminado), ele afirma que estamos chegando a uma situação-limite, na qual, de um lado, os povos indígenas buscam o retorno imediato às terras originárias e, do outro, o agronegócio põe em prática ofensiva para dizimar tais povos, passando por cima de todas as leis e direitos humanos que conhecemos.A entrevista completa pode ser lida a seguir. - Correio da Cidadania: Como você poderia descrever a situação do povo guarani nos últimos meses no Mato Grosso do Sul, agora agravada com o assassinato do cacique Nísio e o desaparecimento de outros dois índios? Egon Heck: O que a gente percebe é, na verdade, uma prática articulada pelo poder econômico e político no Mato Grosso do Sul, baseada fundamentalmente na produção exportadora e na monocultura da soja, além da agroindústria da cana, que está se agravando em níveis extremamente perigosos e absurdos, pois há em curso uma possibilidade mais ou menos próxima de definição das terras indígenas. E o MS é o estado que menos demarcou terras indígenas, que conseguiu impedir por mais tempo esse cumprimento constitucional, haja vista que 90% delas ainda terão de ser homologadas. E as restantes ainda estão em processos de regularização, na maioria dos casos, paralisados por ações judiciais.Portanto, temos uma situação muito preocupante do ponto de vista da regularização das terras indígenas, um poder econômico e político muito articulado contra os direitos dos povos indígenas, com opções claras colocadas em prática em sua atuação contra os povos indígenas e os movimentos sociais.No caso concreto, existe uma avaliação dos setores anti-indígenas de que não se deve mais esperar pela justiça. Qualquer movimentação dos índios deve ser rechaçada imediatamente, através de paramilitares, milícias armadas, pistoleiros dos fazendeiros e todo o poder econômico. Isso por um lado. Como dizem, a justiça demora muito, porque, se se entra com ação de reintegração de posse, esta poderá ser questionada, depois terá de ser acatada ou não pela justiça, e, se acatada, pode ter a execução demorada... Diante disso, eles parecem colocar em prática a estratégia dos caminhos do poder bruto, da violência e da força, passando ao largo de qualquer legalidade.De outro lado, temos as comunidades indígenas que estão no limite mesmo de espera de promessas, enganações, prazos, que já foram inúmeros, mas nunca cumpridos em favor das comunidades indígenas. Recentemente, foi assinado um TAC (Termo de Ajustamento de Conduta), uma tentativa extrema de obrigar o governo brasileiro a cumprir sua obrigação de demarcar as terras. Mas já era pra terem publicado os relatórios antropológicos das terras e ainda não o fizeram.Assim, os índios se perguntam: “vamos aguardar o que, até quando, de que forma?”. Praticamente, como última alternativa, viabilizada pelos mais de 30 acampamentos indígenas no estado, resta a pressão sobre o governo federal pra demarcar as terras indígenas. E a única forma de pressão que tem surtido algum efeito em favor dos índios é o retorno às terras. E aí vemos armados os conflitos, em proporções que exigem uma atitude, pois poderão ceifar inúmeras vidas. De um lado, está o fim da paciência; de outro, está a firme decisão de impedir os índios de retornar às suas terras. - Correio da Cidadania: O que esta situação revela das políticas de governo, do poder judiciário, da sociedade e da mídia do estado do Mato Grosso do Sul e sua relação com os povos originários?Egon Heck: Lamentavelmente, vivemos uma situação que vem historicamente se aprofundando, de negação de direitos ao diferente, à alteridade, principalmente aqui no MS, e isso vem se tornando evidente, vem sendo reforçado pelos meios de comunicação regionais.Para se ter idéia, desde 2008, quando se assinou o TAC, vimos uma enorme campanha anti-indígena durante os anos que passaram, veiculada e financiada até pelo governo do estado. Repassava recursos aos municípios para ter assessorias jurídicas contra a demarcação de terras. Fez grandes campanhas de imprensa, em outdoors, veiculando intencionalmente mentiras muito óbvias, do tipo que o “estado seria inviabilizado se as terras fossem demarcadas”, “os povos estariam reivindicando 12 milhões de hectares das terras mais férteis do estado” (no cone sul do MS), “estariam inviabilizando 26 municípios”, “ocupando municípios”. Um conhecido nosso dessas cidades disse expressamente que comprou armas para se defender porque o sindicato rural havia avisado de que os índios iam invadir tudo...Por aí vemos o absurdo de tantas informações