Os críticos do VLT desaprovam a linha aérea que supre a energia aos veículos, por questões urbanísticas, a ponto de se exigir do VLT que o veículo possa, em certas cidades (Rio de Janeiro e Brasília, por exemplo) circular sem linha de contato, com alimentação pelo solo e baterias, encarecendo o sistema.
Em termos de acessibilidade, o VLT certamente leva vantagem, principalmente se o veículo for de piso baixo, com acesso ao nível da rua, o que facilita o embarque e desembarque dos usuários, em especial das pessoas com locomoção reduzida.
Em termos de segurança, os defensores do VLT argumentam que, em caso de acidente, o socorro para os usuários chega facilmente pela rua, sem maiores problemas. No monotrilho, o socorro é mais complexo. Se o veículo estiver parado na via, sem energia, a evacuação dos usuários só pode ser feita através de um veículo que pare na via paralela (se esta estiver com energia), senão os usuários devem caminhar pela canaleta de emergência suspensa ou descer do veículo com escadas de bombeiros. Em caso de incêndio, a situação se torna mais grave. Os defensores do monotrilho argumentam que o monotrilho é projetado para não sofrer descarrilamento ou choques entre composições, como poderia ocorrer com o VLT, e que os sistemas em operação não têm registros de acidentes graves. Todos os equipamentos e componentes do monotrilho são antichamas, reduzindo substancialmente os riscos.
Na questão de flexibilidade e implantação por etapas, o VLT permite construir estações intermediárias numa linha em operação, o que no monotrilho é mais difícil, dada a infraestrutura mais complexa.
Quanto ao prazo de implantação, por possibilitar uma via em elevado, pré-moldada, o monotrilho pode levar vantagem se a tecnologia adotada for aquela já produzida e implantada sem adaptações não testadas. A integração com outros modos é mais difícil no monotrilho, por ser em elevado, enquanto os outros sistemas circulam ou no nível da rua (ônibus) ou em subterrâneo (metrô).
Em termos de custos, tanto operacionais quanto de renovação e implantação, o VLT leva vantagem por ter uma tecnologia absolutamente difundida e dominada pelo setor metroferroviário.
CONCLUSÃO
A escolha tecnológica de um VLT ou de um Monotrilho requer, como se viu acima, um estudo profundo e uma análise criteriosa, porque cada cidade tem suas particularidades, cada corredor sua especificidade e só um estudo detalhado de alternativas pode determinar a melhor opção.
VLT e Monotrilho são modos diferentes, como se viu acima. Uma vez feita a escolha, querer substituir o monotrilho por VLT ou vice-versa, com o único argumento de que as duas tecnologias são “iguais”, como se afirma no caso da licitação do VLT da Bahia, me parece uma posição um pouco temerária, e precisaria ser melhor avaliada. A questão da escolha entre um sistema de VLT ou Monotrilho, por serem modos totalmente diferentes, não pode ser considerada com paixão nem pré-julgamentos.
É preciso ressaltar que, por ter o transporte um forte peso político e social, a opção entre os modos possui alguns aspectos políticos e econômicos que não se pode desprezar. Seria ingenuidade desconsiderar a força exercida pelos agentes financiadores que podem preferir, por questão de procedência, uma ou outra tecnologia.
Não menos desprezível é também a pressão legítima dos fornecedores de equipamentos. Querer ser purista na preferência de um modo de transporte, na base tão somente de argumentos técnico-econômicos, é estar divorciado da realidade do mundo atual globalizado.
O importante é que o cidadão, que irá conviver e utilizar o sistema para seu deslocamento, conheça e discuta o modo escolhido, aceite-o e adote-o desde o início de sua implantação, a exemplo do que aconteceu com o Metrô de São Paulo. Conquistar a população para um novo sistema de transporte é a chave para que a tecnologia escolhida tenha o sucesso esperado.
Fonte - Abifer 07/01/2018