e mentiras no sentido de criar grande animosidade contra os índios, com vistas a impedir de ser efetivado seu direito sagrado a terra.Essa realidade se acentuou muito nos últimos anos, creio que seja hoje uma das que mais geram violência aos povos indígenas, em função do não cumprimento da determinação constitucional, chegando a esse quadro lamentável de violências, mortes, ameaças, fome, desintegração social, tudo aquilo que se pode imaginar como conseqüência da negação de direitos básicos de sobrevivência de um povo ou comunidade. Um processo de negação da vida, genocida, como dizem claramente os estudiosos do tema. - Correio da Cidadania: E a polícia, pode ser acusada de atuar em perversa parceria com os latifundiários e os donos do poder econômico?Egon Heck: As mais recentes demonstrações de violência têm mostrado características típicas de ações muito bem articuladas em nível estadual. Por exemplo: a repressão com balas de borracha.Esta é uma prática comum nos meios urbanos, agora utilizada por milícias, organizadas no interior pra reprimir índios. Outra estratégia é dificultar ao máximo a identificação dos agressores, conseqüentemente garantindo sua impunidade. E há ainda a ocultação de cadáver, coisa que aconteceu três vezes desde 2009, com corpos deixados tanto do lado brasileiro quanto do lado paraguaio da fronteira.Existem indícios de que os fazendeiros têm atuado com essas forças particulares, nas quais evidentemente existem presença e atuação de policiais aposentados etc. - Correio da Cidadania: E quanto ao governo federal, como avalia a sua postura, atualmente, diante deste episódio, após anos de lutas pela demarcação de terras já homologadas e inúmeras mortes de indígenas, sempre seguidas de impunidade? Egon Heck: Eu tenho impressão de que o governo federal infelizmente só dá respostas com o mínimo de retorno nesses momentos extremos, em situações de grande violência e morte. Mas a questão indígena é responsabilidade total do governo federal, no sentido de garantir a vida e o acesso aos recursos e patrimônios da natureza.Infelizmente, não se tem avançado no sentido, diversas vezes sugerido, de contar, ao menos num primeiro momento, com a ajuda da polícia e da Força Nacional de Segurança, equipes com preparação específica para atuar com grupos étnicos diferentes, de culturas diversas.Infelizmente, a própria atuação da PF, em vários casos, tem deixado a desejar, talvez até pela falta de um preparo específico para atuar em tais áreas. E, por outro lado, notamos que, quanto mais próxima a PF está das áreas e regiões de conflito, mais suscetível ela fica a pressões do poder econômico e político regional. Portanto, as ações acabam não tendo a esperada imparcialidade, que seria o mais justo para se chegar a punições e prevenção a violências – ou seja, a atuação que deveria haver para oferecer segurança às comunidades indígenas. - Correio da Cidadania: Fica evidente que a PF está a serviço do poder econômico do latifúndio no estado. Egon Heck: Na semana passada, saiu na mídia regional uma notícia da ação do Ministério Público Federal com relação ao assassinato dos senhores Rolindo Vera e Genivaldo Vera, informando que o inquérito da PF recomendava arquivamento, “por falta de provas objetivas” contra os implicados no assassinato. Claro que causou grande estranheza ao Ministério Público, pois existem muitas provas e indícios de vários nomes de participantes do crime.O procurador Tiago da Luz, em entrevista, disse que viu “vários depoimentos dos índios, únicas testemunhas oculares, inclusive identificando nomes. Por que tais depoimentos não foram levados em conta pela Polícia Federal? Por acaso a palavra dos índios não vale nada?”.Infelizmente, são esses os atores que têm ditado as regras. Precisamos de uma instância diferente, diversa, para tratar da segurança nas comunidades indígenas, com preparação prévia para se lidar com a cultura indígena, especificamente na agroecologia. Além de uma isenção maior em relação à realidade política e econômica local, porque, queira ou não, isso interfere concretamente contra os direitos indígenas. - Correio da Cidadania: E a FUNAI? Tem estado a serviço dos interesses e direitos indígenas ou vem sendo também varrida por essas mesmas pressões? Egon Heck: A FUNAI é um pouco isso. Sofreu forte e recente sucateamento, está em processo de tentativa de recuperação, com atuação em favor dos povos indígenas através de contratações e concursos públicos, além de alguns funcionários mais comprometidos com a realidade dos povos indígenas.Por outro lado, no entanto, sempre vemos a atuação ambígua e contraditória que no fundo marca a FUNAI. Às vezes tem gente, mas não tem recursos para colocar, de fato, 500 pessoas a serviço dos povos indígenas; às vezes tem que defender direitos constitucionais indígenas, mas não pode ofender os “direitos” econômicos e políticos hegemônicos. Quer dizer, tem de fazer de conta que defende o índio, pois não pode afetar o grande capital.É dentro desse clima de contradições que a FUNAI tem tido na região atuações mais expressivas em favor dos índios, atitudes até corajosas de alguns funcionários - o que até tem feito com que, diante dos povos indígenas, a FUNAI regional tenha recuperado sua credibilidade. - Correio da Cidadania: Como avaliar, ademais, esta evolução dos acontecimentos, tendo em vista a tão comemorada demarcação contínua de Raposa Serra do Sol? Esta demarcação colaborou, de algum modo, no que toca um maior reconhecimento e respeito aos direitos dos índios brasileiros? As 19 condicionantes impostas pelo STF têm resultado em reveses? Egon Heck: De fato, e é incontestável, a demarcação contínua das terras de Raposa Serra do Sol tem sido uma vitória para os wapichana, macuxi, ingarikó, patamona e taurepang. Porém, o preço para os povos indígenas, especialmente no MS, tem sido muito alto, ou seja, onde existe poder econômico e político, faz-se uma leitura das condicionantes que inviabiliza qualquer outra demarcação de Terra Indígena. A questão da temporalidade é uma delas. Só teria direito às terras tradicionais os índios que em 1988 estivessem nas terras. Acontece que, evidentemente, o processo de expulsão violenta, seja pela ocupação econômica da região, seja pelos próprios órgãos oficiais da época, como o SPI e a FUNAI, que antes se prestavam a tirá-los da terra e colocá-los em áreas de confinamento, é simplesmente desconsiderado.Em todos os momentos, dizem que os índios não estavam lá em 1988 e, portanto, não têm direito às suas terras tradicionais. O que é um absurdo, pois, dentro da própria leitura das condicionantes no Supremo, fica claro que os índios deveriam estar nas terras até em 1988, tendo também direito a elas em caso de expulsão anterior. Essa tem sido uma das teclas em que se tem batido. A outra condicionante usada é a da não ampliação das terras indígenas. Usam também a afirmação, falsa, de que as demarcações não são válidas para antigos aldeamentos, quando na verdade esse processo guarani só teve um aldeamento, no século 18, por parte dos jesuítas...Enfim, procuram-se todos os meios de distorcer as próprias leis em favor do poder econômico e político regional. - Correio da Cidadania: Pode-se dizer que essa demarcação representou o início da imposição de retrocessos? Egon Heck: Ela dificultou, digamos. Ou deu munição aos interesses contrários para tentar fazer aquilo que já vinham fazendo, mas munidos de argumentos jurídicos. Com isso, tentam barrar todo e qualquer processo de identificação e demarcação de terras.Temos quase 20 processos de demarcação em andamento, quase todos parados por ações judiciais. Outros, em processo praticamente conclusivo, como no caso da terra dos nhanderu marangatu, homologada pelo presidente Lula, mas cassada liminarmente pelo ministro Nelson Jobim, em 2005. Dizia-se que logo no retorno das atividades do Supremo essa ação seria julgada. Passaram seis anos e a ação não foi julgada. E temos vários outros exemplos.Podemos ver claramente que existe uma justiça ágil quando se trata de interesses contrários aos indígenas, e uma justiça extremamente morosa quando se trata de garantir os direitos indígenas. - Correio da Cidadania: O que você teria a responder aos argumentos que vêem nas demarcações de terras indígenas, especialmente se feitas de forma contínua, uma ameaça de internacionalização de nosso território, a partir de uma suposta susceptibilidade dos povos indígenas à ingerência externa? Egon Heck: Responderia que teríamos que nacionalizar nosso país outra vez, já que ele foi entregue ao capital multinacional, às grandes corporações, que fazem o que querem.Com os indígenas, as terras ficam ainda mais protegidas, pois, sendo terras da União, podem contar com dupla defesa. Além do mais, poderíamos conservar condições mais dignas de sobrevivência, onde ainda não se destruiu totalmente o meio ambiente e os recursos naturais, garantindo ao país as reservas necessárias ao equilíbrio ambiental.Aqui no MS temos terras totalmente devastadas em relação à mata originária. Alguns municípios têm menos de 10% da mata original. Alguns deles, apesar de toda a pressão e confinamento sobre as terras indígenas, têm um pouco mais de árvores, com maior diversidade de vida preservada.Creio que os povos indígenas, junto com os movimentos sociais e populares, têm muito a contribuir com um projeto realmente nacional, no lugar de um projeto de multinacionais. Um projeto que, principalmente, tenha como prioridade a vida, não um desenvolvimento desigual que beneficia somente pequenos grupos. - Correio da Cidadania: Qual a capacidade dos guarani de continuar resistindo, em meio a cerco tão violento dos pistoleiros e paramilitares, e quais as expectativas indígenas após essa nova onda de crimes contra suas lideranças, com grande repercussão internacional? Tempos mais sombrios continuam se anunciando? Egon Heck: Entendemos que os guarani só atravessaram esses mais de 500 anos de turbulências, agressões, extermínios, doenças e tudo mais porque têm uma raiz de sabedoria milenar muito forte, sustentada principalmente em sua forte relação com o sobrenatural, com a espiritualidade, e ao mesmo tempo com a terra, sua mãe, espaço de vida e cura. E isso também lhes permitiu desenvolver uma estratégia de sobrevivência em meio a toda a adversidade. Apesar dessa violência toda, vemos um protagonismo dos guarani, no sentido de se mobilizar contra a violência, muito grande.Também vemos uma grande mobilização, nacional e internacional, oferecendo recursos e solidariedade, o que é um dos fatores que podem contribuir muito, já que a solidariedade internacional tem um peso muito grande hoje em dia em relação aos direitos humanos e de minorias.Tanto os movimentos de resistência quanto de solidariedade dão sinais muito fortes de que vão atravessar, não sem sofrimento, dor e sangue, esse difícil momento de recuperação da terra. - Correio da Cidadania: Que tipo de impacto poderá ter a aprovação do Código Florestal em discussão em Brasília sobre a situação dos povos indígenas, a seu ver? Os conflitos de interesses entre os povos indígenas e o capital poderão, por exemplo, acirrar-se, vulnerabilizando ainda mais as riquezas do Aquífero Guarani? Egon Heck: Creio que sim, que a aprovação dessa proposta de Código Florestal tende a acentuar os conflitos com os guarani pela questão da água e da agricultura, sem dúvida. O que mais causa devastação, além de toda a carga pesada dos agrotóxicos, é a instalação maciça de indústria da cana, através de vários projetos de usina, o que terá conseqüências muito fortes aos guarani. Em algumas usinas, como a de Rio Brilhante, já se usam as águas do aquífero pra lavar a cana. Com isso, fragilizam a proteção da vida dos guarani que utilizem água dos rios, poluindo essa água, inviabilizando seu uso por parte dos guarani, afetando matas virgens... A indústria da cana é altamente rentável aos empresários e, infelizmente, utiliza a mão-de-obra indígena, que, por sua vez, tem sido cada vez mais dispensada com o processo de mecanização de tais usinas na região. Isso cria um novo problema social, pois grandes contingentes de indígenas que trabalhavam no corte da cana são dispensados e condenados à miséria.O que colocamos como perspectivas, que os guarani esperam do governo, da sociedade, do mundo, não é apenas o reconhecimento formal do direito à vida e das legislações, inclusive a constituição, mas ações efetivas de construção de projetos que respeitem a diversidade de vida, de produção, de sociabilidade. E, principalmente, quanto àqueles que tanto mal fizeram à mãe terra, que tanta destruição causaram, que o governo federal assuma com determinação e clareza seu papel. Que não fique só na demarcação de terras, mas possibilite de fato a recuperação de sua economia, subsistência, seus meios de vida, promovendo uma recuperação básica do meio ambiente, rios e matas, que de alguma forma terão de ser recompostos. Que ajude a se começar uma virada histórica nessa situação de violência e miséria a que os índios foram submetidos, com convivência, paz e respeito na diversidade. É isso que esperamos. Os guarani e todo mundo. É um momento crucial, de encruzilhada, de busca de caminhos e alternativas. 
Gabriel Brito é jornalista; Valéria Nader, economista e jornalista, é editora do Correio da Cidadania. 
Fonte - Blog Amazônia - 02/12/2011  

Nenhum comentário:

Postar um comentário

Obrigado pela sua visita, ajude-nos na divulgação desse Blog
Cidadania não é só um estado de direito é também um estado de espírito